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HISTÓRIA
Exposição no antigo Cassino da Urca marca revitalização do prédio histórico

Data da notícia: 2017-09-10 18:29:45
Foto: Fernando Frazão/Arquivo/Agência Brasil
O prédio do cassino foi construído rm 1932 ao lado da Enseada da Urca

Aberta no sábado (9) a exposição A Invenção da Praia: Cassino, ocupa todo o espaço da sala principal do antigo Cassino da Urca, na Praia da Urca, com intervenções de 12 artistas: Bruno Faria, Caio Reisewitz, Chiara Banfi, Giselle Beiguelman, Katia Maciel, Laercio Redondo, Laura Lima, Lula Buarque de Hollanda, Maria Laet, Mauricio Adinolfi, Nino Cais e Sonia Guggisberg. Localizado no bairro da Urca, zona sul da cidade, o prédio está sendo restaurado, e as intervenções interagem com o aspecto de “ruína” do local.

A curadora, Paula Alzugaray, explica que o conceito da exposição partiu de um desenho da arquiteta Lina Bo Bardi, que projetou prédios icônicos como o Museu de Arte de São Paulo (Masp) e o Sesc Pompéia, ambos na capital paulista, para o projeto Um Museu à Beira do Oceano, que seria construído na Praia de São Vicente, no litoral sul do estado, para abrigar uma coleção de arte brasileira. A obra não foi executada, mas Paula diz que a ideia será posta em prática na Urca.

“O museu de Lina não saiu do papel, mas o edifício que, de 1933 a 1946, abrigou o Cassino da Urca, construído sobre as areias da Praia da Urca, será convertido em um autêntico museu à bBeira do oceano, com trabalhos de 12 artistas brasileiros, pensados e realizados especificamente para o local”, diz a curadora da exposição.

Paula foi responsável por outra mostra com a mesma inspiração, em abril de 2014, no Paço das Artes, em São Paulo. Desta vez, o projeto integra arte, memória, ficção e arqueologia. “Doze artistas foram convidados a escavar o passado, desenterrar mistérios e reescrever as histórias do edifício e de seus personagens, por meio de trabalhos realizados em performance, som, instalação, fotografia, texto e publicação.”

Intervenções

Entre as intervenções que compõem A Invenção da Praia: Cassino, Bruno Faria traz a obra Ao Vivo, com o áudio de um show que Carmen Miranda fez no antigo teatro do Cassino da Urca; Caio Reisewitz traz fotografias feitas nas ruínas do Cassino da Urca e na Praia do Cassino, no Rio Grande do Sul; Giselle Beiguelman reproduziu objetos de moradores do bairro em forminhas de areia. Os participantes do projeto fizeram com essas forminhas esculturas na praia durante a abertura da exposição. Com Alto-Mar, Katia Maciel promoverá sessões de leitura de poemas com essa temática, composto por 26 mulheres.

“Nem Penélopes, nem sereias: poetas mulheres estão reunidas como modo de amplificar a voz feminina na poesia contemporânea brasileira, que vive hoje um momento sem precedentes. As ruínas do cassino colocam as leituras entre a performance e a instalação em que o que é dito implica o lugar no gesto poético. Palco de outros carnavais, os restos de arquitetura abrigam uma atmosfera de passado que se alinha à experiência da tertúlia [reunião com palestra literária]contemporânea”, explica Kátia.

Lula Buarque de Hollanda trouxe a obra Arrastão, que traça um paralelo entre os arrastões nas praias cariocas nos anos 1990 e nos últimos anos e os arrastões de pescadores no Benim, país africano. “O balé coreografado do arrastão das praias do Rio burla a ordem estabelecida, enquanto o outro, em Cotonou [maior cidade do Benim], garante o alimento para as comunidades a partir da natureza", diz o artista. É um trabalho de equipe, feito por coletivos de homens que estão conectados historicamente, convivem no mesmo tempo, mas em estruturas sociais completamente diferentes.

"A ideia da instalação é trazer uma sensação paradisíaca, como se estivéssemos na praia, em um dia esplendoroso de praia de domingo, junto ao sol e à natureza, e perceber a possibilidade de ser arrastado para dentro da rede da violência e terror a qualquer momento. No meio de uma das piores crises da sua história, o Brasil vive um momento de repensar a sua identidade”, acrescenta.

A exposição A Invenção da Praia: Cassino pode ser visitada até o dia 16 deste mês, segunda a sexta-feira das 16h às 22h. Aos sábados, a visitação vai das 12h às 17h, e a entrada é franca.

História

Construído em 1932, o prédio abrigou inicialmente o Hotel Balneário, depois transformado pelo empresário Joaquim Rolla no Cassino da Urca, que funcionou de 1933 a 1946, quando os jogos foram proibidos. Grandes nomes da música popular na década de 40, como a cantora Carmem Miranda, passaram pelo palco do cassino.

Em seguida, o local foi comprado pelos Diários Associados e adaptado para receber os estúdios da TV Tupi, que ficou no local de 1951 até 1980, quando encerrou suas transmissões. Até 1990, o prédio funcionava com escritórios, e foi retomado pela prefeitura. Em 2006 o prédio foi cedido por 50 anos ao Instituto Europeo di Design (IED), com sede em Milão, tendo como contrapartida a reforma do local.

O conjunto é formado por dois prédios interligados por uma passarela. A construção do lado da praia já foi reformada e está ocupada pelo IED. A exposição foi instalada no outro prédio, que já teve as intervenções arquitetônicas da parte interna removidas e vai passar pela restauração dos aspectos originais da fachada, além da modernização para instalação do IED Lab – Centro de Inovação em Design. O antigo teatro abrigará um moderno auditório para múltiplos usos.

O local recebeu no ano passado a peça Fim de Jogo, de Samuel Beckett; em maio deste ano, a exposição Ambientes Infláveis, dos artistas Hugo Richard e Natali Tubenchlak; e em junho, o desfile de fim de curso da quarta turma de Design de Moda do IED.

Fonte: Akemi Nitahara - Agência Brasil






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