O MURO
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* Luciano Pires
No auge da Guerra Fria, em 1961, a Alemanha foi dividida em duas. De um lado a República Federativa Alemã, controlada pelo bloco liderado pelos Estados Unidos. De outro a República Democrata Alemã, controlada pelo bloco liderado pela União Soviética. Aliás, veja como eles adoram manipular palavras: os socialistas/comunistas chamavam-se de democratas enquanto fuzilavam quem tentava passar de uma Alemanha para a outra.
E um dia construíram um muro. O Muro de Berlim. Que permaneceu em pé por 28 anos, como um monumento à vergonha. Quando o Muro de Berlim caiu, em novembro de 1989, o mundo começou a experimentar mudanças fundamentais. Era o fim da guerra fria e o começo do fim da poderosa União Soviética. O capitalismo triunfara sobre o comunismo/socialismo, que assassinou mais de 100 milhões de pessoas em nome de um ?futuro perfeito?.
Depois que o muro caiu, milhares de empresas que atuavam no lado socialista foram colocadas à venda e muita gente interessou-se por comprá-las como estratégia para penetrar em novos mercados e utilizar mão-de-obra de baixo custo. Na época a empresa na qual eu trabalhava mandou alguns executivos para conhecer as oportunidades. Uma das fábricas ofertadas era de eixos cardan em Berlim Oriental. O Sidney, grande amigo meu e responsável pelas fábricas de cardans no Brasil, foi convocado para ir até lá avaliar a fábrica. Quando voltou, estava impressionado. Lembro-me quando me contou que, ao cruzar pelo que era a antiga fronteira entre as alemanhas, ficou chocado. As árvores haviam desaparecido. Não havia pássaros. Nem cachorros. O solo estava escurecido, impregnado de óleos e todos os tipos de poluentes. Tudo era cinza, numa desolação só, criando um quadro de abandono e degradação. O homem havia destruído a natureza naquela região.
O Sidney me contou que um dos altos executivos da empresa à venda ostentava com todo orgulho seu maior patrimônio: um conjunto de canetas coloridas que trazia no bolso. É que, quando o muro caiu, como milhares de alemães que cresceram sob as baionetas do socialismo/comunismo, o tal executivo cruzou a fronteira para conhecer a Berlim capitalista. Perambulou por horas, fascinado diante de vitrines com comidas, roupas e objetos que ele nem sabia que existiam. Como ele, milhares de outras pessoas invadiram as ruas capitalistas como um exército de zumbis. Estavam diante de um mundo desconhecido. O sujeito dormiu num banco de praça. Comprou o conjunto de canetas e retornou para casa fascinado. Ali começou o renascimento do que tinha sido a Alemanha Oriental socialista.
O que mais me impressionou nessa história foi a descrição de como a natureza foi destruída na região. De como tudo era cinza e sombrio. De como levaria anos até que o solo fosse descontaminado. Um caos ecológico.
Reverter esse quadro custou muito dinheiro, recessão e inflação para a Alemanha Ocidental que teve que elevar o padrão de vida dos habitantes da Alemanha Oriental, num esforço sem precedentes na história. Graças à Alemanha capitalista, não só a dignidade humana foi recuperada, mas também o meio ambiente e as expectativas de vida que haviam sido destruídas pelo socialismo/comunismo.
Por isso não entendo como ainda damos ouvidos ao discurso mentiroso dos esquerdistas que usam a defesa do meio ambiente como arma ideológica. Essas pessoas representam exatamente os regimes que mais destruíram e destroem a natureza, suprimem as liberdades individuais e usam a mentira como estratégia!
Mas neste mundo que emburrece a cada dia, a história nunca serve de lição.
Preferimos ser enganados.
Luciano Pires é jornalista, escritor, conferencista e cartunista. Faça parte do Movimento pela Despocotização do Brasil, acesse www.lucianopires.com.br.
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