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PROFISSÃO: POLÍTICO
PROFISSÃO: POLÍTICO * Sandra Silva Desde a redução do número de vereadores nas câmaras municipais que nunca mais se teve sossego a respeito de dita matéria. De tempos em tempos a discussão ressurge através de algum legislador que contesta o número de vagas em razão do mesmo não atender as necessidades da maioria das comunidades que se vêm privadas de uma representatividade mais eclética, apesar da matéria já ter sido decidida pelo judiciário. É de autoria do deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) que aumenta em 7,3 mil as vagas de vereadores. Votado no Senado com modificação do texto onde os senadores suprimiram a proibição do aumento das despesas, a Mesa Diretora da Câmara Federal recusou-se a assinar o documento com a alteração fazendo jorrar uma ducha de água bem gelada nas pretensões dos milhares de suplentes a vereadores que já contavam com um emprego de pouco esforço e trabalho (na maioria dos casos) e alto salário, sem que para isso tivessem qualquer exigência de qualificação técnica ou graduação. Reconhece-se que há algumas distorções no número de vereadores destinados aos municípios, todavia uma alteração nesse sentido tem de ser bem avaliada, pois a sociedade está atenta na atividade dos legisladores municipais, não tendo opinião lá tão favorável sobre sua atuação em razão dos escândalos que a imprensa investigativa vez por outra estampa em primeira página. O insucesso na aprovação final do Projeto de Emenda Constitucional transformou-se em presente grego aos sequiosos suplentes. Por detrás deste malogro não há dúvida que ocorreu a pressão da sociedade organizada que acompanhou a tramitação do projeto através da imprensa e da mídia. A manifestação foi totalmente desfavorável a acréscimos em custos porque o entendimento é de que o dinheiro repassado aos legislativos em pouco ou nada retorna como benefício à coletividade. Este descrédito da sociedade está intimamente ligado, no mais das vezes, ao desempenho dos próprios parlamentares que ao serem guindados aos cargos parecem esquecer totalmente que ali estão pelo voto dos eleitores desejosos de eficiência e resultados que minimizem as (ainda) grosseiras mazelas sociais existentes. Sirva este episódio para reflexão dos que estão adentrando a quaisquer dos poderes e que fazem do acesso aos cargos políticos apenas um viés para obter vantagem financeira decorrente de polpudos salários, enquanto os trabalhadores brasileiros têm de sobreviver com a miserabilidade do salário mínimo ou outros pisos igualmente insuficientes para garantir a dignidade apregoada pela carta constitucional. Tudo isso sem falar nos privilégios da profissão de político que têm a sua disposição espaços climatizados, assessores, telefones, viaturas e todo o aparato que o exercício contempla. Interessante de analisar é se a cobiça pela elegibilidade tem o objetivo de acrescentar alguma coisa à sociedade ou se trata apenas de condição para obter melhor situação econômica. Determinados exemplos não tão distantes sobre a postura de alguns políticos apenas realimentam um pensamento que já se faz desesperançado nas boas e hígidas intenções, salvo algumas raridades ainda existentes. A política virou profissão. Mas o povo que é o empregador não tem autonomia direta para desconstituir o contrato de trabalho no caso de ineficiência ou improbidade. Pior do que não poder romper o contrato é ficar inerte ante os desatinos que muitos cometem e que acabam prejudicando todo o contexto social. * E-mail: sandra.silva@brturbo.com.br...


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