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MULHERES E CRIANÇAS PRIMEIRO!
MULHERES E CRIANÇAS PRIMEIRO! * Adilson Luiz Há algum tempo, uma amiga, sem explicar o motivo, perguntou-me à queima roupa: "- Se a sua esposa tivesse que optar entre salvar a sua vida e a de seu filho, qual opção ela escolheria?". Minha resposta foi imediata: - A do meu filho! Ela sorriu e explicou o motivo do teste: Um amigo comum - ao que parece com idéia de aferir o grau de afetividade da companheira - havia feito a mesma pergunta para sua esposa, e, ao ouvir que ela não optaria por ele, ficou profundamente perturbado e frustrado. No íntimo, ele esperava uma resposta que considerasse todo uma história de companheirismo, cumplicidade e amor entre os dois. Confesso que também fiquei surpreso, mas com a atitude e expectativa dele! Primeiro, porque é muito cruel propor esse tipo de questão para uma mãe. Segundo, porque eu nem precisaria perguntar isso para saber a resposta. Terceiro, porque os filhos são trazidos à vida pelos pais; daí, nada mais justo que os pais sejam responsáveis pela preservação dessa vida. Quarto, porque ele estava bem acima do peso, e seria difícil sustentá-lo por muito tempo... Os laços de amor entre um homem e uma mulher podem ser extremamente fortes, mas nunca chegarão sequer perto dos que unem mães e filhos, a começar pelo momento mágico da concepção. Some-se a ele nove meses de coabitação física e espiritual, num mesmo espaço corporal, compartilhando o mesmo alimento. Essa ligação tão íntima não se rompe quando o cordão umbilical é seccionado! Podemos conhecer muito bem a mulher que amamos, mas só um filho pode afirmar que a conhece por dentro! E isso nada tem a ver com o Complexo de Édipo. É algo muito mais próximo do espírito do que da carne! Afinal, se elas já dão a vida para que eles nasçam e tenham vida, o que as impedirá de fazê-lo novamente? Inesperado e frustrante é ver uma mãe mandar um filho à morte ou festejar sua perda, por mais nobre que tenha sido o motivo. Na verdade, diante do inevitável, a mãe morre um pouco com ele... Enquanto o homem pensa no presente, egoísta, a mulher também o faz, mas sem descuidar do futuro. O raciocínio é simples e objetivo: pouco ou nada eu terei para acrescentar à vida, por mais que eu me esforce; mas uma criança terá, ao menos, uma geração pela frente, para tentar. Isso é lógica pura, nos dois sentidos! As mulheres são capazes de amar infinitamente, enquanto nós ainda não aprendemos a lidar direito com isso. Se existe tanto amor disponível por que querer um quinhão maior do que o infinito? Uma gota desse oceano já basta! Sobre meu amigo: O fato dele ficar frustrado não diminuiu seu amor pela esposa. Quem sabe, ao pensar, num primeiro momento, em correr para o colo de sua mãe, ele próprio tenha realizado a tolice de sua pergunta. Hoje, recuperado dessa ilusão de primazia sentimental, seu amor pelos filhos e pela esposa deve ser, seguramente, muito maior. Também deve ter concluído que são amores diferentes, onde não cabem: ciúmes, cobranças, competições ou testes. Pelo contrário, cada um deve aprender a dar o máximo de si, sem exigir retribuição, pois ela vem naturalmente. Isso se chama: família! No mais, se os procedimentos internacionais de salvamento já sentenciam: "Mulheres e crianças primeiro!", quem somos nós para contrariá-los? Além disso, a morte é uma incógnita. É impossível saber quem estará disponível para nos dar a mão! Talvez não seja ninguém conhecido... Talvez sejamos somente nós e Deus... O que vale, portanto, é estarmos de mãos dadas na vida! * Adilson Luiz Gonçalves é mestre em educação. ...


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