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ASAS CORTADAS
ASAS CORTADAS * Adilson Luiz Certa vez, um amigo contou-me que trabalhava com uma pessoa que era modelo de colega e profissional. Profissionalmente ela era imprescindível; como colega, extremamente agradável! Contingências a colocaram subordinada a ele. Ela merecia reconhecimento e valorização, o que ele oferecia sob forma de liberalidade de horários. Não havia como promovê-la ou remunerá-la melhor dentro da estrutura da empresa onde trabalhava. Um dia, ela, meio sem jeito, entrou em sua sala e disse que tinha recebido um convite irrecusável para trabalhar em outra empresa. Quis saber se ele poderia liberá-la... Meu amigo disse que a única coisa que passou por sua cabeça, naquele momento, foi o que converteu imediatamente em palavras: ?Vai com Deus!?. Afinal, quem era ele para negar-lhe um futuro profissional melhor? Quais os argumentos que tinha para retê-la, já que não poderia retribuir sua competência, sabendo que ela havia encontrado novos e atrativos horizontes? Ela se foi e, segundo ele, fez muita falta. Mas ele nunca lamentou tê-la deixado alçar vôos próprios. Quem sabe ela fosse de um jeito ou de outro. Talvez ela ficasse, se ele pedisse. Mas meu amigo sequer cogitou essa possibilidade. Pássaros que nascem em cativeiro não sabem o que é a liberdade de voar. Ao menos imaginamos assim. Mas cortar as asas de uma ave que nasceu livre, para impedir-lhe o vôo, é de uma crueldade inominável. Não é o mesmo quando existe um merecimento que não se pode retribuir e surge uma oportunidade melhor para que a pessoa se desenvolva e prospere? Porque impedir esse ?vôo?? Nossas fraquezas e limitações nos dão direito de impor limitações aos outros? Nosso egoísmo pode ser tão grande que em nome de nossos sonhos impeçamos os outros de perseguirem e realizarem os seus? Somos tão imensos que os outros só devam viver sob nossa sombra? Ou tão poderosos e perfeitos que devamos ser seguidos, adorados e servidos, queiram ou não? Meu amigo disse que continua a agir da mesma forma, e não se acha um ser humano melhor ou especial em função disso. Disse que prefere ver o vôo dos pássaros a vê-los, limitados, engaiolados. Afirma que, nesse sentido, prefere abrir portas e janelas a criar obstáculos. Ele parece ser daqueles que crêem que, por melhor que sejam as condições do cativeiro, elas nada valem diante do mais simples sonho de liberdade, se é que existe sonho simples. * Adilson Luiz é mestre em Educação, escritor, professor Universitário e compositor. ...


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