Um peso, ambíguas medidas
Um peso, ambíguas medidas.
*Thomas Korontai
Sem dúvida nenhuma o peso que o brasileiro tem que carregar é bastante grande. Não bastam os já conhecidos problemas nacionais que se multiplicaram em muitos na vida de cada cidadão ?neste País?, agora tem que carregar a vergonha da representação duvidosa, tanto no Congresso, como no Itamarati. Utilizando o mesmo trocadilho, o Brasil adota dois pesos e duas medidas na diplomacia. Não é preciso repetir os comentários que correm soltos na mídia nacional e internacional sobre o acalorado apoio do presidente brasileiro ao presidente do Irã, um país que atenta contra os direitos humanos de várias maneiras, atenta contra a segurança mundial desafiando a todos quanto ao seu programa nuclear de duvidosa intenção, que se reelege a custa de sangue, fraude e opressão e de outro, se insurge contra os resultados de uma eleição comprovadamente limpa em Honduras.
Essa situação assume proporções catastróficas globalmente, porque o atual ocupante do Planalto se esforçou bastante em promover o Brasil e a sua pessoa pelo mundo, forçando entrada do País até em situações como a do Oriente Médio. A imagem produzida agora ficou muito ofuscada pela ambigüidade demonstrada pelos posicionamentos da equipe atual.
E ambigüidade parece ser uma matéria não exclusiva da referida equipe de governo. É parte da essência nacional dos dias de hoje. É certo que a grave acusação, com provas que dificilmente poderão ser refutadas, feitas ao Governador do Distrito Federal, vai ser muito prejudicial às pretensões da provável aliança DEM-PSDB para as eleições presidenciais de 2010. Mas nunca se deve esquecer que os partidos da base aliada, juntamente com o partido dominante, também tem muito o que prestar contas das dezenas de escândalos, incluindo o atual ocupante do Planalto, ao longo de quase oito anos de governo. Aliás, frise-se que aquele que nada viu e nada sabe quer também que o Povo, que assistiu estarrecido às imagens na televisão, adote a mesma postura, ao declarar que ?as imagens não são conclusivas?. Mais do que as dissonâncias cognitivas provocadas pelos governos através das contínuas ambigüidades, se quer também, através da palavra do mandatário maior, que não se considere o que foi visto.
Sabe-se que os ocupantes do Poder, de qualquer lado que seja, sempre vão utilizar-se dos meios do Estado disponíveis para aniquilar a oposição, e quase sempre tem sucesso nisso, ainda mais na política brasileira, dentro do modelo vigente que dá base a todos os demais modelos subordinados aos Três Poderes e às três esferas de Governo. Ou seja, o centralismo crônico produziu essas doenças que se alastram como metástase pelo corpo-Brasil.
Mesmo assim, não serve de desculpa. Seja quem for que estiver errado, deve ser punido. Não se pode aceitar os mesmos métodos adotados por alguns para chegar ao Poder ? ?os fins justificam os meios? ? pois se assim ocorrer, perde-se toda a credibilidade, a decência, e pureza de qualquer propósito que pretenda por ordem na Casa Brasil.
E juntando os pesos, tanto nas suas diferentes e ambíguas medidas, quanto o que representa moralmente, além do dia a dia da sobrevivência individual da maioria absoluta dos brasileiros, a conclusão é óbvia: a descentralização dos poderes em todos os sentidos permitiria ? ou permitirá um dia ? que importantes decisões nacionais sejam tomadas por um Congresso feito de estadistas, representando de fato e de direito o pensamento da Nação e não de uma meia dúzia com direções ideológicas opostas ao verdadeiro cerne brasileiro. O orgulho deve morar por aqui, tanto pelo que se vive internamente, quanto pelo que realmente representa e apresenta no mundo cada vez mais globalizado, pois os valores de certo e errado sempre permearão as sociedades nacionais em todo o mundo. Não poderia deixar de registrar: Parabéns Honduras! Um país que sabe bem o que quer e deu exemplo de muita determinação, paciência, soberania, autonomia, habilidade e tato. Um show!
* Thomas Korontai é empresário e Presidente Nacional do Partido Federalista.
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