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Mais um leilão de 4G. Perda de tempo e de dinheiro
*Por Vivien Mello Suruagy Outro leilão de quarta geração (4G) está marcado para maio ou junho do ano que vem. As operadoras, a quem está entregue o serviço de telefonia no País, ainda estão em dúvida se participam, pois querem saber antes das condições, não esclarecidas. No caso da 4G, impõe-se novamente nadar contra a correnteza, pois essa tecnologia ainda não está adaptada para o País, a infraestrutura é precária e o retorno muito baixo. Combinou-se a implantação da 4G com a Fifa, a custos altíssimos para a iniciativa privada e para o usuário, em função da Copa das Confederações e da Copa do Mundo. É evidente que um telefone não deve funcionar em poucas cidades e ainda por cima com cobertura restrita. Como o preço dos aparelhos é alto, o consumidor não quer investir sem nenhum benefício. É um jogo desigual esse, não apenas na 4G, mas para todo o setor de Telecom brasileiro. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) usa seu carimbo oficial para pressionar as operadoras e suas parceiras, que investem bilhões de reais para manter e melhorar a qualidade dos serviços. Mas o resultado não é bom. No final, ficam todos insatisfeitos ? prestadoras de serviços, trabalhadores e consumidores. Discursos não resolvem os eventuais problemas dos usuários de telefonia, banda larga e TV a cabo. Necessitamos que todos os contratos com operadoras, fornecedores e trabalhadores sejam respeitados. A imposição constante de novas regras e metas, sem uma análise profunda de sua real necessidade e das exigências diversas dos consumidores, compromete os investimentos necessários para alcançar uma sólida melhoria de qualidade dos serviços. Estudo recente mostra que em 2018 apenas 15% dos assinantes móveis deverão usar a rede 4G. Muito pouco. Em compensação, 70% do tráfego em banda larga móvel no Brasil estará na terceira geração dentro de um ano. Ora, evidente que o investimento agora deve se voltar para a 3G, responsável pelas maiores receitas. Também ficou evidente a intromissão indevida de diversos setores em negócios privados, como se viu há pouco tempo, quando se noticiou que a Telefônica da Espanha (controladora da Vivo) iria aumentar sua participação na Telecom Itália (controladora da Tim), e a Portugal Telecom se uniria à Oi. Logo entendidos de plantão vieram a público criticar ou aplaudir os superpoderes da Telefónica e do grupo luso-brasileiro. Sentenciaram que a Tim teria de ser vendida. Como se vê, criticaram e aplaudiram dois fatos da mesma natureza: a fusão de grandes empresas. Dois pesos e duas medidas mostram que não se pensa de forma séria e inteligente para desenvolver a economia. O problema no Brasil não é de concentração no setor. Em todo o mundo civilizado é preferível poucas empresas oferecendo serviço de qualidade do que várias de pouca valia. Afinal, quanto mais fortes, mais capacitadas. Diversas áreas possuem concentração, sem disputa. A Petrobrás mantém o monopólio do transporte de gás no País. Os Correios são outro exemplo, sem falar da distribuição de energia. Enfim, tudo pode no ?capitalismo? de Estado, independente da competência. As falas sobre fusão servem apenas para desviar a atenção do problema central de Telecom. A falta de respeito aos contratos firmados é o maior deles, o que afasta do Brasil potenciais investidores. O fato é que novas regras impostas pela Anatel podem significar grandes aumentos de custos. A previsão de investimentos privados para este ano no setor de telecomunicações é de R$ 25 bilhões, recorde histórico. Na média, o segmento investiu R$ 17 bilhões/ano nos últimos dez anos. Este é o setor que mais arrecada imposto no País. Devemos todos nos sentarmos para discutir os problemas e encontrar soluções para investimento em infraestrutura, aumento de tráfego, regras para instalação de antenas, utilização dos fundos setoriais, lei para regular a terceirização, fomento e programas de formação de mão de obra. Somente aplicar multas não resolverá o problema de ninguém ? ao contrário, irá potencializá-lo. Ao debater nossos problemas, devemos todos descer do pedestal e conversar em pé de igualdade, sem ar imperial e com senso de justiça. Assim é que se pensa realmente no País. * Vivien Mello Suruagy é engenheira, presidente do Sindicato Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços e Instaladoras de Sistemas e Redes de TV por Assinatura Cabo, MMDS, DTH e Telecomunicações (SINSTAL). ...


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