MAIS LIVROS PARA DIFICIENTES VISUAIS
*Por Luiz Carlos Amorim
Numa iniciativa pioneira, aqui em Santa Catarina, uma editora de Blumenau publicou uma antologia com contos de autores da terra, com uma característica singular e muito importante ao mesmo tempo: o livro está em braile. É um livro para deficientes visuais, coisa que poucas de nossas bibliotecas têm para oferecer a um público tão carente de opções de leitura.
Lembrei disso, porque acabo de ver uma notícia na televisão que me dá conta de que a Fundação Dorina Nowil para Cegos, com sede sem São Paulo, distribuirá, gratuitamente, até o fim deste mês de março, trinta e cinco mil livros em braile para bibliotecas públicas e associações de assistência a deficientes visuais. São dez títulos diferentes, mas não trazem apenas os textos impressos em braile, eles têm um diferencial bastante atrativo: eles trazem ilustrações que podem ser ?vistas? pelos leitores cegos, pois vêm com descrição também em braile.
Não é interessante? As crianças vão ler o livro e poderão ?ver? as ilustrações. É um avanço, para nós, brasileiros, pois até aqui, apenas nove por cento das nossas bibliotecas tinham, em seu acervo, livros para cegos. As bibliotecas públicas e de associações receberão, cada uma, sete livros dos dez publicados, o que já é uma grande coisa, pois todas deverão ter esses livros e as crianças e deficientes visuais de qualquer ponto do país poderão ler as obras.
A Fundação Dorina Nowil tem a maior gráfica para deficientes visuais da América e, segundo a matéria que foi ao ar, os livros serão distribuídos de graça. Iniciativa que merece todo o nosso respeito e consideração, o nosso aplauso, pois mostra que é possível fazer alguma coisa pela educação no Brasil, tão relegada ao esquecimento, à falência, mesmo, nos últimos tempos. É possível fazer alguma coisa para oferecer cultura ao deficiente visual. Isso é inclusão social.
Fui saber mais sobre o trabalho fantástico da Fundação, fui procurar saber como alguém pode fazer um trabalho tão importante e oferecê-lo graciosamente ao consumidor final, e olhem o que descobri: ?Organização sem fins lucrativos e de caráter filantrópico, ao longo de 66 anos a Fundação Dorina Nowill para Cegos produziu mais de seis mil títulos e dois milhões de volumes impressos em braille. A instituição produziu ainda mais de 1.600 obras em áudio e cerca de outros 900 títulos digitais acessíveis. Além disto, mais de 17.000 pessoas foram atendidas nos serviços de clínica de visão subnormal, reabilitação e educação especial.? Vida longa para a Fundação. E um bom futuro com leitura para os deficientes visuais de todo o Brasil.
*Luiz Carlos Amorim é Coordenador do Grupo Literário A ILHA em SC, com 31 anos de atividades e editor das Edições A ILHA, que publicam mais de 50 livros no Brasil.
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