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Dor e tristeza marcam os desabrigados

Data da notícia: 01/03/2014
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(Por Josias Brito) A equipe de reportagem do Jornal Correio Popular irá mostrar nesta reportagem especial a situação das mais de 90 famílias que foram desabrigadas pela cheia dos rios Machado e Urupá. Nesta edição, será contada histórias de pessoas que perderam tudo que tinham. Sua casa, suas roupas, alimentos e eletrodomésticos. Pessoas que mesmo no momento difícil, acharam força para consolar e ajudar o próximo.

[IMG]http://www.correiopopular.net/LKN/Minhas Imagens/20140301-221.jpg[/IMG]Mostraremos a situação das famílias no abrigo municipal, o trabalho da SEMAS (Secretaria Municipal de Assistência Social), que tem atuado incansavelmente para atender as famílias desabrigadas, a atuação do prefeito Jesualdo Pires, que tem acompanhado pessoalmente o atendimento, as medidas que deverão ser tomadas para evitar que estas pessoas voltem a sofrer com novas enchentes e a atuação de equipes voluntárias que tem ajudado as famílias com doações de alimentos, remédios, roupas e colchões. As matérias levarão o leitor a refletir sobre a dor e a tristeza que essas pessoas que perderam tudo têm passado com a enchente em Ji-Paraná.









[B]Família perde tudo em enchente[/B]


[IMG]http://www.correiopopular.net/LKN/Minhas Imagens/20140301-222.jpg[/IMG] (Josias Brito) Marlene de Campos, que tem um filho de oito anos e o marido acometido de leucemia em um colchão de solteiro no Ginásio de Esportes Gerivaldão, quase não consegue falar quando começou a lembrar da recente tragédia. Sua família perdeu tudo o que tinha. ?Está tudo debaixo da água. Meu marido e meu filho, não conseguiram tirar as nossas coisas antes da chegada da enchente, tivemos que esperar o socorro de barco, mas mesmos assim eles só saíram com ajuda de vizinhos?, narra a ribeirinha.

Muito abatida, pois além da ter sua casa invadida pelas cheias dos rios Machado e Urupá e ter perdido tudo que tinha, Marlene ainda é responsável pelo filho menor e o marido enfermo, ela ainda achou força para dizer palavras de apoio aos vizinhos e amigos que fez no abrigo provisório. ?Temos ajudado a limpar o chão do abrigo. Essa noite fiquei muito triste, pois além de todos estes problemas, ainda estamos sem poder fazer comida e preocupada com as coisas que foram levadas pelas águas do rio. Temos que ficar aqui?, frisou.
Durante a entrevista, ela se emocionou ao lembrar que além dos móveis e eletrodomésticos que perdeu, ainda teve parte do material de trabalho levado pela enchente. Ela e seu marido Antônio Caetano, moram no bairro Bela Vista, próximo da central de monitoramento do Rio Machado e trabalham como catadores de material reciclado. ?Não deu tempo de nada, foi muito rápido. Fomos pegos de surpresa e não tivemos tempo de salvar quase nada?, lembrou. Marlene lembra que nesta semana seu esposo iria fazer um sessão para tratamento da doença, mas não pode ir, por causa da enchente.
Vidas que se encontraram no alojamento improvisado. Desde a última terça-feira (25), várias famílias dos bairros Centro, Urupá, São Francisco, Duque de Caxias e Casa Preta se abrigam no local. A quadra se transformou em casa para os desabrigados. A Secretaria de Assistência Social e a Prefeitura, desde a chegada das famílias, vem atendendo os enfermos e prestando toda a assistência no local. Nas ruas do município, a imagem impressiona. São casas alagadas e ruas inteiras tomadas pelas águas dos rios.


[B]Bombeiros alertam que nível do rio voltará a subir[/B]

Mesmo com a diminuição de aproximadamente 10 centímetros no nível dos rios em Ji-Paraná, na manhã de ontem (28), a equipe da Defesa Civil do município e o Corpo de Bombeiros alertam que haverá o aumento no nível das águas do Machado e Urupá. Está deverá ser a segunda vez, em menos de uma semana, que às águas do rios Machados e Urupá deverá subir. A Defesa Civil, que vem monitorando os níveis dos rios nos municípios de Pimenta Bueno, Cacoal, Rolim de Moura, Alvorada do Oeste e Presidente Médici, alerta que houve um aumento no volume das águas do Rio Machado nestas cidades e que a cheia provocará novas inundações nos município.
As informações foi recebida pela secretária de Ação Social, Sônia Reigota, que imediatamente colocou sua equipe em alerta, para atender as próximas famílias que deverão ficar desabrigadas nas próximas horas. Segundo Sônia Reigota, nos últimos dias, houve muitas doações de alimentos, roupas e colchões para as pessoas desabrigadas. Ela destacou que o município conta com 35 famílias hospedadas no abrigo provisório do Ginásio de Esporte Gerivaldão e mais 56 famílias que estão hospedadas em casas de amigos e parentes. ?Todas estas pessoas vem recebendo o acompanhamento da equipe da Semas, que tem feito o cadastro das famílias?, lembrou.

[B]Ji-paranaenses se unem para ajudar atingidos pela enchente [/B]


[IMG]http://www.correiopopular.net/LKN/Minhas Imagens/20140301-223.jpg[/IMG] A enchente tem despertado o lado solidário das pessoas. Além de vários pontos alagados, centenas de pessoas estão sem produtos básicos para o dia a dia. Para contribuir, dezenas de voluntários chegaram da Equipe Coração e estão desde ontem no Ginásio Gerivaldão para ajudar a suprir as necessidades básicas das pessoas. Atualmente no local existem 102 adultos e 72 crianças entre 6 meses à 12 anos.

