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IMUNIZAÇÃO
Vacina contra a dengue é testada em Rondônia

Data da notícia: 2016-07-29 19:46:28
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A vacina brasileira contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan está sendo testada em voluntários da cidade de Porto Velho. Cerca de 1,2 mil portovelhenses devem participar do estudo. Logo após essa fase, a vacina será submetida à aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que possa ser produzida em larga escala e disponibilizada para campanhas de imunização em massa na rede pública de saúde em todo o Brasil. Para sanar as dúvidas da população, a equipe de reportagem do jornal Correio Popular mostrará os benefícios da vacina e os problemas apresentados por alguns especialistas na área de saúde que poderão provocar contraindicações na população.

Algumas pessoas já receberam uma dose da vacina teste contra dengue no Centro de Pesquisas em Medicina Tropical de Rondônia (Cepem). Os testes na capital rondoniense começaram na semana passada pelo Instituto Butantan, órgão da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e um dos maiores centros de pesquisa biomédica do mundo, em parceria com o Cepem e a Friocruz Rondônia. Segundo informações do centro, poucas pessoas procuraram o órgão para fazer o teste.

Essa é a última etapa de testes da primeira vacina brasileira contra a dengue. Cerca de 1,2 mil portovelhenses devem participar do estudo. Logo após essa fase, a vacina será submetida à aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que possa ser produzida em larga escala pelo Butantan e disponibilizada para campanhas de imunização em massa na rede pública de saúde em todo o Brasil.

Segundo o professor da Universidade Federal de Rondônia (Unir) e pesquisador Dhélio Batista Pereira, as pessoas que vão tomar a dose da vacina são voluntários e devem ser acompanhados por cinco anos, para se descobrir os efeitos e eficácia da vacina.

?Lembrando que o público alvo agora será dos bairros Lagoa e Lagoinha, por serem mais próximos do Cepem. E são pessoas sadias, já podem até ter tido dengue, mas não estão doentes agora?, diz Dhélio Pereira.

Além de Rondônia, mais dois estados começaram os testes na região Norte. No Amazonas, a Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado conduz os trabalhos em Manaus. E em Roraima, as aplicações acontecem na capital Boa Vista, coordenadas pela Universidade Federal de Roraima. Com isso, os ensaios clínicos estarão em andamento em cinco dos 14 centros de pesquisa credenciados pelo Butantan para a realização dos estudos. Os outros dois são o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, na capital paulista, e a Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, no interior do estado de São Paulo.
No total, os testes vão envolver 17 mil voluntários em 13 cidades nas cinco regiões do Brasil. São convidadas a participar do estudo pessoas saudáveis, que já tiveram ou não dengue em algum momento da vida e que se enquadrem em três faixas etárias: 2 a 6 anos, 7 a 17 anos e 18 a 59 anos.

Vacinas
As vacinas foram desenvolvidas em parceria com os institutos nacionais de Saúde dos Estados Unidos. São produzidas com vírus vivos, mas geneticamente enfraquecidos, pois assim a resposta imunológica tende a ser mais forte. Os vírus presentes na vacina não têm potencial para provocar a dengue.

O Butantan já tem uma fábrica de pequena escala para produzir 500 mil doses da vacina por ano. Com algumas adaptações industriais, essa capacidade pode ser aumentada para até 12 milhões de doses ao ano. Existe um projeto de construção de uma planta de larga escala para produção de 60 milhões de doses ao ano.

Preço
O Ministério da Saúde fixou em R$ 134 o preço de cada dose da Dengvaxia, a primeira vacina contra a dengue, a ser vendida em clínicas privadas do país. O fabricante é a Sanofi e são necessárias três doses para que ela atinja a máxima efetividade.

Conheça as vantagens e os pontos fracos da nova vacina:

1) Como a vacina funciona?
A vacina contra a dengue é uma imunização induzida que protege contra os quatro sorotipos existentes (tipos 1, 2, 3 e 4), por isso, é chamada tetravalente. É produzida com vírus vivo, porém enfraquecido. Como as demais vacinas, ela estimula o sistema imunológico a produzir sua própria proteção (anticorpos) contra os vírus causadores da dengue, após o contato com a doença.

2) Quem pode ser vacinado?
Indicada para indivíduos entre 9 e 45 anos, a vacina será administrada em três doses com intervalos de seis meses. A especialistas garantem que, a partir da primeira dose, o medicamento já ofereça proteção, mas é fundamental receber todas para garantir que a imunização seja duradoura e equilibrada para todos os sorotipos de dengue. Para o infectologista Juvêncio Furtado, a faixa etária restrita é uma limitação. ?O ideal seria se o uso da vacina fosse universal, mesmo porque o mosquito não escolhe quem vai picar. Deveríamos proteger a todos?, afirma.

3) Qual é a eficácia da vacina em pessoas que nunca tiveram dengue? E naquelas que já tiveram a doença?
De acordo com os pesquisadores, a vacina é capaz de reduzir em até 93% os casos de dengue grave, como a forma hemorrágica da doença, e de proteger até 66% dos indivíduos que nunca tiveram contato com o vírus.

4) Onde a vacina pode ser encontrada? Com qual preço?
Disponível em todo território nacional em clínicas particulares, o preço determinado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMed) foi estabelecido entre R$ 132,76 e R$ 138,53. Ele varia de acordo com a tributação em cada estado, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O preço final da vacina nas clínicas pode variar fora dessa faixa. Ainda não há decisão sobre a incorporação da vacina pelo SUS.

Os estados e municípios têm autonomia para comprar a vacina. O Paraná foi o primeiro estado a aderir ao programa de imunização da Sanofi e comprou de cerca de 500 mil vacinas.

5) Seria possível uma interação indesejada, em que os anticorpos contra o vírus da dengue facilitem a ação do vírus zika?
Em maio, a revista americana Nature Immunology divulgou pesquisa que alerta para a possibilidade de a proteção contra o vírus da dengue potencializar a ação do vírus zika no organismo. O artigo sugere que o corpo humano pode produzir alguns tipos de anticorpos contra a dengue que ajudam o zika a se multiplicar. No entanto, os estudos foram feitos em células, em laboratório, e não é possível afirmar que o mesmo aconteceria no corpo humano. Em nota, a fabricante afirmou que após a imunização nenhum dos indivíduos analisados apresentou sinais de dengue ou zika. O mosquito transmissor da dengue também é vetor dos vírus da zika, febre amarela e chikungunya.

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