Um novo eleitor
[CENTRO][B]Um novo eleitor[/B]
* Sandra Silva
Abre-se o período eleitoral para o certame de outubro. Os eleitores francamente receosos, como nunca antes se viu. Foram tantos os desmandos, a corrupção, a prevaricação, a locupletação das coisas públicas que as pessoas olham com desdém para quem se diz candidato a algum cargo, nivelando a todos por baixo. E para quem não se liga muito nessas questões, esgotado que ficou de tanto ver malandragem e safadeza, o folhetim noturno de uma rede de televisão que atinge a totalidade do país criou uma personagem bem ao estilo de tudo que os cidadãos honrados e honestos desdenham. Em boa hora o autor do texto novelesco mostra como se processam certos hábitos medonhos da política brasileira. Esse pingadinho televisivo todo dia na cabeça de milhares de pessoas talvez seja a dose certa do remédio para que o povo se indigne com os descalabros e não troque lisura por frangos e assemelhados.
Como há desgaste incontestável de ideais partidários, a eleição de outubro pode ser marcada por voto em pessoas, até porque sendo ato muito próximo de cada cidadão sabem exatamente como é o caráter dos candidatos.
Recebo muitos e-mails em razão do conteúdo destes artigos semanais. Mas tem me chamado a atenção colocações feitas por leitores desanimados com a trajetória da política nacional, estadual e local. Dizem muitos deles que não adianta mais falar em decência, ética e princípios porque tudo está tão contaminado que sou uma velha andorinha a planar em meio aos urubus com enorme propensão a ser devorada por essas aves de cabeça pelada.
Tenho consciência de que os crimes administrativos praticados por agentes públicos arrastam-se tanto que acabam no porão da prescrição ou do esquecimento. Mesmo assim não se pode arrefecer de apontá-los e manter a palavra de ordem para a punibilidade porque se chegarmos ao mesmo patamar ficar-se-á igual ao que se lamenta e não podemos ser idênticos ao que apontamos com o dedo. Seria incoerência! Seria manter o estado de coisas que são condenadas, dar-lhes guarida, criar máfias e gângsteres.
Creio que o eleitor de 2008 quer mais garantias do que obras, porque estas sempre foram cartão de visita dos candidatos. Este eleitor de agora não quer ser manipulado e vai apostar seu voto naquele que afiançar honestidade de propósitos.
A compreensão de cada candidato para com os desejos de sua sociedade e como isso será transformado em proposta de administração será o discurso vitorioso da eleição, pois o eleitor quer tranqüilidade na gestão.
Uns poucos venderão seu voto, mas a maioria vai querer que seu voto melhore a sua vida. Isto é ótimo! Mas muito difícil para os políticos.
* E-mail: sandra.silva@brturbo.com.br[/CENTRO]
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