Luiz Gonzaga Bertelli*
Acordo em vigência
Depois de muita polêmica, finalmente o Acordo Ortográfico da LÃngua Portuguesa tornou-se obrigatório no Brasil. A partir do dia 1.º deste ano, o trema não existe mais na nossa escrita, assim como os acentos diferenciais e alguns hÃfens. A história do acordo data de 1990, quando as nações da Comunidade de PaÃses de LÃngua Portuguesa (CPLP) assinaram um termo em favor da padronização das regras ortográficas. O acerto foi ratificado pelo Brasil em 2008 e implementado à partir de 2009. A previsão da obrigatoriedade oficial era a entrada em vigor a partir de 2013. Uma enxurrada de crÃticas e polêmicas em torno das modificações, no entanto, ocasionou o adiamento para este ano. Isso não significa, porém, que as pendências foram resolvidas a contento. Até agora apenas três paÃses assinaram o tratado, tornando obrigatórias as mudanças: Portugal, Cabo Verde e Brasil. Ainda resistem à s modificações Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e PrÃncipe, e Timor Leste.
A principal ideia entre os filólogos, principalmente os nossos representantes da Academia Brasileira de Letras (ABL), em especial o professor Evanildo Bechara, Professor Emérito CIEE/Estadão 2008, é que a padronização da lÃngua facilitaria o intercâmbio cultural e cientÃfico entre os paÃses, além de divulgar a literatura em lÃngua portuguesa, sem diferenças de vocábulos. Segundo estatÃsticas do Ministério da Educação, o acordo alterou apenas 0,8% das palavras usadas no Brasil e 1,3% das utilizadas em Portugal. O fato é que se trata de uma modificação muito pequena para tanta polêmica e reclamação dos paÃses-membros.
Alguns linguistas portugueses defendem a ortografia etimológica, aquela que leva em consideração a origem da lÃngua e das palavras, sem se importar com o critério fonético, como o formatado no atual acordo. Mas o grande entrave, principalmente para os escritores que costumam criticar de forma sistemática o acordo, é o medo de ter de reaprender a escrever. Outros linguistas, entretanto, decepcionaram-se com a reforma que, segundo eles, foi muito tÃmida. Isso porque existem muitas variantes para se escrever uma palavra em português, mantendo-se dúvidas clássicas entre s, z, ç, ss, sc, por exemplo. No caso do hÃfen, então, as confusões permanecem.
Para ajudar aos estudantes, o CIEE possui cursos de educação à distância gratuitos que atualizam os jovens sobre as principais mudanças da lÃngua. Em Novo acordo ortográfico ? o que mudou? e Atualização gramatical, os estudantes têm acesso à s novas regras e aprendem sua aplicabilidade no cotidiano. Ao todo são 47 cursos gratuitos à disposição pelo portal CIEE (www.ciee.org.br), com assuntos que buscam preparar o jovem para o mercado de trabalho.
*Luiz Gonzaga Bertelli é presidente do Conselho de Administração do CIEE, do Conselho Diretor do CIEE Nacional e da Academia Paulista de História (APH)....