SOLIDARIEDADE: este é o verdadeiro espírito de Natal
[I][B]Descubra as dificuldades, as dores e a dedicação de quem sonha por um Natal melhor. [/B][/I]
O verdadeiro Papai Noel
(Josias Brito) Nada mais natural do que crianças escreverem cartinhas para o Papai Noel. Mas como ele não tem um endereço exato, com nome da rua, número e CEP, centenas de cartas endereçadas ao bom velhinho são encaminhadas para os Correios, onde várias pessoas puderam "adotar" e realizar o sonho de Natal de uma criança. Se o bom velhinho foi capaz de movimentar a economia e de inspirar a solidariedade nos adultos, foi capaz também de motivar o jovem Cláudio Bigliat da Costa, 42 anos, na encorporação do projeto Papai Noel dos Correios em Ji-Paraná, mantendo assim o encantamento da data, das cartinhas e da magia do Natal.
A história real de luta e superação de um jovem que vivia no interior de São Paulo e, juntamente com sua mãe e seus cinco irmãos, passaram por momentos difíceis no estado paulista e não se corromperam com a malandragem, hoje, se tornou o ?Papai Noel dos Correios? no município. Cláudio Bigliat, há mais de 18 anos tem se vestido de papai noel, tanto na empresa em que trabalhou há alguns anos como nos correios, garantido a alegria de crianças e adultos da cidade.
?Me lembro bem os momentos difíceis que passamos no Estado de São Paulo, sem ter nem o que comer e nem vestir, tendo que lidar com aquilo de ruim que o mundo oferece, a bandidagem e o tráfico. Vencemos tudo isso graças a determinação de minha mãe, que nos trouxe para Rondônia e hoje todos constituímos famílias e somos pessoas do bem?, enfatizou emocionado.
Cláudio Bigliat disse que chegou em Ji-Paraná em 1987, e viveu um ano muito difícil, sem trabalho, comendo por meio de doações de cestas básicas de várias pessoas. ?Este ato de solidariedade ajudou muito a minha família e, agora estou retribuindo a ação com as crianças e outras famílias carentes que também necessitam desta solidariedade. Para as pessoas que nos ajudou, meu muito obrigado e um dia irei retribuir lhes agradecendo pessoalmente. Visto a roupa do papai noel e saio as ruas com muito orgulho e alegria. Faço este trabalho de coração, pois amo as pessoas, em especial as crianças?, ressalta entusiasmado.
MUDANÇA DE VIDA - Segundo o Papai Noel dos Correios de Ji-Paraná, sua vida mudou quando ele tinha 19 anos e trabalhava em uma rede de postos de combustíveis do município. Comecei a participar das festas somente com os funcionários da empresa e vi a necessidade de abranger o trabalho para as pessoas carentes. Após as confraternizações particulares, eu saia para as ruas e fazia meu trabalho de solidariedade. Tinha sempre ajuda de amigos, mas às vezes tirava dinheiro do próprio bolso para comprar os presentes e doar as pessoas carentes?, garante.
O carteiro lembra ainda que há 13 anos entrou para os correios e ficou sabendo dos projetos solidários da empresa, aderindo de corpo e alma. ?Hoje, temos apoio de empresas, amigos e familiares, neste grandioso projeto que, todos os anos, atende centenas de cartinhas de crianças e famílias carentes que, no natal não tem nem o que comer?, concluiu.
Ji-Paraná bate recorde de doação de presentes
(Josias Brito) O projeto Papai Noel dos Correios recebeu mais de 400 presentes em Ji-Paraná, o maior índice de brinquedos e cestas básicas já recebidas na cidade. No ano passado, que também teve um número considerável, os presentes não chegaram a 300 e muitas crianças não tiveram seus pedidos respondidos.
Até a manhã da última quarta-feira (22) haviam sido adotadas 410 cartas, das 500 enviadas aos correios neste ano, registro recorde de adoção. ?É uma pena que nem todas as cartas são adotadas. Muitas crianças fazem pedidos de valor alto, como algum modelo de vídeo game caro, computador?, disse Cláudio Bigliat. Segundo ele, a maioria dos presentes já estão sendo entregues desde ontem (23) e hoje (24), serão entregues os restantes das doações.
