Nasce uma esperança
*Por Maria Regina Canhos
É Natal novamente. Todo ano, nesta época, fico refletindo sobre o sentido dessa data comemorativa. Sei que a maioria acaba gastando mais do que devia, pois os apelos consumistas falam alto. Fica difícil deixar de comprar num momento de tantas ofertas e promoções. Diversas pessoas ficam felizes nestes dias. Eu, particularmente, fico muito feliz. Outras pessoas ficam tristes. Às vezes, até deprimidas e sem ânimo para continuar
vivendo.
São contrastes naturais numa época em que a família é cultuada e, diga-se de passagem, nem todos possuem bom contato com os seus. Alguns sequer possuem uma família. Nesse caso, a data fica triste, parece sem sentido. Vamos imprimir um novo sentido para o Natal, assim todas as pessoas terão motivos para comemorar.
Quando observo o presépio, vejo mais que uma família. Vejo uma esperança. Congraçamento de diferentes raças, do homem com a natureza, com os animais e com o divino. Uma estrela conduz pastores e magos do Oriente para o cocho onde Jesus está cercado por animais que o aquecem com seu bafo quente. Seres angelicais cantam glórias ao Senhor. Nessa cena existe um pouco de tudo: gente, bicho, natureza, anjo, Deus... Unificação. Presença. Universalidade. Um mundo inteiro numa única cena. Perfeição? Milagre? Esperança!
Advento é esperança! Deus vem ao nosso encontro. Ele nos mostra o caminho a seguir; dá o exemplo. Dá a vida. Não estamos mais perdidos, desorientados, sozinhos. Temos uma direção. Alguém nos ama, e ama profundamente. Não estamos abandonados à própria sorte. Podemos até não ter família, mas temos alguém que se preocupa conosco. Alguém que se interessou em minimizar nosso sofrimento terreno, concedendo-nos a
esperança de um amanhã glorioso. Natal, pra mim, é isso. Alegrem-se; Jesus nasceu!
A certeza desse amor nos embala e fortalece. Somos importantes, valiosos, queridos. Você tem lugar assegurado nesse presépio. Não importa se foi rejeitado pelos seus; por sua família ou seus colegas, você tem um lugar reservado no banquete do Senhor. Lá será considerado por seus atos e intenções. Não haverá equívocos quanto à sua pessoa. Jesus sabe exatamente como você é, e lhe espera de braços abertos, pois ainda que pequenas faltas maculassem sua alma, foram apagadas com o sangue redentor do
Cordeiro.
Natal é tempo de solidariedade. Compartilhe o que você tem com aqueles que nada possuem. Fazendo isso, estará participando ainda mais do presépio. As estrelas ofereceram luz. Os pastores, interesse. Os animais, calor. A natureza, aconchego. Os magos, bens. Os anjos, reconhecimento. Você pode oferecer dinheiro, presença, carinho, comida, roupa, calçado, brinquedo... Você pode oferecer seu tempo a alguém que necessita de uma palavra ou apenas ser ouvido. Seu Natal será diferente. Será mais humano, fraterno e solidário. Aceite o convite que vem do presépio. Abra seu coração às necessidades do próximo. Avalie suas próprias necessidades de aceitação, merecimento, importância e estima. Veja que tem muito a aprender neste Natal, e boas festas!
*Maria Regina Canhos é escritora.
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