JuÃza doa indenização a entidades carentes de Rondônia
A juÃza de direito Euma Mendonça Tourinho dividiu uma indenização de R$ 25 mil a várias entidades carentes do Estado de Rondônia. Ela foi alvo de ofensa moral praticada pela advogada Marta de Assis Nogueira Calixto no ano de 2007. Mais de 13 entidades foram beneficiadas com a ação humanitária da juÃza de Cacoal.
A sentença, do processo que tramitou junto à primeira vara da Seção Judiciária de Rondônia, foi assinada pela juÃza federal Carmen Elizangela Dias Moreira de Resende, que condenou Marta Calixto ao pagamento de R$ 12.000,00 (chegando depois a R$ 25.000,00 com correção e honorários advocatÃcios) e a OAB/RO, que funcionou no processo como assistente da parte ré, ao pagamento das custas processuais.
A ofensa moral à juÃza foi praticada quando a advogada Marta Calixto, na qualidade de presidente da subseção da OAB/RO no municÃpio de Jaru, enviou diversos ofÃcios à presidência e à corregedoria do Tribunal de Justiça de Rondônia narrando fatos inverÃdicos e difamatórios contra a magistrada. Em um trecho do ofÃcio injurioso endereçado ao TJ/RO, a advogada escreveu: ?Ressalte-se que sequer aqui passou, apenas determinou via telefone que se redesignassem audiências já agendadas, demonstrando uma completa falta de respeito para com as partes e profissionais do direito?. Numa outra parte do expediente a condenada escreveu: ?a Magistrada que solicitou permuta com o nobre Magistrado Fabiano Pegoraro Franco, terá mais licenças do que dias trabalhados na Comarca de Jaru, pois a previsão é de que fique uma semana em Jaru e duas fora?. A juÃza Euma Tourinho fora removida para a comarca de Jaru e iria começar a trabalhar naquele municÃpio. A crise entre ela e a subseção da OAB/RO local se deu no perÃodo entre a nomeação e a efetiva entrada em exercÃcio da magistrada naquela comarca.
Segundo a sentença, ao noticiar aos órgãos de direção do Tribunal de Justiça o inconformismo dos advogados em face da atenção dada pelo judiciário estadual à Comarca de Jaru, utilizando-se como pretexto preocupação com a redesignação das datas das audiências marcadas e efetivo exercÃcio da judicatura na Comarca, imputou a advogada à magistrada a pecha de má profissional e de faltar com o respeito no trato com as partes e advogados. Para a juÃza Carmen Elizangela, a atitude de Marta Calixto deixou patente a intenção de denegrir a honra e a imagem da juÃza Euma Tourinho perante a comunidade, indo além da preocupação da ré enquanto presidente da subseção da OAB em Jaru em buscar solução para as questões de redesignação de audiências.
INDENIAÃÃO DOADA - Embora tenha ganho a causa, a juÃza Euma Tourinho não quis desfrutar do dinheiro ganho com a ação de indenização e doou o montante para várias pessoas e entidades que praticam filantropia e trabalho social. ?Meu principal escopo era demonstrar para a sociedade que um juiz, promotor, advogado ou qualquer outro cidadão tem um limite, em suas relações de trabalho (forense), que não pode ser ultrapassado; daà porque qualquer valor pago não repararia o sentimento de indignação sofrido. Por esse motivo, doar o valor recebido fez um bem maior a mim mesma e não à queles que o receberam? ? disse ela.
O dinheiro foi destinado a Lindalva da Silva Souza Von Rondon (Cacoal-RO): R$ 1.000,00 (pessoa fÃsica que realiza trabalho voluntário na confecção de enxoval para bebê carente); Oficina do Amor (Cacoal-RO): R$ 1.000,00 (entidade que trabalha com enxoval para bebê carente); Rodolfo Gonçalves (Cacoal-RO): R$ 3.000,00 (professor de dança que realiza trabalho voluntário com crianças do Cernic - Centro de Reabilitação Neurológica Infantil de Cacoal); Associação Clube de Mães dos Setores 04 e 07 (Jaru-RO): R$ 3.000,00 (entidade semi-finalista do Prêmio Itaú Unicef/2009); Centro EspÃrita Bezerra de Menezes (Jaru-RO): R$ 500,00; Centro EspÃrita Seara do Mestre (Cacoal-RO): R$ 850,00; Centro EspÃrita irmão Jacob (Porto Velho-RO): R$ 500,00; Centro EspÃrita Bezerra de Menezes (Porto Velho-RO): R$ 500,00; PatrÃcia D?avila Pimenta (pessoa fÃsica carente que teve o curso de pedagogia quitado): R$ 9.016,00 ; Casa da Acolhida São Camilo (Cacoal-RO): R$ 200,00; Hospital Regional de Cacoal (RO): R$ 1.000,00 ; Associação Fernando Fonseca (Porto Velho-RO): R$ 3.550,00; Prof. Antonio Marques Nunes Vieira (Cacoal-RO): pessoa fÃsica que realiza trabalho voluntário com ensino de judô a alunos carentes: R$ 880,00; e Ação entre amigos (Cacoal-RO): R$ 100,00. A condenação ocorreu em 2007 e a última das seis parcelas da verba de indenização será paga em 14 de abril de 2010.
LIÃÃO JURÃDICO-SOCIAL - A juÃza Euma Tourinho disse que a jurÃdica é que podemos, com as nossas atitudes, arcar com as conseqüências dos nossos atos. ?Todos provavelmente se recordam do perÃodo em que Fernando Henrique, então Presidente da República, chamou os aposentados de "vagabundos" porque pleiteavam aumento do salário-mÃnimo e não mais trabalhavam. Nesse caso, se a pessoa entendesse processar alguém penso que o processo devia, por uma questão de justiça, ser movido contra ele e não contra a União. Assim, quando alguém na sua função extrapola limites da razoabilidade deve ser responsabilizado por isso. Desde pequenos aprendemos com nossos pais que nossos direitos terminam onde começam os dos outros e que não devemos fazer aos outros os que não gostarÃamos que fizessem conosco. Isso não é só legal, é bÃblico, é cristão. Então, a lição jurÃdica acaba se confundindo com a social no sentido de termos limites no trato com as pessoas, independentemente de nossa função?, concluiu Euma Tourinho...