O CÂNCER DE MAMA MASCULINO
*Por Dra. Thais Chemin
O câncer de mama masculino é uma doença incomum, representando cerca de 0,6 a 1% de todos os cânceres de mama, menos de 1% de todos os cânceres que ocorrem em homens. A média da idade dos pacientes ao diagnóstico é de 60 a 70 anos na maioria dos estudos. De forma similar ao que ocorre na maioria dos cânceres, a etiologia é desconhecida, porém são conhecidos fatores associados a maior risco para o câncer de mama masculino. Historia familiar positiva em parentes de primeiro grau está presente em 20% dos homens com câncer de mama.
Alguns autores relatam maior frequência de câncer de mama masculino associado à exposição ocupacional, como exposição profissional crônica a altas temperaturas e trabalhadores em industrias químicas de sabão e perfumes. Existem ainda evidências em relação à exposição profissional à gasolina e também em homens que trabalham em empresas de fumo. Há também relato de aumento de casos de câncer de mama em sobreviventes à explosão das bombas atômicas. Um estudo europeu multicêntrico mostrou associação entre ingestão de álcool e aumento da chance de câncer de mama masculino.
O uso de estrogênio exógeno aumenta o risco de tumores em situações como, por exemplo, no tratamento hormonal do câncer de próstata e seu uso por transsexuais.
Sobre o risco associado com o estrogênio endógeno, as evidências são mistas. Na síndrome de Klinefelter (cariótipo 47XXY e fenótipo mostrando disgenesia testicular, ginecomastia e redução dos níveis de testosterona e aumento das gonadotrofinas), existe um risco de câncer de mama aumentado que é de 20 a 50 vezes maior do que em homens com cariótipo 46XY.
Obesidade é uma das causas mais frequentes de hiperestrogenismo em homens e tem sido implicada como fator de risco para câncer de mama. A ginecomastia, que é uma ocorrência comum em adolescentes e em pacientes mais idosos, não esta definida como fator de risco para o câncer de mama em homens. O câncer de mama em homens raramente é diagnosticado em fase assintomática ou na ausência de sinais clínicos, o que se justifica pela ausência de qualquer tipo de rastreamento, como ocorre com as mulheres.
O achado mais comum do exame físico, encontrado em 70% a 80% dos casos, é a massa mamária subareolar, firme e indolor, que tende a ser central. Com o avanço da doença, podem surgir alterações mamilares, tais como retração (9%), derrames (6%) e ulcerações (6%). Os procedimentos para o diagnóstico do câncer de mama masculino são similares aos realizados para o diagnóstico da doença em mulheres e incluem história clínica, métodos de imagem e estudo anatomopatológico.
A mamografia é um bom exame para homens acima de 50 anos com lesões mamárias, mostrando uma sensibilidade de 92% e uma especificidade de 90%. A ultrassonografia também pode ser usada como meio auxiliar, principalmente em relação ao comprometimento linfonodal.
Os tratamentos oferecidos aos homens com câncer de mama baseiam-se nas mesmas recomendações utilizadas para as mulheres, com a tendência ao uso de procedimentos menos invasivos como a mastectomia radical. O tratamento cirúrgico do câncer de mama em homens engloba ressecção completa do tecido mamário, incluindo mamilo e esvaziamento axilar. A radioterapia tem sido usada em homens, seguindo as mesmas indicações das mulheres e a quimioterapia sistêmica parece melhorar a sobrevida dos pacientes com doença metastática, principalmente naqueles não responsivos ao tratamento hormonal.
Os fatores prognósticos dependem do tamanho do tumor, estado dos linfonodos axilares e presença de receptores hormonais.
* Por Dra. Thais Chemin ? diretora técnica da clínica curitibana ALPHASONIC ? especializada em diagnósticos avançados por imagem.
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