Cláudio destacou ainda que a equipe dos correios ainda arrecadou, junto a empresas parceiras, vários outros brinquedos, que também estão sendo doados as crianças carentes. ?Fico muito triste ao ir entregar um brinquedo a uma criança, que escreveu uma carta para o Papai Noel dos Correios ver várias outras correndo até nós e não receberem presentes. Pensando nestas crianças é que temos arrecadado brinquedos, para que elas também possam receber seus presentes de natal?, comentou
Com sua casa montada na sede dos Correios, na rua Alfredo Santos, Bairro Urupá, o Papai Noel recebeu cartas e doações. Entre as histórias mais marcantes, o Papai Noel dos Correios recorda-se da carta enviada por uma menina que só pedia a presença do Papai Noel em sua casa. "Sonho é sonho. Eu faço parte de uma fantasia inexplicável. Eles transferem sua fé para o Papai Noel. Vale a pena sonhar e acreditar em dias melhores", finalizou.
Sonhos enviados ao Papai Noel
(Josias Brito) Trazer o Papai Noel para perto de uma criança não é tão difícil como imaginamos. A alegria de receber um presente do "bom velhinho" pode brotar no sorriso de uma criança que tiver seu desejo atendido através de um gesto de solidariedade. Há 13 anos, o projeto Papai Noel dos Correios faz a felicidade de milhares de crianças e adolescentes carentes em todo o Brasil que veem através da carta enviada, a oportunidade de receber um brinquedo ou algo que mesmo sendo essencial, não faz parte do dia a dia de muitos, como uma cesta básica, por exemplo. Mas o Papai Noel em questão não aparece na forma de um senhor sorridente, gordinho e de barba branca, mas através dos mensageiros, que são cada uma das pessoas que decidiram que não custa muito fazer a alegria de quem precisa de tão pouco, mas que consegue ser muito feliz, apesar das dificuldades encontradas no dia a dia.
Na casa simples da avó Maria de Lurdes Oliveira, 59 anos, no bairro Bela Vista, o chão de cimento batido já está cheio de buracos, e as paredes de madeira desgastadas pelo tempo. Mas a maior preocupação da família vai muito mais além do que as necessidades físicas de um lar, e chega até a comida colocada na mesa que tem que ser dividida por quatro pessoas que juntas sobrevivem somente com doações de amigos e vizinhos. Muitas famílias ji-paranaenses não sabem o que é ter vontade de comer uma comida simples, e não ter em sua mesa. Apesar de viver em uma situação crítica, a família de Maria de Lurdes consegue permanecer unida e os três adolescentes, um de 14 anos, uma de 15 e outro especial que tem 17 anos, conseguem ir à escola. Todos os anos, a avó, que tem câncer no colo do útero, envia uma carta ao Papai Noel dos Correios, na intenção de ganhar os materiais escolares indispensáveis para os estudos, cestas básicas ou até mesmo presentes para seus netos.
Doente há alguns anos, sem parentes, devido a genética da doença ter consumido toda a sua família, Maria de Lurdes, uma pessoa simpática, atenciosa e muito hospitaleira, perdeu sua filha há mais de sete anos, que morreu vitima do câncer, deixando para trás três filhos, que ela cria com muito orgulho e carinho. Sem condições de trabalhar, devido a doença, a família vive através de doações e um auxílio-doença que ela passou a receber do Governo Federal há alguns meses. ?Tudo que disponho hoje aqui foram doados por alguma pessoa que se sensibilizaram ao ver a nossa situação?, falou emocionada.
SONHOS - Um dos maiores sonhos da avó é ter a sua casinha, com três cômodos somente, reformada. ?Sei que a situação não está muito fácil para ninguém e por isso, neste ano, escrevi ao Papai Noel dos Correios pedindo uma coisa inusitada. Um violão para que eu apreendesse a tocar e pudesse cantar hinos de louvores a Deus juntamente com meus netos?, disse Maria de Lurdes.
A direção do Jornal Correio Popular, sensibilizada com a carta de Maria de Lurdes, doou o violão que tanto a avó queria que será entregue hoje (24), pelo Papai Noel dos correios, juntamente com outros presentes adquiridos pela empresa para os três adolescentes. A equipe de reportagem esteve na casa da família e presenciou que são pessoas humildes e muito carentes de ajuda. Empresas ou pessoas que quiserem ajudar esta família, poderão doar camas, colchões, roupas e em especial, comida. Para mais informações, o telefone de contato do Jornal Correio Popular é o 3421-6853.
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