Caramujo vira praga em Ji-Paraná
< O caramujo gigante africano se reproduz principalmente em terreno vazio e com entulho
(Josias Brito) A Achatina Fulica, popular ?Caramujo Gigante Africano? tem invadido casas, prédios e terrenos baldios de Ji-Paraná. A Secretaria Municipal de Saúde, por meio de uma equipe de agentes, vinha realizando trabalhos de prevenção e combate ao molusco, mas no final do ano passado, teve que remanejar quase todo o pessoal de serviço para prestar apoio ao combate da dengue na cidade. O Ministério da Saúde não dispõe de um órgão próprio para combater a invasão destes animais que são de grande perigo para saúde pública. Em Ji-Paraná, medidas vêm sendo tomadas para evitar que a população se contamine com a doença que os caramujos hospedam.
O chefe de Gerenciamento do Programa Esquistossomose, Francisco José da Silva Olanda, disse que a infestação dos moluscos em Ji-Paraná começou no ano de 2002, depois que eles já haviam se proliferado na região Sul do Brasil. ?Os caramujos são moluscos nativos do nordeste da África. Possui alta capacidade reprodutiva e coloca até 1600 ovos por ano, alimentam-se de frutas, verduras, hortaliças e até mesmo de papelão, de plástico e de tinta de parede e até fezes de animais. Além disso, não possui predador natural, o que favorece sua rápida proliferação?, informou.
Segundo Francisco Olanda, os animais são da região muito quente da África e chegando ao Brasil, encontrou um clima tropical, com vasta vegetação, acabou se adaptando. ?Este molusco são capazes de consumirem mais de 500 espécies de folhas na área rural?, salientou.
DOENÇAS TRANSMITIDAS - O caramujo africano pode transmitir uma série de doenças para o homem. Uma destas doenças é a Angiostrongylus costaricensis, agente da angiostrongilose abdominal, doença grave com centenas de casos já reportados no Brasil. Esta doença pode resultar em óbito por perfuração intestinal, peritonite e hemorragia abdominal. Os sintomas são: dor abdominal, febre prolongada, falta de apetite e vômitos.
Outra doença transmitida pelo caramujo é a angiostrongylus cantonensis, agente da angiostrogilíase meningoencenfálica humana ou meningite eosinofilica. Nematóide ainda não encontrado no Brasil, mas já registrado em Cuba.
COMBATE AO ANIMAL ? O chefe de Gerenciamento do Programa Esquistossomose informa ainda que o combate do animal é bastante complicado, já que os caramujos só saem para se alimentam à noite. A captura do caramujo em locais públicos no município está suspensa devido os esforços de combate a dengue. Um dos procedimentos importantes para evitar a proliferação do animal, de acordo com Francisco Olanda, é manter os quintais limpos para evitar que o aparecimento da praga aumente no período chuvoso. ?Os caramujos procuram lugares úmidos para fazer a desova na época da chuva. A proliferação é muito rápida, pois este tipo de molusco se reproduz com facilidade. O contado com a baba desse animal contaminado por algumas verminoses pode levar a morte?, alerta.
Outro item importante garante Francisco, chefe do Programa Esquistossomose, é que a população não jogue sal no molusco. ?Na coleta do caramujo é necessário o uso de luvas para que não entre em contato com a pele. No local da eliminação, colocar cal ao invés de sal, porque o sal danifica o meio ambiente. Deve-se ter cuidado também com a concha para que não vire criadouro do mosquito da dengue?, enfatiza Olanda.
Conforme o agente de saúde, outro meio que vem dando certo em outros estados é o aterro dos caramujos numa cova de aproximadamente 30 a 45 centímetros de fundura. ?Nestas regiões, a população vem fazendo a coleta dos animais e depois abrem um buraco e após quebrar, com um pedaço de madeira, todos os moluscos, coloca-se cal virgem e depois enterram. Assim evitam danos ao meio ambiente?, concluiu.
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