Não pode faltar planejamento
* Por Sandro Paio
Sou um cidadão que reside há muitos anos em Rondônia, e, graças a isso, sempre tive uma preocupação muito grande com algo que me incomoda há muito tempo. Não só a mim, mas a toda a comunidade de maneira geral, e, sendo mais específico, em quase todos os municípios deste rincão amazônico. Refiro-me, e isto de maneira geral, à falta de um planejamento sensato quando na elaboração de projetos e execução de determinadas obras pelo poder publico cá deste solo pátrio.
O que quero dizer é que, os setores, tanto das prefeituras municipais, como do governo do Estado, na maioria das vezes, quando desenvolvem seus projetos, acabam por se esquecer das características e peculiaridades de nossa região amazônica, que são bem diferentes, mas muito mesmo, bem diferentes das outras regiões de nosso país de dimensões continentais. Não estou colocando em xeque a capacidade de nossos arquitetos e engenheiros, de maneira nenhuma, mas apenas evidenciando algo que podemos notar num grande número de obras realizadas pelo estado afora.
Para ilustrar o que digo, vou citar apenas alguns poucos exemplos, apesar de existirem muitas centenas mais. Uma realidade inegável é que, por aqui, temos, com certeza, pelo menos seis meses de chuvas intensas por ano. Mesmo assim, é raro encontrarmos algum prédio público que tenha sido construído pensando nisso. Senão vejamos: qual escola pública no estado tem uma passarela coberta desde a calçada defronte à sua entrada? Todo ano vivemos a mesma novela. Durante o inverno amazônico, na maioria dos dias, os professores, pais e/ou as crianças que vão as escolas, sejam de carro particular ou transporte público, ao saltarem defronte à escola, têm de correr na chuva, até chegarem ao pátio que dá acesso às salas de aula. E isto, quando estes pátios são cobertos.
E este não é um exemplo único. Se formos ver bem, os hospitais municipais, centros e postos de saúde, todos têm os mesmos problemas: quase não há passarelas cobertas (e isto desde a rua) para o acesso aos locais de atendimento. E olha que a maior parte das pessoas que precisam utilizar estes centros, o fazem por necessitarem de cuidados com a saúde. E, desde criança, ouço conselhos de que chuva e saúde não se dão muito bem juntas.
Bem emblemática é a situação da rampa que há muito tempo atrás foi construída na porta de entrada da prefeitura de Ji-Paraná. Da rua à porta são cerca de vinte a trinta metros que todo servidor ou contribuinte que tenha de ir lá se vê obrigado a percorrer, debaixo de chuva ou sob o sol escaldante de Rondônia.
Estes são exemplos pequenos quando comparados à dimensão de obras que custam pequenas fortunas e que, por não terem sido pensadas às características e peculiaridades de nossa região, precisam ser reformadas ou refeitas em pequeno espaço de tempo. Exemplos também existem às centenas, mas para ficarmos apenas em alguns, vamos falar das centenas de pontes ou bueiros construídos em todo o estado, algumas com madeira, outras com manilhas menores do que as necessárias, e que têm de ser reconstruídas poucos meses depois de concluídas. E a pavimentação, popularmente chamada de ?casquinha de ovo?, que é feita sobre um terreno sem qualquer tipo de preparação, nem mesmo de impermeabilização, e que poucos meses depois de concluída já está cheia de buracos ou parcialmente destruída.
O pior nesta história toda, é que, mesmo que todo mundo conheça a realidade de Rondônia, com nosso rigoroso inverno amazônico e o causticante verão, ainda tem político que prefere justificar a sua falta de planejamento, colocando a culpa nas chuvas muito fortes que ?impediram a sua equipe de trabalhar?. Até parece que estão brincando com a nossa cara.
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