Sem mortes, sem guerrilha e com fome
Uma matéria realizada no local onde teria acontecido um massacre de pelo menos 20 sem-terra, e veiculada pelo Programa Você na TV, apresentado pelo Jornalista Edivaldo Gomes, constatou que, apesar do tiroteio, não houve mortes. Anunciado como guerrilheiro, o grupo mostrou uma realidade bem diferente, pessoas simples, humildes, humilhadas e amedrontadas.
Tido como o mais violento, até então, o acampamento Catâneo fica no distrito de Rio Branco, a 50 quilômetros de Campo Novo de Rondônia.
Conforme acampados, por volta de sete e meia da manha de quarta-feira, foram atacados por cerca de 30 homens armados, usando capuz e, possivelmente, coletes à prova de bala. Por trás do acampamento, os homens desceram um morro, atirando com armas de calibres diversos.
Crianças, mulheres e idosos tiveram dificuldade para correr. Os sem-terra foram seguidos até a porteira da fazenda, conforme afirmaram.
Um dos acampados, que se identificou como ?Velhinho?, disse que desde as seis e meia da manhã eles viram o grupo através de binóculos, mas achavam que eram policiais. ?Quando a gente viu que não era polícia, que estavam encapuzados, não deu mais tempo. Já desceram atirando?, relatou.
Vizinhos contaram que o tiroteio demorou pelo menos 30 ,minutos.
Quando a equipe de reportagem chegou ao local, na manhã de quinta-feira, encontrou barracos, redes, colchões e outros utensílios todos queimados. As motos pertencentes aos sem-terra foram colocadas ao chão, formando uma barricada.
Moradores disseram que, após o tiroteio, os acampados chegaram a um orelhão das proximidades e tentaram desesperadamente acionar a polícia, mas ninguém atendeu.
Novo acampamento
Expulsos, retornaram para uma área próxima, de onde haviam sido ?espantados? recentemente.
No local, tentavam armar barracas, mas sem as mínimas condições. Já que tudo foi queimado no ataque.
Com dó das crianças, um sitiante doou uma cabeça de gado para servir de alimentos. Outros doaram arroz e feijão.
Diferente do clima de terror que se pregava, a reportagem encontrou um grupo de pessoas simples e sofridas. Formado, inclusive, por crianças, mulheres e idosos. As armas pesadas, divulgadas amplamente, não foram encontradas. Nem dentro do acampamento antigo nem no que se tentavam instalar. No que foi queimado, apenas uma chumbeira velha, comum em região rural.
Advogados dos donos da fazenda afirmam que o ataque não foi por pistoleiros e sim por outro grupo de sem-terra de uma facção diferente, que está nos fundos da área.
Líderes dos sem-terra contestam, afirmando que, após os barracos da entrada, não há outro acampamento.
Mais de 24 horas após as notícias, nenhuma autoridade do Estado havia estado na área para saber o que de fato tinha acontecido. (Colaboração de Edivaldo Souza Gomes)
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