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SUPERAÇÃO
Mãe supera depressão com roupas para bonecas

Data da notícia: 2017-03-31 17:32:59
Foto: Pâmela Fernandes
Com o trabalho, Aliete foi convidada para vender as roupinhas em feiras da cidade

(Da Redação) Foi fabricando roupinhas de bonecas que a mãe de um dos 187 passageiros mortos na queda do avião da TAM, em 2007, conseguiu superar a depressão após a tragédia em Congonhas (SP).

Aos 66 anos, Aliete Freitag, diz ter chorado a morte do filho por dois anos, mas ao começar a produzir vestidos encontrou um acalento à dor quando via o sorriso das crianças que ficavam encantadas pelos vestidos.

Morando em Ji-Paraná, a costureira revela já ter feito mais de 1.500 peças de roupas desde 2009. Para chegar nesse ritmo de produção, ela precisou driblar a depressão após a morte do filho, em 2007. Emerson Freitag, na época com 33 anos, estava no voo 3054 da TAM que saiu da pista do aeroporto de Congonhas, atravessou uma avenida e bateu contra um prédio da própria companhia aérea.

Além de 187 passageiros, várias pessoas que estavam no prédio morreram com a explosão da aeronave.

Aliete Freitag relembrou que quando viu o acidente aéreo na TV teve certeza que o filho estava no avião. A partir dali, foram momentos terríveis para toda a família de Emerson.

“Era como se meu filho tivesse vindo me avisar, eu o senti do meu lado. Meus familiares acharam que eu estava fora de mim, eu andava para lá e para cá afirmando que ele estava naquele avião. Depois de algumas horas tivemos a confirmação”, rele emocionada.

DEPRESSÃO APÓS TRAGÉDIA
Por causa da queda do avião, Aliete passou dois anos chorando a morte do filho Emerson. Na época da tragédia, ela tinha em uma loja de roupas de marca e acabou saindo do negócio, ficando ainda mais depressiva. “Eu ficava assim, chorando, sem paz, sem saber o que eu ia fazer. Aí eu disse: meu Deus, mostra-me alguma coisa que eu consiga fazer para tirar um pouco dessa dor e dessa saudade”, contou.

Segundo ela, a resposta das orações veio da máquina de costura, que ela tinha usado poucas vezes na vida. A partir de 2009, Aliete começou a fazer algumas roupinhas de bonecas para crianças.

Na ocasião, ela levava pacotes de vestidinhos para as crianças da igreja em que participa e viu que as meninas estavam gostando do trabalho. Fez uma, mais uma, e cada sorriso no rosto de uma criança era uma motivação para se aperfeiçoar. “Eu comecei a gostar e cada vez que eu faço, eu gosto mais. Você uma criança feliz, não tem preço. Você ganha o dia”, contou.

PRODUÇÃO
Com o desenvolvimento do trabalho, Aliete foi convidada para vender as roupinhas em feiras da cidade. Com oito anos de fabricação, a dona de casa acredita que já produziu mais de 1500 peças de roupas para bonecas.

Para fazer cada modelo, ela explica que demora cerca de 1hora a 1h30. “Cada dia que faz você vai aprendendo. Eu vou à loja, vejo aqueles vestidos bonitos e já penso em como vou fazer. Também tenho uma amiga que me ajuda muito, me dando alguns retalhos”, contou.

Segundo a artesã, ela não segue regra para as roupas. Têm roupinhas para noivas, estampadas, bordadas, com detalhes de renda e toda a produção nasce na hora.

“Eu uso retalhos para fazer. Quando os retalhos são maiores, dá para fazer aqueles ‘vestidões’ longos. Coloco fitas, rendas e outras no acabamento para ficar bonito. Só o tecido não fica legal”, explicou.

Ela sabe que seu maior público é infantil e garante que as roupas são reforçadas para aguentar e duram. A criança pode lavar, tirar, colocar de novo e a roupa não vai acabar assim, com facilidade. “São bemfeitas”, afirmou.

FUTURO
Já na terceira idade, Aliete conta que a saudade do filho nunca vai passar. “Todo ano eu faço um missa para ele. Eu guardo todas as lembranças que ele me trouxe de viagens e as fotos dele estão espalhadas pela casa. Ainda parece que tudo aconteceu hoje, a saudade é muito grande”.

Mas, assim como a saudade que tem do filho, a arte que alegra seu dia vai continuar até o fim da vida.

“Isso é uma coisa que eu quero levar para o resto da minha vida. Não é pelo dinheiro. Às vezes, tem crianças que não podem nem comprar, mas eu as doo. Quero vê-las felizes. Vendo elas feliz, eu sei que vou ser feliz também”, destacou.

EMERSON FREITAG
Emerson Freitag, filho de Aliete, e a mulher dele haviam passado uma semana de férias em Gramado (RS). Se despediram no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, no dia 17 de julho de 2007. Na capital gaúcha, eles seguiram destinos diferentes.
Emerson foi a São Paulo para depois seguir para Minas Gerais, onde tinha compromisso profissional.

Fonte: G1/RO- Pâmela Fernandes e Jonatas Boni.






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