A mágica da perpetuação de resultados positivos
*Por Ivan Postigo
A história empresarial no mundo pode nos mostrar uma infinidade de empresas e empreendimentos que tiveram um crescimento assustador e geraram lucros fabulosos. Muitos é verdade, por um período curto. As razões do sucesso e fracasso são muitas, desde a chamada sorte até a competência fora do comum de alguns aventureiros que acreditaram no empreendimento. Contudo, a manutenção do sucesso por décadas seguidas, tornando-o centenário, é uma questão à parte.
A famosa cantina que surgiu da paixão do vovô, o bar do chopp que hoje é um restaurante centenário, o armazém de secos e molhados que se tornou um supermercado, a lojinha que vendia cortes de casimira e chita e virou uma rede, têm algo em comum. A capacidade de atrair apaixonados em busca de um único resultado: A continuidade do sucesso.
Não lhes pergunte por que, provavelmente muitos deles nem se dão conta, mas são atraídos e apaixonados por essa missão. Quando um espécime encontra um habitat favorável, sua tendência é de multiplicação. Estava lendo sobre sucesso e fracasso empresarial e me lembrei de um amigo que me disse: - Abri uma sorveteria, ganhei muito dinheiro, levei uma vida maravilhosa durante esse período, hoje estou quebrado e sem um centavo. Sorvete é o pior negócio do mundo, pois embora o lucro seja alto, o custo de reposição dos equipamentos supera seus ganhos.
Evidentemente que entramos em debates de custos, formas de reposição dos equipamentos, mas uma coisa ficava muito clara à medida que conversávamos: não havia no meu amigo paixão pelo que fazia. É verdade que reuniu à sua volta muita gente no período das vacas gordas, mas todos com paixão pelo retorno e não pelo negócio.
Cuidaram dos ovos, mas se esqueceram de alimentar a galinha. Outros, seguindo o exemplo dele, matam a galinha para, ao abri-la para retirar todos os ovos de uma só vez, descobrir que naquele momento só havia aquele ovo.
Não importa o tamanho da empresa, não importa que os equipamentos tenham deixado de ser mecânicos e hoje sejam eletrônicos, não importa que a velha máquina de escrever Olivetti ou Reminghton tenha sido substituída por computadores, há algo não pode ser deixado de lado e substituído: a velha paixão pela condução dos negócios.
A velha oficina de carroças precisa evoluir, adequando seus produtos, passando quem sabe a produzir carrocerias de caminhão, de madeira ou de metal, mas com a mesma paixão de sua criação. Encontramos negócios que perpetuaram nas mãos de antigos empregados, uma vez que os herdeiros não mostravam entusiasmo com a sua continuidade, pela mesma razão: ?Paixão?.
Uma análise simplista pode nos levar a crer que aquela empresa de sucesso é motivadora e geradora de resultados por si só. Nada mais falso, há por trás dessa empresa a paixão que motiva, gera e perpetua resultados. Não há fórmulas matemáticas, nem regras rígidas, que possam ser usadas para clonagem do modelo, mas é possível perceber e sentir essa força.
Quando encontrar uma empresa com esse perfil faça uma visita, se puder passe um dia inteiro no local, e verá que o desejo será voltar outras vezes. Uma pergunta é inevitável: as chances de uma empresa com essa capacidade de atração gerar resultados positivos e perpetuá-los são grandes, não ?
É praticamente impossível dizer não, correto?
Por que, então, não termos o firme propósito de criar em nossa empresa um ambiente favorável, que possibilite ter como recompensa a perpetuação de resultados positivos?
Pense, reflita durante alguns minutos, e diga quanto está disposto a investir nessa paixão.
*Ivan Postigo é Economista, Bacharel em contabilidade e pós-graduado em controladoria pela USP.
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