Operação da Polícia Federal prendeu filho de Cassol e dono de o Estadão
A Polícia Federal prendeu ontem (7), durante a Operação Titanic, o filho do governador de Rondônia, Ivo Cassol. Além de Ivo Junior Cassol, foram presos o sobrinho do governador, Alessandro Cassol Zabott e o ex-senador e atual suplente do senado, Mário Calixto Filho, além de outras 14 pessoas que foram presas, com apoio do Ministério Público, cujo objetivo era desarticular uma organização criminosa instalada no cais do porto de Vitória, em Vila Velha, especializada na importação subfaturada de veículos de luxo. A operação, batizada "Titanic", tinha a cumprir 54 mandatos de apreensão e 20 de prisão.
Segundo a PF, a investigação, iniciada há um ano, revelou a participação de servidores públicos, empresas exportadoras sediadas no Canadá e Estados Unidos, uma empresa importadora do Espírito Santo, despachantes e intermediários. Em dois anos, foram importados mais de R$ 21 milhões em carros de alto luxo. Apenas em 2007, aproximadamente 190 veículos chegaram ao Brasil de forma fraudulenta. Estima-se em mais de R$ 7 milhões o prejuízo com a falta de pagamento dos tributos, sem considerar o acréscimo de multa e juros. Entre os modelos importados há marcas como Ferrari, Lamborghini, Porsche, Nissan Infiniti, entre outros. Houve também importação fraudulenta de mais de 50 motos de luxo.
Foram mobilizados 160 policiais federais e 8 auditores da Receita Federal para cumprir 54 mandados de busca e apreensão e cerca de 20 mandados de prisão nos Estados do Espírito Santo, Rondônia, São Paulo e Minas Gerais. Os presos responderão por evasão de divisas, crime contra a ordem tributária e contra o sistema financeiro nacional, falsidade ideológica, corrupção ativa e passiva, entre outros. Se condenados, os responsáveis podem pegar mais de 30 anos de prisão.
ENVOLVIMENTO ? Segundo o jornal O ESTADO DE SÃO PAULO, o envolvimento do governador Cassol, assim como do seu secretário de finanças, José Genaro de Andrade, com as fraudes na importação de veículos de alto luxo pela importadora TAG não está descartado, mas terá que ser investigado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), já que o governador tem direito a foro privilegiado.
A TAG, cujos proprietários Pedro (pai) e Adriano Scopel (filho) foram presos em Vitória, é oficialmente uma empresa de Rondônia, mas tem apenas uma sala comercial no Estado, localizada no centro empresarial em Porto Velho. A empresa goza de regime tributário diferenciado e, graças a uma negociação feita por Adriano Scopel com o ex-senador, o filho do governador e o próprio Cassol, ela tem direito a crédito de 85% do valor do imposto devido pela saída interestadual de mercadoria importada. O problema é que as mercados jamais passam por Rondônia.
Ainda em Rondônia, foram presos o auditor da Receita Federal, Edcarlos Tibúrcio Pinheiro, o amigo dele, Reginaldo Aparecido dos Santos - titular das contas bancárias nas quais era depositado o dinheiro para Edcarlos e os dois empregados da TAG, Ronaldo Benevidio dos Santos e Rogério Moreira. Todos os presos foram levados para Vitória.
ESPÍRITO SANTO - No Espírito Santo, a PF prendeu, além de Adriano e Pedro Scopel, mas 14 pessoas envolvidas no esquema de fraude. A operação envolve ainda três em São Paulo. Adriano Scopel resistiu à prisão e os agentes tiveram que fazer uso de uma marreta para entrar em seu apartamento, no edifício Paládio, na Praia da Costa. Entre as prisões ocorridas na cidade de Vitória, estão a de três auditores da Receita Federal. Entre eles, o casal Max Pimentel de Almeida Marçal e Leisa Cristina Ortega Amaral, que, segundo as investigações, receberam dinheiro da firma chefiada por Adriano Scopel para liberar carros de alto luxo e motos potentes importadas com o valor subfaturado.O terceiro auditor preso é Alberto Oliveira, que, segundo a PF, também estaria envolvido no esquema.
As importações de carros eram realizadas junto a duas empresas estrangeiras que exportavam os veículos e motos com documentos adulterados, reduzindo o preço de venda para conseqüentemente reduzir os impostos a serem pagos no Brasil. Uma delas é a Global Business, do Canadá, chefiada pelo brasileiro Eduardo Sayegh, que estava em São Paulo, onde foi preso. A outra é a americana E&R Logos Companie Inc., cujo proprietário é Clenilson de Farias Dantas. A PF ainda não explicou se há mandado de prisão contra ele.
Também foram presos no ES a contadora Aldeni Avelar Portela Silva, da Zip Assessoria Contábil, que cuidava das fraudes na contabilidade da importadora de veículos Tag, de propriedade da família Scopel; Jorge de Oliveira, corretor de valores, que fazia as remessas ilegais de numerário para o exterior; Aguilar de Jesus Bourguignow, uma espécie de gerente da empresa, assim como Maurenice Gonzaga de Oliveira, Rodolfo Beligo Legnaioli, Alessandro Stockl, proprietário da oficina onde ficavam guardados os carros importados ilegalmente, e Fernando Silva do Couto, um empregado que emprestava o seu nome para lavagem de dinheiro ou de bens adquiridos irregularmente pelo dono da Tag. Há ainda a participação de um brasileiro residente nos EUA que colaborava com a emissão de documentos de exportação de veículos subfaturados.
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