PROMESSA Ã DÃVIDA
[CENTRO][B]PROMESSA Ã DÃVIDA[/B]
* Adilson Luiz
Consta que os Aliados venceram a II Guerra Mundial, porque desvendaram um código secreto, sem que os inimigos soubessem. Além disso, também criaram e aprimoraram os seus, aperfeiçoando a criptografia.
Alguém me decifre o discurso polÃtico, por favor!
O apelo se justifica por vários motivos:
- Os candidatos fazem discursos extremamente parecidos, qualquer que seja a ideologia que professem;
- Depois da posse, raramente lembram dos compromissos assumidos com os eleitores, para representarem outros interesses, embora nunca admitam isso;
- Eleitos para um mandato democrático, a maioria, absurdamente, comporta-se como se tivesse ?o rei na barriga?;
- Diante das câmeras e microfones afirmam uma coisa, mas nas votações, injustificavelmente secretas, fazem o contrário;
- Depois de fazerem o oposto do que prometeram, voltam a pedir votos, com o mesmo discurso da campanha anterior.
Será que polÃtica é algo claro ou não passa de uma linguagem cifrada na criptografia do engodo: dizer uma coisa pensando e fazendo outra? Promessa polÃtica é dÃvida ou dúvida?
Será que os polÃticos que agem assim acreditam, de fato, que representam o povo?
Se assim for, então o povo, que ainda não entende a linguagem cifrada do dialeto polÃtico, precisa de mecanismos mais efetivos e diretos para manifestar sua vontade: plebiscitos, por exemplo.
O quê? Assim vai ser impossÃvel governar? Os polÃticos eleitos já são legÃtimos representantes do povo?
Mas que legitimidade é essa, que quase nunca é representatividade efetiva?
O atual momento democrático tem mostrado que, se o processo eletivo é confiável, o exercÃcio do mandato nem sempre o é. Prova disso é o nÃvel abissal da credibilidade da classe polÃtica brasileira.
Os plebiscitos são instrumentos caros, em princÃpio; mas nada impede que sejam associados a processos eleitorais regulares, reduzindo custos.
A maior rejeição a essa proposta virá, obviamente, de membros da própria classe polÃtica, que não apreciarão ver sua influência reduzida pelo exercÃcio direto da democracia. Mas, quem sabe essa luz sobre a sombra acabe com esse dialeto incompreensÃvel, que distorce ou despreza os anseios populares. No entanto, esses dispositivos seriam desnecessários, se essa parcela renitente de polÃticos volúveis, insensÃveis e venais, que o poder econômico elege e reelege, fosse, efetivamente, porta-voz de seus eleitores.
Bastaria que lembrassem e vivenciassem a antiga, mas sempre atual frase: "O poder emana do povo e em seu nome deve ser exercido"!
* Adilson Luiz Gonçalves é Mestre em Educação.[/CENTRO]
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