Momentos medonhos
Momentos medonhos
* Sandra Silva
O Brasil vive momento medonho! O Congresso Nacional se empanturra de denúncias. Pior do que isso é ver e ouvir os congressistas evitarem dar esclarecimentos compatíveis com o respeito que a sociedade merece. A maioria nesses períodos de turbulência foge da mídia ou lava as mãos imitando Pilatos.
Há uma epidemia de cegueira e surdez: ninguém vê e ninguém ouve. Mas o chicote nas mãos dos algozes faz com que levas marchem ao patíbulo tributário mais cruel que esta nação teve conhecimento. É a nação mais cara em impostos, taxas e juros de que se tem notícia no planeta. Somente a expressão de pensamento ainda não paga tributo e assim mesmo desde que alguém não a leve aos tribunais na busca de indenizações milionárias.
A Corte Suprema do país entregou 1,7 milhões de hectares de terras nacionais a uma população indígena ínfima. Enumerou regras para evitar que as riquezas minerais, vegetais e animais sejam degradadas e exploradas inescrupulosamente, mas serão elas obedecidas em um país onde todos querem levar alguma vantagem de forma ilegal ou abaixo de propina? Tão poucos índios precisavam de tanta terra?
Qual o interesse do príncipe Charles em estar no Brasil justamente no momento em que a Corte Suprema julgava a questão? Coincidência? Nem todos são tolos!
O capitalismo e o socialismo correspondem a dois tipos de sistemas político-econômicos. Antes do declínio da União Soviética o mundo era bipolar com duas grandes nações, uma representando o capitalismo e outra o socialismo, cada qual arregimentando para si outras nações que se identificavam com os respectivos sistemas. Desmantelou-se a capitã do socialismo e a sua oponente enfrenta gravíssima crise que constrange a economia global. O capital e o lucro estão afundando e montanhas de dinheiro surgem para tentar dar oxigênio ao ente moribundo. De onde, de repente, veio tanto dinheiro? São verdadeiras montanhas! Se estiverem emitindo cédulas, o caos foi instalado. Mas, se estava estocado nos tesouros federais, por que se deixou a economia despencar no precipício para depois atirar-se a corda redentora?
Humanos matam com selvageria. Humanos estupram vítimas indefesas. Humanos praticam pedofilia. Humanos traficam e consomem drogas sem qualquer temor. Humanos se sentem impunes e imunes a qualquer repressão. Humanos provocam ódios e raivas. Humanos chafurdam na mediocridade e rancor. Humanos estão absurdamente frustrados. Humanos deixaram de ser humanos para se tornarem objetos na ilusão de que são tudo, quando nada se é e em decomposição fétida encerramos o ato de nossas vidas. Humanos se tornaram desumanos.
* E-mail: sandra.silva@brturbo.com.br
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