A Defesa Civil trabalha na cidade com a ajuda do Corpo de Bombeiros para tentar chegar até as casas e retirar as famílias. O voluntário da Equipe Coração, Sérgio Cossuol, valoriza a importância da solidariedade no momento caótico vivido pela cidade. ?Não só eu, mas muitos voluntários têm se dedicado a essa causa. Acho importante ajudarmos em um momento como esse, de tanta dor e destruição?, diz.
Para Sérgio Cossuol, além de suprir as carências básicas, os mantimentos conseguidos podem aliviar um pouco da tristeza sentida por quem foi diretamente afetado pela enchente. ?Estamos ajudando na arrecadação dos alimentos, água e colchões aqui no ginásio e, a partir de hoje, seremos responsáveis na preparação dos alimentos destas pessoas, dando uma folga para a equipe da Semas, que tem trabalhado muito nos últimos dias. Acredito que todos vão conseguir voltar a vida normal. Apesar de ser difícil, nós acreditamos que essa ajuda pode contribuir, de alguma forma, a dar um suporte as pessoas?, comenta.
Além da Equipe Coração, Ji-Paraná está contando com doações de roupa de membros de igrejas Evangélicas do município. Para a secretária de Ação Social, Sônia Reigota, a ação dos voluntários e da população tem sido primordial para atender as famílias. ?O que mais me surpreendeu foi ver jovens nos procurando e querendo saber sobre a situação das famílias e o que precisa para ajudar, voltando logo após com objetos para doação. Com este trabalho, já conseguimos arrecadar mais de quatro mil toneladas de alimentos?, destacou.

DESTRUIÇÃO ? Sônia Reigota disse que as doações, que ainda estão sendo arrecadadas serão doadas as famílias no momento que elas retornarem para suas residências. ?Estamos confeccionando kits que serão doados para as famílias, quando elas retomarem para suas residências?, frisou, destacando que as pessoas estão recebendo alimentações diárias no abrigo, preparadas pela equipe da Semas e voluntários, devido recomendação do MP e do Corpo de Bombeiros, que proibiu que as famílias fizessem seus próprios alimentos devido o risco de um acidente com as botijas de gás.

[B]Vítimas recordam sofrimento[/B]

[IMG]http://www.correiopopular.net/LKN/Minhas Imagens/20140301-224.jpg[/IMG] Maria José do Carmo, dona de casa, relata que desde que mora no bairro São Francisco, já presenciou três enchentes. Entretanto nenhuma tinha sido tão grave quanto esta que deixou a moradia completamente embaixo d?água. A água levou embora praticamente todos os seus pertences. O pouco que se salvou foram alguns móveis como cadeiras, a geladeira e o fogão. Todo o resto, incluindo roupas e alimentos foram para o lixo. A moradora que tem um neto que é especial, lembrou do seu sofrimento ao ser resgatada pela equipe da Defesa Civil. ?Foi muito difícil ver, pela terceira vez, à água invadir minha casa e não poder fazer nada para salvar meus pertences?, relatou emocionada.
José da Silva de Souza e sua esposa Laureci Fernandes da Silva, ambos desempregados devido José ter uma doença genética e não poder sair no sol, moravam em Nova Mamoré, cidade que fica próximo da Capital do estado e foi a primeira a ser tomada pela enchente. Pais de cinco filhos, com idades entre um e nove anos, eles vieram para Ji-Paraná em busca de socorro na casa de parentes, que por infelicidade, também foi atingida pela enchente. A família que perdeu tudo em Nova Mamoré, veio para Ji-Paraná somente com uma peça de roupa e documentos pessoais. ?Para chegarmos aqui, tivemos que pedir carona, pois só conseguimos salvar os documentos, o restante dos objetos foram levados pelas águas?, lembraram. A família que precisa de ajuda vive somente com um salário que José recebe como benefício por causa de sua doença.
A dona de casa Edilene Batista, também teve sua residência invadida pela cheia. Mãe de quatro meninas, sendo que uma delas é doente mental, com necessidades de cuidados diários, vive somente com um salário da previdência e com as pensões das outras três filhas. Edilene acabou perdendo parte dos seus objetos. ?Só não perdi tudo, devido eu ter tido ajuda de amigos e voluntários que retiraram meus pertences antes da casa ser totalmente tomada pelas águas?, lembrou.

[B]Jesualdo lamenta situação dos desabrigados[/B]


[IMG]http://www.correiopopular.net/LKN/Minhas Imagens/20140301-225.jpg[/IMG] O prefeito Jesualdo Pires esteve visitando as famílias que estão alojadas no Gerivaldão e conversou com nossa equipe de reportagem na tarde de ontem (28), afirmando que o município, através de todas as secretarias, vem dando total apoio as famílias desabrigadas. Segundo o prefeito, ele foi conferir em loco as providências que vêm sendo tomadas para atender a população desabrigada, lembrando que a situação é de emergência e que medidas deverão ser tomadas para que estas famílias não voltem a sofrer novamente a perda de seus bens com as cheias. ?Estamos garantindo a construção de novas moradias, através do programa do Governo Federal, Minha Casa, Minha Vida, no município e, com isso, iremos garantir que estas famílias tenham um local digno e longe do risco da enchente, para morarem?, destacou o prefeito.
Jesualdo lembrou que várias famílias já foram procuradas pela equipe da Semas e mostraram interesse em sair das áreas de riscos. ?Através deste programa, onde já contamos com a construção de casas e apartamentos no município, queremos atender estas famílias que encontram-se em situações de risco. Queremos construir em Ji-Paraná três mil unidades para atender a população?, concluiu.

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