Sem Terras apreendem ônibus escolares em Seringueiras
(Josias Brito) Em protesto pela falta de abertura de novas estradas no acampamento Paulo Freire II, os integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), apreenderam dois veículos de transporte escolar da Prefeitura do município de Seringueiras. A ação aconteceu na manhã de ontem (30), por volta das 11 horas. A assessoria jurídica do município já abriu uma ação na Justiça solicitando liberação imediata dos dois veículos.
O Acampamento Paulo Freire II é localizado a seis quilometro na zona rural do município de Seringueiras. A área é constituída por um grupo de trabalhadores e trabalhadoras rurais, mulheres, crianças e idosos que, desde o final do ano de 2007, formam este acampamento chamado ?Paulo Freire?. Desde a invasão, os sem terras vem exigindo da administração municipal, melhorias no acampamento, obras que só poderão serem realizada pelo INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
O prefeito de Seringueiras, Celso Luiz Garta (PSDB), disse que há anos que os sem terra vem exigindo da administração municipal, aberturas de novas estradas no acampamento, mas a prefeitura não é responsável em realizar estas obras devido ser área de invasão. ?Na medida do possível, sempre procuramos atender a população do acampamento, não somente na área de saúde e educação, mas também em outras áreas. Sabemos de nosso compromisso com a comunidade e não podemos realizar uma obra que é de responsabilidade do INCRA e não cabe a nós realizar tal obra?, enfatizou.
TRANSTORNO - O motorista da Semec (Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Seringueiras), Ronaldo Adriano Miranda, informou que estava indo buscar os alunos da Linha 02 de Maio com o veículo micro-ônibus, quando foi abordado por um grupo de pessoas do MST, que estão acampados na fazenda ?Riacho Doce? e que um dos líderes do grupo disse que iria reter o veículo e um ônibus escolar da empresa MR Transportes que presta serviço para prefeitura. ?Tentei negociar com o grupo a liberação dos veículos, alertando que estava indo buscar alunos e a ação iria prejudicá-los. Mesmo com minha alegação, o grupo se recusou a liberar os ônibus e me levou, juntamente com o outro motorista até a Semec, onde fui liberado?, enfatizou.
Segundo o prefeito Celso Luiz, a ação já está acusando transtorno e prejuízos para os alunos da zona rural que dependem dos ônibus para irem a escola. ?O micro-ônibus e o ônibus transportam alunos de várias linhas do município e a apreensão deles pelos sem terras só vai trazer problemas para estas crianças?, informou o prefeito que disse esta indignado com a ação.
Celso Luiz garante que a suspeita de que a ação tem a participação de pessoa que tem cargo eletivo no município (eleito pelo povo). ?Esta pessoa, com ligação direta na administração de Seringueiras, está envolvida diretamente na apreensão destes veículos?, concluiu o prefeito.
AÇÃO JUDICIAL ? Na tarde de ontem (30), a guarnição composta pelo sargento Laurinei e soldados Rigolon e Arçari, estiveram no acampamento e tentaram negociar com o grupo a liberação dos veículos, sem obter êxito. Os policiais, procuraram a Delegacia de Polícia Civil de São Miguel do Guaporé, onde relataram os fatos.
A Prefeitura de Seringueiras, por meio do departamento jurídico, entrou com uma ação judicial ontem, solicitando a liberação imediata dos ônibus. A liminar, ordenando a entrega dos veículos pelos sem terras, deverá sair a qualquer momento.
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