Correio Popular Notícia




Pré-natal evita que bebês contraiam AIDS
(Da Redação) A diferença entre a vida e a morte. Não é exagero, o pré-natal pode ser a diferença entre a vida e a morte dos bebês nascidos de mães soropositivas para o HIV. Isto porque, segundo dados do Ministério da Saúde (MS), a taxa de transmissão vertical (da mãe para o filho) do vírus HIV pode chegar a 20%, ou seja, a cada 100 crianças nascidas de mães infectadas, 20 podem tornar-se HIV positivas. Já com o diagnóstico precoce da gestante infectada, com a administração de drogas anti-retrovirais, o parto cesariano programado e com a suspensão do aleitamento materno este índice de transmissão cai para menos de 1%. Em Ji-Paraná, uma mulher de 32 anos e uma adolescente de 17 passam pela agonia de terem sido diagnosticadas soropositivas recentemente em exames feitos no pré-natal. Adélia, nome fictício para a mulher de 32 anos, moradora da zona rural, descobriu ser portadora do vírus da AIDS no pré-natal realizado na Unidade Básica de Saúde (UBS) Exposição, entre os bairros Nova Brasília e Nossa Senhora de Fátima. Ela teve seu bebê no mês passado, recebeu toda a orientação e medicação fornecida pelo Serviço de Atendimento Especializado (SAE/DST/AIDS) da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), mas ainda vive a dúvida se o filho é ou não soropositivo para o HIV. Isto porque, explica a enfermeira Emiquerle Anez Pinheiro, responsável pelo SAE, a primeira carga viral que pode apontar a presença do vírus no organismo do bebê só pode ser feita a partir dos dois meses de vida. Já Lucia, nome fictício para a jovem de 17 anos, deve dar à luz no próximo mês. Ela passa pelo mesmo processo que passou Adélia, ou seja, está tomando a medicação zidovudina + lamivudina e Kaletra para reduzir a carga viral e tentar evitar o contágio na hora do parto. Além destes medicamentos, a adolescente receberá AZT injetável para ela, a ser administrado três horas antes do parto, AZT xarope para o bebê, leite artificial (uma vez que ela não pode amamentar) e a droga cabergolina, que serve para cessar a produção de leite. Lucia também será encaminhada à Maternidade do Hospital Municipal 15 dias antes do parto para ser consultada por um médico obstetra e agendar o parto cesariano, pois ela não pode ter o bebê em parto normal. De acordo com a enfermeira do SAE, Lucia passa por problemas psicológicos e sequer pode ter o apoio da mãe, que não sabe que a filha é soropositiva. ?Parece que a ?ficha? dela ainda não caiu. Tem feito o tratamento, mas parece desligada, finge não entender os riscos da AIDS. Para piorar, não tem o apoio da mãe, que foi poupada da notícia por ser cardíaca. Três irmãos sabem que ela é soropositiva, mas não ajudam muito. Ela está perdida?, explicou Emiquerle. RISCOS DE INFECÇÃO - Mesmo com todo o cuidado, ainda há a possibilidade dos filhos de Adélia e Lucia serem soropositivos para o HIV, já que a transmissão do vírus pode ocorrer tanto no momento do parto ou durante a amamentação como durante os nove meses de gestação. Porém, segundo estatísticas do MS, 70 a 80% da transmissão do vírus ocorre nas últimas semanas de gestação, durante o trabalho de parto e no parto propriamente dito. Daí a importância do diagnóstico precoce e o tratamento. Em 2004 estimou-se que cerca de 12 mil parturientes estavam infectadas pelo vírus HIV no Brasil. Entre 1983 e 2006 foram notificados 10.846 casos de AIDS em menores de 13 anos por causa da transmissão vertical. Em Ji-Paraná, foram registrados três casos em 2008 e dois casos de gestantes soropositivas este ano. Contudo, é crescente o número de crianças até os 15 anos portadores do vírus HIV, o que pode indicar a contaminação vertical por falta do diagnóstico feito no pré-natal, já que muitas mulheres não fazem o acompanhamento devido. Somente em 2009, 31 novos casos de soropositivos para o HIV foram registrados em Ji-Paraná, somando 190 casos acompanhados pelo SAE/DST/AIDS desde 92, quando o serviço foi implantado no município. Ao todo, seriam quase 400 pessoas acompanhadas pelo SAE se não houvesse transferência de domicílio dos pacientes e, principalmente, caso fosse menor o número de pessoas que acabam perdendo a ?batalha? contra a doença....


Compartilhe com seus amigos:
 




www.correiopopular.com.br
é uma publicação pertencente à EMPRESA JORNALÍSTICA CP DE RONDÔNIA LTDA
2016 - Todos os direitos reservados
Contatos: redacao@correiopopular.net - comercial@correiopopular.com.br - cpredacao@uol.com.br
Telefone: 69-3421-6853.