Seu Jonas Nepomusceno: 56 anos de Ji-Paraná
> O aposentado já estava na cidade quando a BR-364 chegou ao Estado.
(Samira Lima) Há 31 anos atrás, Ji-Paraná estava apenas começando a traçar seu caminho. Muitos dos responsáveis por sua ascensão já não se encontram mais vivos ou em nosso município, porém um dos mais antigos moradores da cidade ainda reside na mesma casa, a primeira casa de alvenaria de Ji-Paraná, construída há 42 anos: o senhor Jonas Duarte Nepomusceno, soldado da borracha aposentado, concedeu entrevista exclusiva ao CP e contou um pouco de sua vida desde que o território, hoje Ji-Paraná, chamava-se Vila de Rondônia.
O que chama atenção na história de Jonas não é só o tempo de vida em Ji-Paraná. Ele é proprietário de uma mercearia da qual sobrevive desde que o aposentado resolveu sair de Roraima para vir morar na coração de Rondônia. ?Saí do Ceará e fui para Roraima em 1941 tentar ganhar dinheiro como garimpeiro. Não gostei de lá e vim para Ji-Paraná em 1952 tentar a sorte no garimpo daqui, e nunca mais pensei em me mudar de cidade?, relatou.
Nepomusceno disse que trabalhou no garimpo em Ji-Paraná durante 20 anos. ?Quando era verão, a gente usava escafandro para mergulhar no rio. Eu e meus amigos descíamos de 15 a 20 metros atrás de ouro. Na época das chuvas não tinha jeito de trabalhar, o rio subia demais e eu não ganhava quase nada?, salientou. Seu Jonas viu o asfalto chegar à cidade, viu a ponte sobre o rio Machado ser construída e viu a cidade crescendo a cada ano que se passava. Foi buscando um orçamento mais estável que ele decidiu abrir uma mercearia em 1972. Duarte importava mercadorias do Sul do país, mas achava que pagava taxas muito altas, então resolveu diminuir o tamanho de seu comércio. ?Comprava as mercadorias que encontrava aqui em Rondônia mesmo. A variedade era menor, mas ao menos eu não pagava impostos tão caros?, afirmou.
A mercearia de seu Jonas funciona até hoje. Lá, ainda é vendido alguns produtos alimentícios e sua esposa, dona Irene Duarte, 58 anos, trabalha como costureira para ajudar nas despesas. Jonas sobrevive do pequeno rendimento que tem com o comércio, de sua aposentadoria e também possui um sítio com algumas cabeças de gado.
Quando questionado sobre o que acha de Ji-Paraná hoje em dia, Jonas Nepomusceno é enfático. ?Criei meus dois filhos e vivo aqui até hoje, porém acho que a cidade poderia estar muito melhor se tivesse tido melhores administradores?. Duarte sai de Ji-Paraná somente para visitar seu filho mais velho, residente em Cuiabá. ?Levo uma vida tranqüila aqui, nunca mudei nem de minha casa, que é a mesma desde 1966. Eu gosto muito desta cidade e pretendo assistir a muitos aniversários daqui?, finalizou.
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