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RIO GUAPORÉ PEDE SOCORRO
Preservação cresce, mas contrabando ameaça tartarugas

Data da notícia: 2015-01-06 12:06:52
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(Da Redação) Com cuidados e técnicas de manejo, o projeto ?Quelônios do Guaporé? começa a alcançar metas. Ambientalistas da Ecovale estimam que a taxa de sobrevivência subiu de menos de 1% para 12 e 15% em média. Esse resultado é animador, observa o ambientalista José Soares Neto,Zeca Lula.
Em 15 anos, apoiada por brasileiros e bolivianos. a Ecovale devolveu à natureza aproximadamente dez milhões de filhotes de tartarugas e tracajás. ?Dependemos de maior estrutura para fiscalizar?, ele se queixa. Contrabandistas conhecem cada entrada e saída no Vale do Guaporé e capturam espécies adultas para vender a R$ 300,00 cada.
A estudante do quinto período de Biologia da Faculdade São Lucas em Porto Velho, Queitiane Johns Santiago não conhecia o projeto, mas participou de todas as etapas da soltura, a partir da remoção dos filhotes dos tanques de incubação para a voadeira, reidratação e soltura na rampa de areia. ?Uma experiência única e que vale pelo aprendizado de todo o curso?, disse.
Segundo Zeca Lula o aumento do percentual conservacionista é o maior indicativo do êxito do, embora ainda não seja possível afirmar que os rios da região estejam repovoados. Ao primeiro barulho de motor da voadeira fogem pelas trilhas dos alagados. O ambientalista lamenta a ausência do poder público nas ações de controle ao desmatamento ilegal e abate de espécies, entre as quais, a tartaruga.
Empreendimentos fixados na região vendem a R$ 40, para turistas, a refeição preparada com carne de tartaruga. O único órgão público que atua na região com estrutura de fiscalização, mas sem poder de polícia, é a Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (Idaron). De acordo com Zeca Lula, isso resulta no avanço de pontos de desmatamento dentro da reserva extrativista e a instalação de empreendimentos irregulares, inclusive a construção de casas.

DESOVA
O acordo de cooperação com a Bolívia, por meio do Parque Departamental do Departamento (Estado) do Beni, foi assinado em 2003, prevendo a cessão de guardas-parque, agentes comunitários e guarnições militares nas ações de controle e fiscalização dos rios e praias que servem de berçário para postura e eclosão dos ovos de tartarugas e tracajás.
Uma espécie de espetáculo que começa em outubro com o fenômeno da desova, seguido da eclosão dos ovos e nascimento dos filhotes, e devolução à natureza no mês de dezembro. Até 2 mil tartarugas chegam a desovam numa só praia do Rio Guaporé e seus afluentes. A falta de espaço é por causa da ameaça dos contrabandistas. As espécies escolhem as praias com maior segurança para desovar. Chegam a ?botar? entre 160 e 180 ovos, cada.
Grandes bancos de areia atraem visitantes e turistas. ?As tartarugas permitem até ser tocadas; chegam a escorrer lágrimas do olhos de tanta dor durante o ato da desova?, explica Zeca Lula. Em 15 anos foram soltos nos rios da região cerca de dez milhões de filhotes de tartarugas e tracajás. O projeto nasceu da necessidade de conscientizar a população local para não consumir carne e ovos de espécies ameaçadas de extinção, nem praticar caça predatória.

RIBEIRINHOS
O projeto ?Quelônios do Guaporé? conquistou a confiança da população ribeirinha, integrada atualmente às coordenações locais de fiscalização e preservação das espécies. ?Tudo indica que estamos apenas no caminho certo, pois outra meta é a geração de emprego e renda para os nativos?, diz o ambientalista.
Jorge Félix Calazans, 57 anos, é um dos 12 ribeirinhos contratados pela Ecovale para atuar como piloto de voadeira na fiscalização das praias. Por falta de recursos, a entidade foi obrigada a reduzir a folha de pagamento de 36 para os 12 atuais empregados.
Calazans garante que acompanha o trabalho da Ecovale desde 2003, quando a entidade assumiu a coordenação do projeto ?Quelônios do Guaporé?, e diz gostar muito do trabalho que realiza. Quando a reportagem perguntou o que é um dia triste para ele, a resposta foi objetiva: ?quando se perde covas de ovos com a cheia do rio?.

CROCODILOS
O jacaré-açu chamado Negão mora há 14 anos próximo ao tapete de algas aquáticas que circundam a pequena ilha onde foi construída a sede da Ecovale. Em poucos minutos, ele atende aos chamados de Zeca Lula. Outros dois crocodilos, Chicão e Felipão desfilam nas imediações do porto, num espetáculo diferente dos protagonistas ferozes de filmes que se tornaram recordes de bilheteria no mundo.
Chamam tanto a atenção dos visitantes que raramente alguém sai da Ecovale sem uma foto ou um vídeo dos três. Felipão, o menos dócil, fica agressivo com Negão e Chicão, quando algum visitante joga n?água iscas de carne. Entregues por órgãos ambientais à Ecovale, as antas (tapir) Bernadão e Liza vêm se readptando à região e também se tornaram atrações. Saem pela manhã para a mata próxima e retornam no final do dia para dormir.
Bernardão, com três anos de idade chega a passear pela varanda da sede da entidade, e há pouco tempo ganhou a companhia de Liza, de um ano e seis meses de idade. A Distribuidora Coimbra anunciou no dia 28 de dezembro de 2014 o aumento de 100% da quota de apoio. Segundo Zeca Lula,normalmente quando o empresário ou qualquer outro visitante visita a entidade e conhece mais o projeto, também adere à causa.
A Ecovale recebe ainda apoio da Noma do Brasil, fabricante de carrocerias para veículos; da Noma Motors, ambas de Maringá (noroeste do Estado do Paraná); do Centro Universitário Unicesumar e da Concessionária Mitsubishi de Veículos LF, em 2013. O Governo de Rondônia doou uma lancha voadeira para às atividades de fiscalização.
O deputado estadual José Eurípedes Lebrão defendeu a formação de parceria entre empresários e políticos para defender os verdadeiros interesses da Amazônia, especialmente o projeto de manejo de quelônios. Com informações de Abdoral Cardoso ? Assessoria.

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