EDUARDO CAMPOS E O FUTURO DAS ELEIÃÃES
*Por Rodrigo Augusto Prando
O momento ? a trágica e precoce morte de Eduardo Campos ? reclama, antes de tudo, consternação, tristeza pelo desaparecimento não, apenas, do homem público, mas do marido, pai, amigo. Os principais analistas do cenário polÃtico mantêm a cautela na tentativa de indicar quais serão as consequências para a disputa eleitoral vindoura.
Essa semana, no Jornal Nacional, Campos respondeu perguntas que lhes foram dirigidas, à s vezes de forma dura, com um pouco de nervosismo, talvez pela sua estreia como postulante ao mais alto posto da República. Dias atrás fomos surpreendidos pela queda da aeronave e sua morte, bem como de seus assessores e pilotos. Obviamente, Marina Silva é colocada no centro das especulações. Com o malogro na criação de um novo partido, o Rede Sustentabilidade, Marina filiou-se ao PSB ? Partido Socialista Brasileiro ? em 2013, no qual Campos era o presidente da sigla. A conjugação das duas trajetórias polÃticas ? Campos e Marina ? selada numa aliança e na composição da chapa para disputa presidencial de 2014 gerou surpresa no meio polÃtico. Marina, ambientalista, é detentora de ácidas crÃticas ao agronegócio, por exemplo, e isso, inúmeras vezes, foi destacado como uma dificuldade dentro da campanha Campos/Marina.
No entanto, habilidoso no ofÃcio de polÃtico, Campos conseguiu, em parte, vencer a resistência ao nome de Marina dentro de seu partido. Marina, por sua vez, encontrou, também, relutância, entre seus correligionários, à filiação ao PSB e como vice de Campos. Ambos, contudo, queriam se colocar como uma ?terceira via?, escapando da polarização PT X PSDB que predomina nas últimas décadas no Brasil. Ainda desconhecido de parte do eleitorado, Campos encontrava-se na terceira colocação na disputa deste ano. Havia ? e penso que há ainda ? o provável segundo turno entre Dilma e Aécio. Como será o comportamento dentro do PSB? Marina será a candidata? O partido terá 10 dias para tomar essa decisão. Creio, e não apenas eu, que ela será a candidata oficial.
Em polÃtica, as paixões, para o bem e para mal, jogam um papel importante e é, realmente, cedo para saber se os prováveis eleitores de Campos migraram para Dilma ou Aécio. Há outra possibilidade caso Marina seja a candidata: o seu crescimento nas próximas pesquisas não só pelo seu capital polÃtico (foram, em 2010, quase 20 milhões de votos), mas uma empatia dos eleitores por conta desta tragédia que a teria guindado à condição de candidata e não mais como vice. Enfim, como dito, inicialmente, são as possÃveis especulações. E, quando se trata de polÃtica, já disseram alhures, o dia seguinte é muito tempo. A tristeza que paira no ar é da ausência de um jovem ator polÃtico que, certamente, desempenharia importante papel em nossa democracia.
*Rodrigo Prando é professor doutor de sociologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
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