MPF move duas novas ações de improbidade contra deputados de Rondônia
O Ministério Público Federal em Rondônia (MPF/RO) ajuizou duas novas ações de improbidade administrativa contra a deputada estadual Daniela Santana Amorim (PTB) e uma contra o seu pai, o deputado federal Ernandes Amorim (PTB), o comerciante Osmar Santos Amorim (irmão do deputado), além de empresas do ramo da construção civil e materiais e funcionários públicos. Eles são acusados de direcionamento de licitação na Prefeitura de Ariquemes e desvio de verbas públicas decorrentes de convênios e repasses de verbas federais à administração daquele municÃpio.
As duas novas ações são desdobramento da Operação Rondônia Mamoré, realizada em 2004 pelo MPF, PolÃcia Federal (PF) e Corregedoria Geral da União (CGU). O MPF pediu à Justiça Federal o bloqueio e o sequestro dos bens de todos os acusados, além das sanções previstas na Lei de Improbidade Administrativa e pagamento de danos morais sofridos pela União e pela sociedade.
Operação Rondônia/Mamoré - Ernandes e Daniela Amorim foram eleitos em 2001 como prefeito e vice-prefeita de Ariquemes, respectivamente. Embora tenha renunciado ao cargo em 2002 para se candidatar a governador de Rondônia, Ernandes Amorim continuou, na prática, a comandar a administração municipal. Durante a Operação Rondônia/Mamoré, várias pessoas foram presas por participação em um esquema de fraudes em licitações na prefeitura de Ariquemes. Entre os presos estava Ernandes Amorim. Descobriu-se, na época, que despesas eram fracionadas para que as licitações fossem direcionadas e propiciasse que as empresas integrantes do Grupo Amorim se sagrassem vencedoras, possibilitando a obtenção de lucros ilegais, através do desvio de verbas públicas decorrentes de convênios e repasses de verbas federais.
As investigações detectaram 28 empresas pertencentes ao Grupo Amorim. Elas eram gerenciadas por Osmar Santos Amorim (irmão de Amorim e tio de Daniela).
A organização criminosa utilizava empresas "fantasmas", que não possuÃam regularidade fiscal, movimentação financeira, registro no Crea, nem eram encontradas nos endereços fornecidos.
O grupo também usava pessoas como "laranjas" ou "testas-de-ferro" de Ernandes Amorim, os quais possuÃam patrimônio incompatÃvel com os ganhos auferidos como sócios de construtora civil. As investigações constataram que havia um rodÃzio de empresas na cobertura à s construtoras que sempre venciam a maioria dos certames.
Infra-estrutura - A primeira ação refere-se a um contrato firmado entre a prefeitura de Ariquemes e a União para execução de ações de infra-estrutura e serviços no municÃpio. Dentre as irregularidades constadas, destaca-se o direcionamento de licitação de modo a favorecer interesses particulares em detrimento do interesse público, além da ausência de pesquisa prévia de preços e não formalização do processo administrativo como determina a lei de licitações.
Por estes fatos, o MPF acusa Daniela Santana Amorim, onze funcionários públicos, as empresas Fertisolo Comercial de Máquinas e Equipamentos Ltda. e Agromotores Máquinas e Implementos Ltda., além dos representantes legais das firmas.
Banheiros públicos - A segunda ação refere-se a um convênio firmado pela Prefeitura de Ariquemes com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) para a construção de 210 banheiros. Durante as investigações, foram encontradas uma série de irregularidades no processo licitatório e na execução da obra. I inexistência de divulgação do edital em jornal de grande circulação, não publicação no Diário Oficial de modificações no Edital e inexistência de indicação de recurso próprio para a despesa (exigência constitucional) são algumas das irregularidades. Também foi detectada a emissão de recibos de entrega de Edital sem carimbo das empresas e documentos das participantes apreendidos com membros da comissão de licitação e com representante de outras empresas. A suspeita da CGU é de que as empresas não ganhadoras da licitação apenas foram utilizadas para simular o caráter competitivo da licitação, de forma que a empresa ganhadora já estava pré-determinada.
Nesta ação, os acusados são os deputados Ernandes Santos Amorim e Daniela Santana Amorim (ambos do PTB), Osmar Santos Amorim, Joanilson Ferreira da Silva e Antonival Pereira Amorim ( membros da Comissão de recebimento); as empresas Rangel & Matias Construção Civil e Transporte Ltda., Exata Construções Ltda., Parra Arquitetura e Construção Ltda. e Portal Construções, Comércio e Representação Ltda.
Fonte: MPF...