Asas Imaginárias - Um fato Real, como o banco!
Asas Imaginárias - Um fato Real, como o banco!
Felipe Rodrigues de Oliveira *
Fui ao banco abrir uma conta corrente, algo simples no cotidiano a princípio, porém logo percebi que de simples isso não tinha nada. Pelo contrário, ao fazer isso você se torna um imigrante, um estrangeiro, numa terra de estranhos. Ao entrar na instituição financeira fui recebido por uma jovem extremamente bela, com um sorriso ainda mais belo.
Eu lhe disse que queria abrir uma conta, assim começaram os procedimentos e o diálogo a seguir: Ela me perguntou:
- Você já teve conta em banco?
Respondi: - Não!
- Como assim? - ela me perguntou em tom abismado.
Disse: - Nunca tive!
Sua próxima pergunta:
- Já fez algum empréstimo ou tem cadastro em alguma loja?
Novamente tive que responder que não, constrangido por seu olhar de espanto.
Ela insistia :
- Nem nas casas Bahia? - perguntou incrédula.
E mais uma tive que responder que não!
Ela começou a rir. Rir uma risada irônica, se divertia como se fizesse parte da trilha de riso de algum seriado idiota de T.V e me perguntou se eu havia morado fora do país, por nunca ter recorrido à alguma instituição financeira até o momento. Depois de ouvir essa pergunta cheguei a conclusão que sim. Eu estava em outro país, ou melhor, estava em outro planeta. Vivia em outro planeta, tempo e dimensão.
Naquele momento eu estava nos Estados Unidos do Dinheiro e nem sabia! Por isso tanto estranhamento com a minha pessoa, ora, eu era um alienígena. Ela perguntou como eu pude ter vivido todos os meus 27 anos sem gastar.
Eu sabia que já tinha gasto dinheiro, mas ainda assim me sentia mais e mais deslocado, pois eu tinha gasto em meu planeta, onde nem todos nos julgam pelo que possuíamos, onde temos alma e condição humana. Não que a bela não fosse humana, ela só era de outro planeta, assim como eu era para ela.
Compre-o ou destrua-o! Comprar e destruir, ações caminhando juntas, lado a lado, a navalha e a carne, o solo fertilizado pelo sangue do inimigo. Esse foi o alicerce de uma das maiores fortunas de todos os tempos.
Conquistar, expandir, adicionar, subtrair, multiplicando zilhões, que não poderão em sua totalidade ser gastos por quem os possui, e que serão disputados, cobiçados, invejados e amados por quem nunca os terão!
O dinheiro é importantíssimo, mas se refletirmos, por mais que isso seja um clichê, e que habitantes de todos os planetas e galáxias queiram provar que é um ultraje, uma infâmia, um disparate, dinheiro não é tudo! A moeda pode variar de país para país, mas a ganância é igual em toda parte, é um ponto comum.
A ganância muitas vezes cega, deixa os sentimentos em letargia, nos desvia do que realmente queremos, desaprendemos a contar, certos como dois e dois são vinte e dois.
Nos Estados Unidos do Dinheiro, todos têm asas imponentes e inúteis, são feitas do ouro mais brilhante, porém pesadas demais.
Eles sentem o vento no rosto, olham tudo de cima, mas estão com os pés no chão, imaginando estar em pleno vôo. Assim, a virtude se torna um vício.
Logo ela me disse: - Terça ligo para você com o número de sua conta.
Terça, terei cidadania nesse novo planeta, mas ainda sonho voar de verdade.
?Quanto mais conheço os homens, mais admiro os animais?.
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