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NAMOROS DE SEMPRE
NAMOROS DE SEMPRE * Adilson Luiz Outro dia, eu ouvia José Paulo de Andrade, Salomão Ésper e Joelmir Beting desfiarem seu infindável arsenal de finas ironias e comentários contundentes quando, de repente, o assunto passou a ser o Dia dos Namorados... Estou a caminho dos cinquenta anos e eles não são tão mais velhos do que eu; e já fora curioso ter ouvido, meses antes, Salomão, num programa de televisão, que não era o do Faustão, entre uma e outra provocação (essa mania de rima pega, Joelmir!), exaltar as maravilhas do tal comprimido azul. Amor e prazer não devem ter fim! O papo sobre o assunto já parecia concluído, quando Joelmir disse que sua mulher lhe havia feito a maior de todas as declarações de amor: disse que rezava todos os dias, contrita, para que ele ficasse viúvo, pois não saberia viver sem sua companhia. O grande comentarista falou isso sem nenhuma economia de sentimento, em meio a um curto silêncio dos colegas, o que é raríssimo entre os três. Estou casado desde 1990, e confesso que sou uma pessoa difícil, sempre inconformado comigo mesmo e com as limitações que me são impostas, contra as quais luto com todas as forças. A timidez é uma delas, e minha maior vitória, sem dúvida, foi o dia em que pedi para namorar Cecília. Noivamos e nos casamos em um ano e nove meses, mas já fazíamos planos desde os primeiros dias. Collor quase atrapalhou, mas a vontade de estarmos juntos rendia juros e juras bem maiores. Desde então, enfrentamos algumas ?barras?, mas nada, nunca, ameaçou nosso relacionamento, sempre baseado em carinho e sinceridade. Como na música interpretada por Dick Farney, depois de algum tempo o ?somos dois? virou ?somos três?, e ficamos ainda mais próximos. Cecília fica especialmente bonita com vestidos pretos, e eu sempre digo que ela seria uma viúva ?gatíssima?. Talvez eu até ressuscitasse no velório! A resposta, invariavelmente, é uma suave bronca, semelhante à prece da mulher de Joelmir. E eu também não consigo me imaginar sem Cecília! Por ela e Guilherme, meu filho, eu tento ser melhor. Mesmo quando a vontade é de jogar tudo para o alto, eles me dão uma força que talvez eu jamais encontrasse sozinho, e nem quero tentá-lo. Por eles eu ?toreio? meu gênio; e cada segundo em comum faz tudo, tudo valer a pena! A mulher de Joelmir fez-lhe o que ele considerou a maior declaração de amor que alguém pode fazer. Também já recebi e fiz essa declaração. Mas creio que ele também já deve ter ouvido de sua amada outra, como a que Cecília, outro dia, me fez: Ela disse que me amava mais hoje do que quando nos conhecemos. E lá se vão mais de vinte anos desde que saímos juntos, pela primeira vez. E dois dias depois eu já sabia que não faria o menor sentido viver sem ela. Nosso amor é assim: simples. Um amor que faz com que o momento mais desejado do dia seja voltar para casa; amor que não precisa de público e jamais será matéria para jornais sensacionalistas; amor que talvez incomode quem prefere torcer pela infelicidade dos outros, para não se sentir só em seu vazio emocional, ou ter que encarar seus próprios erros. E o egoísmo e o egocentrismo estão entre os principais destruidores de relacionamentos. São algumas das ?pequenas ditaduras? de que José Paulo fala. Nosso amor continua namoro. Tem muita felicidade e um pouco de choro. Vive entre a paz e o êxtase, e só melhora com a idade. Olha a rima aí, de novo. Caríssimo Joelmir, Somos dois caras de muita, muita sorte, com esses nossos ?diamantes?! Também não somos poucos. Podemos não ser a ?maior organização diamantáááária do país? (creio que era o Salomão que anunciava assim), mas somos imensamente ricos e perdulários na ?economia da vida?. Riqueza que se multiplica quanto mais se gasta. Feliz Dia dos Namorados! * Adilson Luiz Gonçalves é Mestre em Educação. ...


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