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CYBERATQUE
Mais de 200 mil computadores foram infectados em todo o mundo

Data da notícia: 2017-05-14 12:29:22
Foto: David Chang/EFE/EPA
Ciberataque atingiu sistemas de mais de 100 países

O diretor do Serviço Europeu de Polícia Rob Wainwright afirmou que o ataque cibernético global da sexta-feira (12) afetou mais de 200 mil usuários em 150 países. "Nunca vimos uma coisa parecida", disse Wainwright ao canal britânico ITV. "Segundo as últimas avaliações, mais de 200 mil usuários foram afetados pelo menos em 150 países. Entre as vítimas há muitas empresas, incluindo grandes corporações", disse ele.

O caos cibernético foi causado pela divulgação do vírus WannaCry, um software que "sequestra" os arquivos de um computador para, em seguida, pedir "resgate" aos seus usuários em troca de uma quantia em dinheiro. "No momento, estamos diante de uma ameaça crescente: os números [dos afetados] estão aumentando, nos preocupa que os números possam crescer quando as pessoas forem para o trabalho e ligarem seus computadores na segunda-feira de manhã", disse o diretor da Europol.

Para desenvolver o vírus, os hackers modificaram um programa da Agência de Segurança Nacional dos EUA. Após a infeção, várias grandes empresas, hospitais e agências governamentais têm suas operações parcial ou completamente paralisadas.

Em nota preventiva, a Polícia Nacional da França disse que para os usuários de computadores com o sistema operacional Windows é recomendado "inclusive em ausência de infecção aparente", que se aplique o corretivo Microsoft MS 17-010.

Caso o vírus tenha se introduzido no equipamento - acrescentou -, "é indispensável isolar a máquina infectada desligando-a da rede familiar ou da empresa, o que impedirá toda propagação". Isso pode ser feito desligando o computador, retirando o cabo que o conecta à rede ou desativando o wifi.

Os autores do aviso apontaram que o programa é "particularmente perigoso" por sua forma de se propagar, já que uma vez que entrou em uma máquina, age no conjunto da rede e paralisa todas os equipamentos a partir de uma codificação dos arquivos.

CONTROLADO

O ciberataque que afetou desde sexta-feira mais de 100 países já foi controlado, assegurou neste sábado (13) à Agência EFE Vicente Díaz, analista da empresa russa de segurança cibernética Kaspersky. "Está controlado. O código malicioso que foi utilizado para o ciberataque já foi neutralizado. Na sexta-feira, ele pegou de surpresa muita gente. Mas assim que as empresas entenderam o que estava acontecendo, todo o mundo correu para encontrar uma solução", apontou Díaz.

O especialista acredita que o fato de o ciberataque "quase planetário" ter sido "capa" em todos os meios de informação, fez com que a comunidade internacional levasse muito a sério o ataque e suas consequências. "Foi revelador para muita gente. Em sete ou oito anos não havia ocorrido outro igual", apontou.

Mas Díaz adverte que se as empresas não corrigiram a "vulnerabilidade subjacente" utilizada pelo código malicioso, o ciberataque pode se repetir em qualquer momento. O especialista se disse "surpreso pela virulência, o sucesso desmesurado, a magnitude mundial e a capacidade destrutiva do código utilizado".

Em sua opinião, os autores do ataque buscavam dinheiro, mas "foi em vão", e acredita que em nenhum momento esperavam que "tivesse tal virulência", já que com 5% do ocorrido ontem, já teria sido "um sucesso".

"Mas não acredito que fosse um ataque dirigido, sim massivo. Se o objetivo fosse causar caos, então haveria uma mensagem e não um resgate", apontou.

O especialista em segurança informática acredita que o "efeito de pânico" fez que muitos contribuíssem ao sucesso do ataque e a "incapacitar o sistema" ao optar por desconectar os computadores e mandar os trabalhadores para suas casas.

Sem precedentes

O Serviço Europeu de Polícia (Europol) qualificou de "sem precedentes" o ataque e oferecerá apoio a uma investigação internacional. "O recente ataque tem um nível sem precedentes e requer uma investigação internacional complexa para identificar os culpados", afirmou a Europol neste sábado em um comunicado, no qual anunciou que participará das investigações através do Centro Europeu de Cibercrime (EC3).

A Europol acrescentou que está "trabalhando em estreita colaboração com as unidades de investigação de crimes cibernéticos dos países afetados e os principais parceiros da indústria para mitigar a ameaça e ajudar as vítimas".

O Serviço Europeu de Polícia lembrou que a equipe do EC3 está composta por "investigadores cibernéticos internacionais especializados" e foi "especialmente desenhada para ajudar nessas investigações".

O ataque se propagou através do vírus WanaCrypt0r, um tipo de 'ransomware' que limita ou impede aos usuários o acesso ao computador e seus arquivos e solicita um resgate para eles possam ser acessados de novo.

O resgate é geralmente pago em uma moeda digital, frequentemente o 'bitcoin', o que dificulta seguir o rastro do pagamento e identificar os 'hackers'.

Efeitos

No Brasil, o ataque cibernético atingiu entidades e órgãos de governo em várias cidades. No Rio de Janeiro, o atendimento nas agências do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foi suspenso na sexta-feira (12).

A Justiça da França abriu uma investigação pelos ciberataques a sistemas de computadores no país, e que afetaram em particular a Renault, que decidiu suspender as atividades em algumas unidades de montagem de veículos. Fontes da Justiça francesa disseram neste sábado à Agência EFE que a Procuradoria de Paris formalizou ontem o início dessa investigação por crimes de invasão em sistemas de tratamento automatizado de dados, impor obstáculos ao seu funcionamento, extorsão e tentativa de extorsão.

A maior parte dos centros do sistema de saúde da Inglaterra afetados na sexta-feira recuperou a normalidade, afirmou neste sábado a ministra britânica de Interior, Amber Rudd.

Após presidir em Londres um comitê de emergências para avaliar os efeitos do incidente, Rudd indicou que 48 das 248 localidades do Serviço Nacional de Saúde (NHS England), desde onde são coordenados hospitais e outros serviços médicos como ambulâncias, foram afetadas pelo ataque.

Todos esses centros operativos, salvo seis, recuperaram a atividade habitual 24 horas depois que alguns de seus computadores ficaram bloqueados, segundo a titular de Interior.

Tanto Rudd como a primeira-ministra britânica, a conservadora Theresa May, disseram que o incidente não comprometeu a privacidade dos dados médicos que são armazenados pelo sistema público de saúde em seus computadores.

Fonte: Agência EFE






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