Agricultura ganha força em Alto Alegre
Chega-se a Alto Alegre dos Parecis, no sudoeste da Zona da Mata, por uma estrada que parte de Rolim de Moura e é margeada por suaves colinas, em contraste com a planura de tantas paisagens de Rondônia. Os solos do município, em 80 de cada 100 hectares, têm boa fertilidade. Mas a mata que espia por detrás dos cafezais, o sol inclemente a faiscar sobre seus extensos milharais, entremeados de tomate e feijão, e o calor escaldante derramado por toda parte não deixam dúvidas: Alto Alegre dos Parecis é pura Amazônia ocidental.
O que a faz destacar-se, na pequenez da população de 15. 454 almas (IBGE, 2005), num território que se estende por meros 3 900 quilômetros quadrados, é a força de suas safras: das mais de 200 chácaras que circundam a zona urbana e de todas suas outras propriedades rurais, devem sair 4% do café, 6,5% do milho, 22% de todo o feijão e pelo menos 40% de todo o tomate a serem produzidos este ano em Rondônia.
Nilson Cardoso, 39, toca uma cafeeira e uma cerealista no extremo oeste da cidade desde 1980. A Máquina Rondônia, onde pelo menos 10 homens trabalhavam na estiva na tarde da última sexta-feira, carregando um caminhão após o outro, despachou semana passada duas carretas lotadas de feijão para fora do Estado, e preparava-se para embarcar mais duas até esta segunda-feira. Qual foi o destino das 158 toneladas? Irecê, na Bahia: a capital brasileira do feijão, desta vez, curvou-se aos fatos.
Com a violenta quebra de safra de 2007 - algo em torno de 35 a 40%, segundo a Companhia Nacioinal de Abastecimento (Conab) -, causada pelo atraso nas chuvas no norte de Minas e na própria Bahia, duas das maiores regiões produtoras do Brasil, sobrou para a turma de Alto Alegre: a cidade está cheia de compradores de fora, ansiosos por botar a mão na leguminosa e dela extrair os lucros que o consumidor de todo o Brasil financia.
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