Vampiros afetivos
* Por Maria Regina Canhos
Existem pessoas que não se relacionam pensando em somar, mas em sugar. Tiram do outro o que necessitam e depois simplesmente o descartam sem qualquer compaixão; de forma irônica e grotesca. São vampiros afetivos. Sugam a sua energia, o seu entusiasmo, o seu dinheiro, as suas forças, o seu dinamismo... São parasitas que só conseguem sobreviver atrelados a um provedor financeiro, de energia e afeto. Somente aquele que tem pode dar.
Aquele que não tem ?rouba? do outro. Vive sugando, vampirizando, adquirindo do outro através da sua exploração. Hoje em dia isso é muito comum. Estamos rodeados por uma corja de incompetentes em todos os sentidos. Pessoas que não conseguem prover sua subsistência através de meios próprios e optam por encostarem-se àqueles que são valorosos e batalhadores, que com esforço e dedicação constroem ao invés de destruir.
Difícil está separar o joio do trigo. Já disse o Senhor que eles crescerão juntos até a época da colheita (Mt 13, 24-30). Então, podemos nos preparar para muita vagabundagem, safadeza, mau-caratismo. Quem é joio não está nem um pouco preocupado com a colheita; está é usufruindo das benesses de crescer ao lado de quem é trigo. Suga, vampiriza, usa e abusa... Acha que a festança não vai acabar nunca. Pensa que ?ad eternum? vai poder parasitar a alma penitente, amorosa, verdadeira e produtiva. Mas, o próprio Deus alertou para isso: o joio deverá ser amarrado em feixes para ser queimado, literalmente destruído. Não vai restar nada do aproveitador.
Concordo que nem sempre é fácil identificar um vampiro afetivo. Ele vem disfarçado de pessoa meiga, interessada em ajudar ou simplesmente sofredora e em dificuldades emocionais ou financeiras. Mente, ilude, trapaceia, envolve e mascara suas reais intenções. Consegue sucesso em seu intento porque tem esperteza nas coisas do mundo. O inocente acredita porque tem boa fé; é movido por princípios íntegros e as melhores
intenções. Diz a verdade, expõe-se, confia, auxilia, doa seu tempo, empresta seu dinheiro... Vira motivo de chacota, ironia, desprezo. Em pouco tempo ou mesmo alguns anos, depois de ter sido usado e vampirizado, é descartado como algo sem valor, ainda que seja preciosíssimo.
Somente Deus pode aquilatar o valor dos filhos seus. Ele sonda as intenções, conhece os corações, vê onde nossa vista não alcança. Ele sabe dar a cada um o que lhe é devido. Por isso, não fique triste se você foi ludibriado por um vampiro afetivo. Ele terá sua justa paga no momento oportuno, tão logo o Senhor resolva pedir a prestação de contas pelo uso de seus talentos inatos. Quem trabalha para o mal não pode tomar parte no
banquete dos eleitos.
Agora, se você não acredita em Deus e nem na justiça divina, ainda assim pode se socorrer na física e suas implicações práticas. Para cada ação uma reação, é o que diz a terceira lei de Newton. Assim, o que se faz ao próximo, volta inexoravelmente para a pessoa que o fez. Acho isso uma coisa tão sábia da parte de Deus. Nem mais nem menos, apenas a mesma coisa. Os vampiros afetivos que se cuidem daqui pra frente, pois podem carecer de tempo para saldar suas dívidas.
*Maria Regina Canhos é escritora (e-mail: contato@mariaregina.com.br).
...