A Cruz e a Estrela
A Cruz e a Estrela
Ivan Postigo *
Depois de bons e intensos anos trabalhando com gesto empresarial eu poderia contar muitas histórias, mas poucos teriam paciência para ouvir. Diz um ditado que quando a gente começa a repetir muito o mesmo fato é sinal que estamos ficando velhos. Vou disfarçando enquanto for possível!
Há um aspecto interessante com o qual eu, você e todos que de alguma forma estão expostos a cargos de chefia já notaram: praticamente todos nós almejamos estar no lugar mais alto do pódio. Essa posição nos dá destaque, visibilidade, importância nos investe de autoridade e proporciona maiores recompensas financeiras. Para quem gosta de exercitar sua parcela de comportamento ditatorial é uma grande oportunidade poder aplicar alguns lemas: ?Manda quem pode, obedece quem tem juízo?. Poderia ser também: ?Eu mando e você obedece?. Tem uma terrível. ?Faça o que eu mando. Você é pago para fazer, não para pensar?.
Apesar da agressividade que vemos nas ruas, me alegra o fato de que as relações de comando nas empresas estão mais leves e os gestores estão mais abertos ao debate. A necessidade de agilidade para tomada de decisões obriga os gestores a serem mais receptivos. A educação para comando e os conceitos de chefia melhoraram muito. Todos esses fatores não impedem que nossa tendência a acomodação e omissão sejam extirpadas de vez com movimentos motivacionais.
Um gestor em posição diretiva e gerencial precisa ter consciência de que quando um problema entra em sua sala tende a ser complexo. Em tese sua equipe já tentou resolve-lo e não conseguiu. Poucos comandados gostam de se expor, quando o procuram é porque precisam realmente de ajuda.
Quero crer que você já se livrou daqueles que não contribuem e tomam seu tempo desnecessariamente e no lugar colocou pessoas interessadas e comprometidas. É verdade que encontramos gestores que não agem por terem uma filosofia particular e classificam os problemas em duas classes: 1) Aqueles que não têm soluções; e, 2) Aqueles que se resolvem sozinhos.
Nas empresas há momentos de maior ou menor pressão Não precisamos necessariamente tratar de uma situação falimentar, podemos considerar o esforço para crescimento, o lançamento de um produto. Fatos positivos também consomem brutalmente nossas energias. Não acredita nisso? Vamos ver então: Numa noite dessas, tratando de um plano para superar um duro concorrente, cansados e movidos a café e biscoitos, alguém solta uma pérola:
- Não sei o que pesa mais, a cruz do anonimato ou a estrela do sucesso.
Do outro lado da mesa vem à resposta: - Se é para ser infeliz, que seja em Paris! Tenha certeza de uma coisa: Na vida você só carregará a estrela cujo peso suportar!
* Economista, Bacharel em contabilidade, pós-graduado em controladoria pela USP.
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