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Nosso ideal
Nosso ideal Nilson Mello* Seguramente um dos melhores profissionais de sua geração, com ampla cultura geral, capacidade analítica e,sobretudo, postura moderada, o repórter William Waack deu uma prova involuntária no último sábado, em seu programa na Globonews, de como nós, jornalistas brasileiros, estamos condicionados a acreditar que o ?bem? como meta política e social está irremediavelmente associado a uma formulação acadêmica e a uma prática partidária de esquerda, socializante. A pergunta que apresentou a seus convidados, três renomados professores da USP, para dar o ponta-pé inicial a um debate que pretendia avaliar as conseqüências da crise institucional, era, em linhas gerais, a seguinte: como substituir o pensamento de esquerda no panorama político nacional com o eventual vácuo a ser deixado pelo PT (partindo-se do pressuposto de que o PT desmoronou)? As respostas não foram ? e nem haveriam de ser ? conclusivas, embora a ninguém tenha ocorrido lembrar o mais importante,ou seja, que a preocupação com valores sociais ? ou com o próximo, para lembrar aqui a ética Cristã inexorável à nossa cultura ocidental ? não é e nem deve ser um monopólio inalienável de legendas marxistas ou socialistas, embora estas tenham todo o interesse em se auto-intitular defensores exclusivos da Justiça e do bem-estar coletivo. Se tivesse a chance de responder deforma objetiva à questão, modestamente diria que o melhor seria que o PT não fosse substituído por qualquer outra legenda de orientação marxista (ou socialista, se preferirem), pois o que vai transformar o Brasil num país desenvolvido não serão as ideologias, mas sim uma postura mais pragmática,racional e produtiva. Ideologia promove conflitos. O que proporciona desenvolvimento é um ambiente legal e institucional estável, com regras claras que possam estimular indivíduos e empresas a trabalhar e empreender, seguros de que não serão tolhidos em seu ímpeto de prosperar ?ímpeto este inerente ao ser humano. O bem-estar social brasileiro, meta que deveria orientar ? e que, de fato, orienta ? todos os cidadãos de boa-fé (e que jamais foi um monopólio exclusivo do PT, a despeito de toda a propaganda explícita e implícita neste sentido), será uma conseqüência natural do desenvolvimento econômico. Os números mostram que a ineficiência brasileira não pode ser atribuída ao setor privado. Pelo contrário, as empresas nacionais vêm ganhando produtividade ano a ano, conquistando um mercado externo cada vez mais competitivo, melhorando seus produtos, aumentando nossas exportações ? e isso tudo em meio a um ambiente jurídico kafkaniano e a gigantescos obstáculos logísticos decorrentes de uma infra-estrutura caótica. Quem não consegue fazer a sua parte é justamente o Poder Público, cada vez mais contaminado pelas ideologias estatizantes com as quais, ao longo das últimas décadas, tentou-se justificar,de forma falaciosa, em pretenso benefício do povo, a cobrança de uma carga tributária descomunal sem que com ela tenhamos conseguido qualquer melhoria efetiva em nossas condições de vida. Assim, a pergunta que sugeriria a Waack que fizesse seria: como fomentar uma cultura política em que o brasileiro possa pensar menos no Estado, no Poder Público, nos ministros, no presidente da República para, finalmente, ter sua atenção focada no seu trabalho, nos seus negócios? Ou, invertendo a ordem, como engendrar um Estado para o qual não precisemos dar tanta trela! ...


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