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Futebol e Educação
*Por Célio Pezza Recentemente uma pesquisa encomendada pela Ambev e feita pelo IBOPE mostrou que a maior paixão do brasileiro é o futebol, seguida de cerveja, carnaval e mulher. A família ficou em oitavo lugar, empatada com carros e novelas. Já o trabalho e dinheiro ficaram em último lugar na paixão dos brasileiros. Para quem acha que o brasileiro gosta de mulher, a pesquisa mostrou que não é bem assim, pois a preferência nacional é o futebol. Se considerarmos esta pesquisa, vamos compreender os motivos que levaram o atual prefeito de Belo Horizonte a pleitear na justiça uma redução nos investimentos previstos na Lei Orgânica do Município, que obriga a prefeitura a gastar 30% de sua receita na educação. A alegação do prefeito Márcio Lacerda ( PSB) é que essa quantia investida em educação pode comprometer alguns projetos da agenda nacional para a Copa do Mundo em 2014. Um detalhe importante é que essa mudança já foi aprovada pela Câmara de Vereadores de Belo Horizonte e agora aguarda parecer do Supremo Tribunal de Justiça. O problema é que, ao mesmo tempo em que alguns brasileiros consideram uma vergonha nacional uma diminuição de investimentos em educação a favor das obras da famigerada e corrupta Copa do Mundo, esta política está de acordo com a paixão nacional, que, segundo o IBOPE, não quer saber de nada a não ser futebol, cerveja, carnaval e mulher, e, importante frisar, nessa ordem. E o pior é que com baixos investimentos em educação, a nossa tendência é perpetuar essa vergonhosa situação. Por outro lado, para quem acha que essa medida do prefeito de Belo Horizonte é inédita, vamos lembrar que em São Paulo, durante a gestão da prefeita Marta Suplicy (PT), as verbas previstas na Lei Orgânica do Município para a educação também foram reduzidas. Na época, seu então Secretário de Finanças era Fernando Haddad (PT), que depois foi Ministro da Educação e hoje é o prefeito eleito de São Paulo. Eles reduziram de 30% para 25% os investimentos em educação, o mesmo que o atual prefeito mineiro pretende. Como colocar nos trilhos um país sem educação? O bom senso diz que a única saída é com pesados investimentos na própria educação. Já no Brasil, país do futebol, as coisas são diferentes e os investimentos em ?arenas? são prioritários. O torcedor não se incomoda em ter seu dinheiro desviado de forma escandalosa em obras superfaturadas, desde que o seu estádio esteja concluído e bem bonito para a Copa. Tudo vale, até diminuir as verbas para a educação. Aliás, para que serve um povo culto, educado, respeitoso, mas que não sabe jogar futebol ou apreciar uma boa cerveja, ou ainda, pasmem, não sabe como fazer o maior carnaval do mundo? Preferimos um bom jogador de futebol analfabeto do que um prêmio Nobel em qualquer área. Este é o Brasil que a pesquisa mostrou. Esta é a triste realidade que temos de mudar. * Célio Pezza é escritor e autor de diversos livros, entre eles: As Sete Portas, Ariane, A Palavra Perdida e o seu mais recente A Nova Terra - Recomeço. ...


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