Mentes brilhantes
Luiz Gonzaga Bertelli*
Para Galileu Galilei, a matemática era o alfabeto com o qual Deus escreveu o universo. Já Pitágoras dizia que Deus não era matemático, mas a matemática era Deus. Disciplina que costuma causar arrepios em muitos estudantes do ensino fundamental e médio, a matemática ocupa um papel fundamental em nosso cotidiano, como já notavam esses e outros antigos sábios. Sem ela, como seriam construídos os edifícios, os automóveis e os computadores? De que forma se dariam as relações comerciais entre as pessoas? Até mesmo na música, a matemática tem grande influência.
Apesar de sua importância, o Brasil ainda ressente-se de um ensino mais adequado da matéria. Na maioria das pesquisas que apontam a matemática como a disciplina mais temida da escola, as causas estão ligadas às dificuldades didáticas do professor, que detém o conhecimento, mas que não sabe passá-lo de modo que cative os alunos. O resultado traz um impacto profundo, já que atualmente vivemos um apagão de engenheiros ? carreira fundamental para o crescimento econômico e que tem a matemática como base. Enquanto a China forma 800 mil engenheiros por ano, o Brasil está na casa dos 40 mil. E muito disso deve-se a falta de interesse na carreira, pelos jovens ?não gostarem? de matemática.
No entanto, a láurea recebida recentemente pelo brasileiro Arthur Ávila, premiado com na Medalha Fields ? prêmio considerado o Nobel da matemática ? demonstra que temos condições de melhorar a formação dos nossos jovens, já que talentos existem de sobra, bastando apenas lapidá-los.
Apesar da pouca idade, 35 anos, o príncipe das equações, como foi chamado por revistas especializadas, ficou famoso pela capacidade de resolver problemas envolvendo sistemas dinâmicos, o que lhe valeu a primeira homenagem desse tipo para um profissional da América Latina. Ele começou a ganhar gosto pela álgebra aos 13 anos, quando participou da Olimpíada Internacional de Matemática, concurso para alunos dos ensinos fundamental e médio.
Com a medalha recebida no Congresso Internacional de Matemática, na Coréia do Sul, é de se esperar que o exemplo sirva de inspiração para que mais e mais jovens se lancem, sem temor, ao campo da matemática, pois o país precisa de mentes brilhantes numa área tão importante para o nosso desenvolvimento social e econômico.
* Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), da Academia Paulista de História (APH) e diretor da Fiesp.
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