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Correndo contra o tempo
* Maria Regina Canhos Andamos correndo tanto ultimamente. Mal temos tempo de nos cumprimentar e desejar votos de um dia tranquilo. Quando nos damos conta, o momento passou e a pessoa a quem deveríamos ter dado atenção já não está mais próxima de nós. Guardamos esse instante em nossa lembrança, e só vamos refletir acerca do ocorrido horas, talvez, dias depois. Não estamos conseguindo parar um pouco. Corremos demais. Falta-nos tempo para as coisas mais elementares como um sorriso, um aperto de mão e um abraço. Vivemos atrasados. O relógio, nosso companheiro inseparável, mostra que temos pouco tempo e muitos compromissos. Não dá pra parar. Temos que correr. Sei que isso tem deixado um grande número de pessoas estressadas. O cansaço surge em função do pouco lazer e do excessivo dever. Já não se ?mata? o tempo com conversas descontraídas; pelo contrário, é ele quem nos mata com o seu eterno transcorrer. A gente vai, ele fica. Nem sei por que brigamos tanto, correndo contra o tempo; afinal, ele sempre ganha. A gente se ilude pensando ganhar tempo, fazendo as coisas correndo e sem respirar direito. A gente pensa que poupa tempo e, na realidade, só se gasta; se desgasta. Quando deitamos não conseguimos dormir, pois o peito está acelerado e a mente procura lembrar o que possa ter sido esquecido no corre-corre do dia. É lamentável que tenhamos nos deixado escravizar assim pelo relógio, perdendo de vista coisas tão importantes como a amizade, a consolação ou o incentivo, o parabenizar e o compartilhar momentos. É; nós nos enchemos de coisas pra fazer. Acreditamos que seremos mais que os outros se conseguirmos fazer mais coisas. Sem perceber, vamos incluindo nossos filhos nessa ciranda, e hoje é comum eles competirem entre si para verem quem é o melhor. Já desde pequeninos fazem inglês, judô, natação, pintura, futebol, dança, capoeira, computação... E ai de quem não fizer. Estará fadado a fracassar, ser o último da turma ou, posteriormente, não encontrar vaga no mercado de trabalho. Isso é o que muitos pensam, mas, em parte, trata-se de uma ilusão criada pelo marketing de produtos e serviços. Não é necessário saber falar inglês para vencer na vida. Muitos empresários desconhecem por completo o uso do computador. Defesa pessoal nem sempre ajuda e, muitas vezes, atrapalha. O que faz a diferença é ser seguro e saber o que se quer. É sentir-se amado e aceito em sua família e grupo de amigos. É conhecer-se a si mesmo, reconhecendo suas limitações e defeitos, assim como suas qualidades e virtudes. Isso sim faz uma grande diferença na vida profissional e pessoal. Pare de correr tanto atrás do que não é tão importante. Ensine seus filhos a valorizarem o que realmente faz a diferença, pois é isso que irá torná-los felizes. Você tem duas opções: fazer de seu filho um estressado (à semelhança de muitos), ou assegurar-lhe futuras condições de escolha, investindo em seu lado moral e emocional no momento atual. A realização e a ambição positiva acompanham todos os que possuem vontade de vencer na vida. Não é necessário submetê-los a uma rotina incansável de tarefas a fim de fazê-los sobressaírem-se aos demais. A felicidade, ainda hoje, é encontrada nas coisas mais simples. Viva e deixe viver! *Maria Regina Canhos Vicentin é escritora. ...


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