Correio Popular Notícia

Sobre polÃticos tÃ³xicos e dores de cabeÃ§a
Por Fernando Rizzolo HÃ¡ algumas semanas tenho procurado um tema para escrever e que seria oportuno nessa Ã©poca de OlimpÃadas. Por sinal, jÃ¡ cansei de tantas medalhas de bronze, mas, como o Brasil Ã© um paÃs pobre e o torcedor brasileiro gosta de vaiar os adversÃ¡rios internacionais, acho que merece mesmo a tal medalha de bronze, que tem tudo a ver com o Brasil... bronzeamento, praia, estÃ¡tua de bronze, enfim, um paÃs bronzeado. O meu grande assombro nesse caso, porÃ©m, foi descobrir que a maior ofensa ao brasileiro foi ter ouvido falar mal de um tal de biscoito ?Globo?. Ah! Isso sim, falar mal desse biscoito (ou polvilho) ofendeu o nosso povo, que nÃ£o percebe a disparidade das vaias a um atleta olÃmpico internacional e que ferem a dignidade do esporte (e a nossa). Fiquemos com o biscoito, apesar de tudo, esse sim, a vÃtima. Ao terminarem as OlimpÃadas, outra maratona de jogos comeÃ§a. Iniciam-se as campanhas eleitorais para vereadores e prefeitos pelo paÃs afora. Aqui na minha poltrona, nesta noite de rascunhos, entre um gole de cafÃ© e outro ? e jÃ¡ prevendo uma enxaqueca noturna daquelas ? me antecipo ao tomar o meu velho Dipirona ou, para quem nÃ£o conhece, aquele remedinho de gosto amargo, Ãºtil para amenizar dor de cabeÃ§a e no qual a gente sempre erra a contagem das gotas. Voltemos, entretanto, ao assunto da verdadeira dor de cabeÃ§a: as urnas. A grande questÃ£o nessas eleiÃ§Ãµes sÃ£o o que chamo de ?a volta dos polÃticos tÃ³xicos?. AtÃ© poderia discorrer sobre suas personalidades, se meu humor permitisse, contudo, vamos e venhamos, aturar campanha eleitoral num paÃs como este, recheado de corruptos e de inatingÃveis pela justiÃ§a, sÃ³ com muito Dipirona. Num cenÃ¡rio tÃ£o inspirador, nem iria escrever este mÃªs e sÃ³ decidi fazÃª-lo porque precisava compartilhar esses dois aspectos recentes. Na verdade, queria desabafar: placares olÃmpicos chatos e bronzeados x propaganda polÃtica tÃ³xica se aproximando. Ã demais! A democracia, como dizem, nos chama para elegermos o ?melhor?. Ã possÃvel isso? Termina por ser nossa obrigaÃ§Ã£o perceber quem Ã© menos tÃ³xico. Ã possÃvel isso? Na maioria das vezes, a gente nem sabe mais quem Ã© quem, pois eles mudam de partido, fazem alianÃ§as e, quando percebemos, o tÃ³xico estÃ¡ na sua frente, Ã© seu prefeito, Ã© seu vereador. Quantos problemas temos neste Brasil de dores de cabeÃ§a! Ainda bem que tenho o Dipirona, embora esse remedinho tÃ£o prosaico seja proibido em alguns paÃses, como nos Estados Unidos, por exemplo. JÃ¡ atÃ© tentei, em certa feita, procurÃ¡-lo nas farmÃ¡cias americanas e me informaram que nÃ£o era mais vendido por ser tÃ³xico! Tudo bem, se considerarmos que nem tudo que Ã© tÃ³xico lÃ¡, aqui Ã©. NÃ£o cabe Ã regra, devemos admitir, olimpÃadas bronzeadas e polÃticos manjados, que costumam provocar uma enxaqueca danada e um tremendo mau humor em qualquer povo, talvez pela falta de desintoxicaÃ§Ã£o de toda essa situaÃ§Ã£o. O que me conforta Ã© que temos algo insuperÃ¡vel, o biscoito Globo. Nunca experimentei, mas deve ser bom demais, afinal os cariocas sabem o que Ã© bom... e eu sei o que Ã© bom para dor de cabeÃ§a, embora a origem seja... tÃ³xica. Fernando Rizzolo Ã© Advogado, Jornaliasta e Prof. UniversitÃ¡rio...