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MUITAS RAZÕES PARA AMAR
[CENTRO][CENTRO][CENTRO][CENTRO][CENTRO][CENTRO][CENTRO][CENTRO][CENTRO][CENTRO][CENTRO][CENTRO][B]MUITAS RAZÕES PARA AMAR[/B] * Luiz Eduardo Cheida Você sabe que lixo deve ir para a lixeira. E todas as vezes que possível, deve ser separado, mandando-se o que é orgânico para uma composteira, e o que não é orgânico para reciclar. Muitas vezes, porém, nas ruas de nossas cidades não se encontram lixeiras. Outras vezes, mesmo existindo, há quem as ignore, atirando o lixo fora delas. Mas, em raras e compreensíveis ocasiões pode haver quem necessite jogar o lixo no chão. No chão? Sim, e por uma questão de sobrevivência. Da espécie. Digamos, um chamado da natureza, daqueles que é impensável resistir. Foi o que aconteceu: Tinha especial pendor por uma farda. Se o fardado, então, tivesse bigode, o coração de Celestina batia redobrado. Coturnos? Seu coração tamborilava, destravando a maçaneta da caixa do peito. Encalhada nos jardins de suas passadas e repassadas primaveras, ultimamente não fazia mais questão de tantos adereços militares, naquela de melhor-seria-assim-mas-se-assado-fosse-também-estaria-bom. Genarinho Benevides, no primeiro dia de ofício, mal chegado aos portões do familiar residencial Treme-Treme, foi logo arriado nos trajes de ascensorista. Moço forte e descasado, cabelos pretos e rosto pintado no azul da barba cerrada. De lambuja, ainda sobrava um bocão vermelho, tendo por chapéu do lábio de cima um vasto bigode. Naquele entra e sobe, desce e sai sem fim, as horas não aborreceram sua autoridade no comando do elevador. Chegada a hora de almoço, bem depois da hora de almoço de todos, Genarinho escapuliu para o balcão da mercearia. Celestina, à distância, com uma penca de bananas embrulhada em jornal, ajeitou os óculos. Mal acreditava no que acreditava ver: em sua direção, e a largos passos, aproximava-se um desenvolto jovem, fardado em azul, sapatos pretos e quepe marrom. Seu coração tamborilou. Com a rapidez de um raio imaginou o ardil. Descascou três das bananas e, enquanto o jovem aproximava-se, atirou as cascas próximo a uma lixeira que jazia na calçada. No chão. Fora do lixo. Um delito! - Estou (agora ou nunca) em apuros, desejou. Em duas passadas o jovem chegou e, em três, pulou por sobre as cascas de banana de Celestina, desviando-se delas com destreza. De mãos nas cinturas, e olhos apertados sob as grossas lentes, ela gritou: - Guarda, não vai me prender? - Moça, eu sou ascensorista! E ela, para não dar o braço a torcer para o destino: - Serve. E desviando-se das cascas de banana que a vida joga no caminho, os dois foram felizes para sempre. * Luiz Eduardo Cheida é médico, deputado estadual e presidente da Comissão de Ecologia da Assembléia Legislativa do Paraná. [/CENTRO][/CENTRO][/CENTRO][/CENTRO][/CENTRO][/CENTRO][/CENTRO][/CENTRO][/CENTRO][/CENTRO][/CENTRO][/CENTRO] ...


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