Correio Popular Notícia




Teve Copa sim!
*Por João Eichbaum Quando a senhora Dilma ouviu de um povo bufão o brado retumbante, começou a ?ter Copa?. Na hora, pálidos e sem graça, ela e o Blatter, da FIFA, perderam a fala. Coube então ao silêncio, constrangido, declarar inaugurado o evento. E se seguiu o hino nacional berrado, chorado e desafinado. O grito do Itaquerão impediu que o Blatter e a Dilma desempenhassem o papel que lhes tinha sido destinado no ?script?. Mas, nada como bons artistas para salvar a moral de uma pátria conspurcada por palavrões. O centroavante Fred, depois de rápido estágio nos estúdios da Globo, estava lá para atrair os aplausos que o distinto público havia negado para Dilma e Blatter. Sem nunca haver contracenado com o coadjuvante, a apresentação saiu melhor do que qualquer ensaio. Foi Fred escorregar dos braços do zagueiro croata e lá estava o árbitro japonês, apontando lépido e faceiro para a marca do pênalti. E aí, minha gente, teve Copa, sim. Ninguém na FIFA é doido de rasgar dinheiro para permitir que o país sede do evento futebolístico internacional seja derrotado na primeira partida. Seria como continuar uma festa de casamento, da qual tenha fugido a noiva, não com o noivo, mas com o vizinho. Então, para desapontamento dos que não queriam Copa, teve Copa, sim. E os ufanistas festejaram de peito estufado, reptando a turma do ?não vai ter Copa?. E graças às traves, o Brasil passou pelo Chile, o patriotismo virou um rio de lágrimas, que desaguou no mar do ?oba, oba?. Foi a Fluoxetina nacional. O humor subiu, a Dilma subiu nas pesquisas. A Copa se tornou sucesso de bilheteria e público. Os estrangeiros, que deixaram a carne de segunda em casa, se lambuzaram com o filé nacional: não tinham vindo para a procissão em Aparecida, mas para a Copa. O evento foi divido entre três parceiros: a FIFA ficou com as exigências da montagem do palco para a apresentação da peça, a seu modo, à sua feição. O cenário, a produção, a direção, a realização, os atores e, principalmente, a bilheteria eram dela. O Brasil ficou com a truculência: botou o exército na rua, atropelou a Constituição no direito de ir e vir, e rasgou o Código do Consumidor, permitindo reserva de mercado e abuso de preços. O contribuinte ficou com a conta. O espetáculo foi envolvente, embriagou o país com delírio patriótico. Mais lágrimas arrancaram os desfalques da seleção do que a morte de inocentes, debaixo do viaduto inacabado e superfaturado pelo PAC da Copa. Alheios à tragédia, os que gostam de circo se aliaram aos que precisam de pão: choraram juntos, vendo o Neymar na maca estilo funerário da FIFA. Mas, aí apareceram os ?Panzer? alemães, aproveitaram o ?chororó? e empurraram a pátria para o inferno, onde, além de choro, tem ranger de dentes. Em seguida vieram os holandeses, que a mandaram para o subsolo das trevas, porque o andar de cima era deles. Teve Copa, sim, com mortes, desabamentos, festas, licitações de fachada, segurança para estrangeiros, e um mar de lágrimas por falta de futebol... brasileiro, é claro. Já que os alemães deram um show. *João Eichbaum é advogado e autor do livro Esse Circo Chamado Justiça. ...


Compartilhe com seus amigos:
 




www.correiopopular.com.br
é uma publicação pertencente à EMPRESA JORNALÍSTICA CP DE RONDÔNIA LTDA
2016 - Todos os direitos reservados
Contatos: redacao@correiopopular.net - comercial@correiopopular.com.br - cpredacao@uol.com.br
Telefone: 69-3421-6853.