PORTUGUÃS INTENSIVO
PORTUGUÃS INTENSIVO
* Adilson Luiz
Dizem que nosso idioma é um dos mais complicados do mundo! De fato, é impressionante o que se consegue fazer com 26 letras, hÃfens, aspas, acentos, pontuações... São milhares de palavras, inflexões, expressões... Ãs vezes, uma mesma palavra ou expressão, ou a posição de uma vÃrgula, ou, ainda, a entonação utilizada pode significar coisas diametralmente opostas! LÃngua bela, mas ambÃgua!
Vivo "apanhando" dela, não nego. Mas me esforço para tentar entendê-la e ser entendido.
Infelizmente, alguns polÃticos parecem ter uma dificuldade muito maior do que a minha. De fato, a compreensão errônea do significado de algumas palavras e expressões, a semelhança entre outras e casos de homofonia parecem estar no cerne de grande parte dos problemas que grassam nos meios polÃticos brasileiros. A diferença é que, nas aulas de redação das escolas qualquer desses erros implica em redução das notas, e não em encher os bolsos dos autores com elas! Vejamos alguns exemplos:
Os filósofos inspirados e os verdadeiros estadistas afirmam que para lidar com a polÃtica é preciso amá-la, mas alguns polÃticos confundem essa conjugação do verbo amar com o substantivo feminino: a mala!
Os verdadeiros religiosos, que amam ao próximo como a si mesmos, afirmam que a fé: protege, completa e enobrece o ser humano, mas alguns polÃticos especialistas no assunto, demonstram entender que o abuso da boa-fé do povo elege, locupleta e enriquece os de má-fé, ou seja, a si próprios. A polÃtica, para eles, é uma mera extensão e suporte de práticas corporativas cheias de "boas intenções", "daquelas" que enchem o inferno.
Os grandes lÃderes espirituais proclamam que os maiores valores estão guardados em nosso Ãntimo, mas alguns polÃticos confundem ego com rego. Talvez por isso guardem o que mais dão valor nas roupas Ãntimas...
São Francisco de Assis, quando afirmou que "à dando que se recebe!", falava em dar o que é próprio e não em dispor do que não é seu: o mandato ou o cargo público, para se apropriar do que é dos outros ou do que deveria ser de todos!
Outros mal-entendidos recorrentes são: "Lavar as mãos" nem sempre é um ato de asseio.
"Molhar a mão", então, é sinônimo de sujeira da grossa!
Entre o "é lÃcito" e o ilÃcito há uma cabal diferença!
Democracia significa "Governo do Povo", e não do demo!
Como visto, tudo leva a crer que alguns de nossos polÃticos e seus financiadores ou clientes, sofrem com o nosso idioma. Talvez por isso prefiram interlocutores externos, ou dialetos próprios. Outros até que falam e escrevem muito bem, mas não dizem nada.
Quem sabe seja uma boa idéia submetê-los a um curso intensivo para que aprendam ou reaprendam o significado exato de certas palavras, principalmente: cidadania, democracia, honestidade, probidade, decência, decoro, honra, ética... Quem sabe, saiam dele conscientes de que o paÃs precisa de uma nova escola de homens públicos, e não de uma nova escória, ávida para se compor com a existente, sucedê-la e até sobrepujá-la. Com alguma sorte, talvez realizem que a real democracia e o futuro do Brasil necessitam de polÃticos que sejam bons filhos da Pátria, e não grandes filhos da... Ops!
* Adilson Luiz Gonçalves é Mestre em Educação.
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