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No paÃs dos amigos do Rei
[CENTRO][B]No paÃs dos amigos do Rei[/B] * PetrÃ´nio Souza Em PasÃ¡garda, todos eram amigos do Rei. Escolhiam a cama, as mulheres, e eram, dentro de sua moral, felizes. Em PasÃ¡rgada, a vida era de tal maneira inconseqÃ¼ente, que o ExÃ©rcito, parte das ForÃ§as Armadas, reformava as casas e prendiam cidadÃ£os para serem entregues a bandidos. Administrar o Brasil estÃ¡ mais prÃ³ximo da aventura de um governo que da realizaÃ§Ã£o de uma gestÃ£o. Talvez a maior bandeira do Brasil hoje seja essa, a PasÃ¡rgada de Manoel, um paÃs que existe para beneficiar os amigos do Rei. O senador Crivela sabe bem como funciona essa irmandade. Desde o Fome Zero que a nossa polÃtica nacional Ã© isso, uma maquiagem em nossa tÃ©trica realidade, uma caiaÃ§Ã£o barata na tapera em que mora mais de 54 milhÃµes de brasileiro, um Ã³leo de peroba para os rostos radiantes de nossos polÃticos. Tudo feito para o brasileiro ver e acreditar que o Brasil estÃ¡ mudando, que o paÃs estÃ¡ progredindo, quando, na verdade, assistimos a derrocada diÃ¡ria de nossas instituiÃ§Ãµes, levando a NaÃ§Ã£o para esse abismo moral que estÃ¡ aqui. Por que se rouba tanto no Brasil? Porque os programas instituÃdos sÃ£o apenas para isso, para fazer politicagem, para beneficiar alguns dentro da maldade de um sistema vicioso que nÃ£o quer pensar em um paÃs como um todo. Tudo Ã© apenas de fachada. Por isso que se criam tantas empresas nessa toada e peixes pequenos se tornam surubins. Ã preciso a pobreza e a falta de informaÃ§Ã£o para continuarmos sendo levados pelas iniqÃ¼idades dos loroteiros, daqueles que sabem pouco administrar e muito enganar. Ã isso que financia a falta de um projeto nacional, um programa de naÃ§Ã£o, a polÃtica de estado. SÃ£o com esses PACs que os rufiÃµes de sonhos podem subir as favelas e se dizerem enviados do Rei. No interior do Brasil eles vÃ£o e falam do Fome Zero, dos TerritÃ³rios da Cidadania, e o resultado final disso Ã© a velha casa pintada, nunca reformada. SÃ£o com esses espelhinhos institucionais que os portugueses de agora escravizam e docilizam os novos-Ãndios brasileiros, esses que vivem pior que os de 500 anos atrÃ¡s e sÃ£o obrigados a votar. Enquanto houver o Bolsa FamÃlia - o uso desmedido do OrÃ§amento como verba assistencial - haverÃ¡ o Cimento Social. A dependÃªncia das famÃlias para com a bolsa-esmola converge a realidade social da naÃ§Ã£o para isso, para o lustre na triste e feia realidade a que estÃ£o submetidos e subjugados os brasileiros. Enquanto isso, o JoÃ£o de Barro, nobre morador das florestas, vai, dia-a-dia, construindo a sua casinha com o barro que ele busca na biquinha. Mas ali, na liberdade do ar, ele traz no bico a sua dignidade, a sua realidade, a sua independÃªncia, em ser uma criatura que vive humildemente; dentro dos desÃgnios de Deus. * PetrÃ´nio Souza GonÃ§alves Ã© jornalista e escritor http://petroniosouzagoncalves.blogspot.com [/CENTRO] ...