COPA, OLIMPÍADA E IMPOSTOS
* Por Luiz Carlos Amorim
Pois então. Nós, brasileiros, estamos muito felizes porque a Copa do Mundo de 2014 vai ser realizada no Brasil e as Olimpíadas de 2016 também. Para quem mora nos estados onde acontecerá a Copa, será ótimo, pois não será preciso arcar com dispendiosas viagens, serão pagos apenas os ingressos para os jogos. É uma grande oportunidade de ver tudo in loco, torcer pelo Brasil ao vivo e a cores. Para quem é do Rio, é a grande oportunidade de ver as Olimpíadas no local onde elas estão sendo realizadas, para pessoas que de outra maneira nunca poderiam fazer isso. Para quem não mora no Rio, mesmo assim os gastos com o deslocamento até a sede das Olimpíadas não seriam tão altos quanto se o evento fosse realizado em outro país longe daqui.
E para a realização desses megaeventos, os investimentos em urbanismo, mobilidade, hotelaria, segurança, etc., serão enormes. Importante, então, para que obras que até então não sairiam do papel, sejam finalmente realizadas. Sim, há muita coisa que, se o Brasil não fosse sede desses dois acontecimentos mundiais, não seriam levadas a efeito.
Mas ? e não digam que sou pessimista, porque a verdade é essa, estamos no Brasil e os ?políticos? que governam esse país são corruptos, a maioria deles ? não esqueçamos nós, pobres mortais, trabalhadores e eleitores, que quem vai pagar a conta disso tudo somos nós. Não se iludam. Sem contar que muita coisa ficará pela metade, muito dinheiro destinado às melhorias será ?desviado? e muita ?maquiagem? será aplicada a custo de obra pronta. Nós pagaremos a conta, mesmo que nem tudo que porventura seja programado, licitado e pago para ser construído realmente o seja.
O governo brasileiro já anda cogitando de ressuscitar a CPMF, será que seria para subsidiar a saúde ou para cobrar a conta da reestruturação futura das cidades sedes dos megaeventos? Dúvida cruel, não?
Pior, estão tentando criar impostos novos, além daquele, como o imposto para o livro. A matéria sobre o Cide - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, com uma alíquota de 1% sobre o faturamento anual das editoras, distribuidoras e livrarias, que irá encarecer o livro ainda mais, pois a taxa será repassada para o consumidor, está para ser votada.
Aliás, o governo Lula justifica a retomada da proposta de quatro anos atrás, alegando que a receita gerada pela Cide irá para um Fundo Pró-Leitura, que será constituído com objetivos muito nobres, todos embalados numa retórica politicamente correta. Sabemos como esses objetivos serão cumpridos, como já aconteceu com a CPMF, que não teve nenhum centavo aplicado na Saúde, que era o objetivo daquela taxa.
Pois é, tudo para consumir mais dinheiro público, sem garantia nenhuma de que isso reverterá em favor do cidadão comum, que paga a imensa carga de impostos que, por sua vez, se converte na cornucópia de onde os senhores políticos tiram tanto dinheiro para gastar impunemente.
* Luiz Carlos Amorim é Coordenador do Grupo Literário A ILHA em SC, com 29 anos de atividades, publicam as revistas Suplemento Literário A ILHA e Mirandum (Confraria de Quintana), além de mais de 50 livros....