Ética e moral hibernam na caverna
Ética e moral hibernam na caverna
* Sandra Silva
O governo brasileiro atual tem uma porção de coisas positivas, mas não parece se importar muito com a questão do caráter ético e moral dos gestores e políticos infratores que se estampam nas páginas dos jornais e mídia em geral, evitando manifestar-se fortemente contra esse estado de verdadeira miserabilidade. São tantos os desmandos de locupletação do dinheiro do povo que já não basta a vigília e o repúdio, é preciso agir com maior celeridade e rigor. A sociedade brasileira ? desde o escândalo mensalão ? está enojada de tanto saber do mau uso do dinheiro público. O pior, entretanto, não é a náusea, mas a incapacidade das autoridades de punirem com rapidez a safadeza em decorrência da legislação vigente que oferece recursos de defesa de toda ordem para os que praticam ilicitudes. Parece, grosso modo, que o cometimento de ato lesivo encontra abrigo mais consistente do que a ação de punibilidade. Enfim, tudo parte da Carta Magna, feita com o olhar no passado, ainda que o período dito ditatorial já estivesse sepultado. Segundo se depreende, a Lei da Anistia foi feita para perdoar os crimes políticos. E aqueles outros, como e em qual patamar ficam?
A sociedade parece não se importar muito com certas coisas do passado, tais como furtos de grandes quantias e homicídios pela via do terrorismo. A própria senhora ministra da Casa Civil e o novo ministro do Meio Ambiente são indivíduos que tiveram um passado com ações criminosas para dar continuidade a sua revolução ideológica. A senhora Dilma foi mentora técnica daquele famoso furto de milhões de dólares do cofre do governador Adhemar de Barros e o senhor Carlos Minc provadamente assaltante de bancos, como o Andrade Arnaud, além de ter feito parte do ato contra o patrimônio do senhor Adhemar. Será o furto um simples crime político?
Sob outra visão do que acontece neste gigante que segundo os ingleses está acordando, vive-se um estado de violência muito forte e que contamina a sociedade que passou a viver sob pânico. Prova disso é o aumento de atendimentos nos consultórios de psiquiatras, terapeutas, psicólogos e psicanalistas.
O Estado não consegue oferecer segurança mínima aos cidadãos apesar de cobrar impostos de toda a sorte e que somados a outras cargas tributárias chegam a quase quarenta por cento. Algumas questões nacionais estão à beira do precipício e em caráter urgentíssimo necessitam que esse mesmo Estado diligente altere a direção da viagem. Já se citou a segurança pública em decadência. Some-se a ela a saúde pública. O aumento populacional e o índice de longevidade crescente impõem mais leitos hospitalares e maior número de profissionais para atender a tanta demanda. É preciso construir ou alargar os espaços dos nosocômios.
Por outro lado, ao invés de buscar dentro de si as condições para reconstruir as perdas na área da saúde, o governo trilha o caminho da facilidade tentando criar uma nova ?contribuição? as expensas do povo. E enfeita o problema chamando de Contribuição Social à Saúde ? CSS. Por que o povo tem de fazer economia e o governo não?
Ainda na área da segurança pública, não há outra forma de garantir a vida dos cidadãos dignos senão com a imediata construção de presídios retirando do convívio social os delinqüentes contumazes, e posteriormente reformar as espeluncas já existentes. Diariamente adentram aos cárceres brasileiros um número significativo de indivíduos que cometeram delitos. Para aliviar a tensão, o judiciário vê-se na obrigatoriedade de oferecer liberdade àqueles considerados menos perigosos à sociedade. O problema vira bola de neve porque o detento que sai continua despreparado para a vida em comum, não tem garantia de emprego e precisa se manter. O resultado é um saldo trágico de execuções, estupros, assaltos, roubos e toda a sorte de canalhices que se tem conhecimento. O detento abrigado pela soltura reincide porque só o que sabe fazer é contrariar a moral e o direito. O sistema precisa de transformação imediata, sob pena de ficar mais ridículo do que já está. O difícil em todo este quadro tão nítido para os comuns mortais é compreender porque os governantes não conseguem ter a mesma visão da sociedade enfrentando o desafio da doença com a medicação certa.
* E-mail: sandra.silva@brturbo.com.br
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