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VÍRUS H1N1: medo é o que mais afasta as pessoas da vacinação
>Para combater a doença, medidas como vacinação em massa e medicamento gratuito vem sendo realizadas pelas secretarias de saúde Reportagem Especial Josias Brito O medo é livre, mas também contagioso. E se há algo mais veloz que um vírus é a propagação do pânico, como aconteceu devido à pandemia pelo vírus da gripe H1N1. O temor da população e algumas epidemias de gripes, não são danos colaterais da doença, mas variantes diversas do medo como fenômeno de massas. Porque enquanto a incidência do vírus parece momentaneamente controlada, na rua não diminui o medo da pandemia. Mas a quê ele obedece? Há algum mecanismo social que semeie e difunda o temor? A reação da população diante da gripe produzida pelo vírus H1N1 oscila entre a apreensão e o terror, entre a preocupação lógica e a hipocondria mais desenfreada. Antes haviam provocado reação parecida a encefalopatia espongiforme bovina (ou ?doença da vaca louca?), a síndrome aguda respiratória aguda grave (Sars na sigla em inglês) ou a gripe aviária. Fenômenos que não podemos controlar, contingências ? fatos que podem ocorrer ou não, como o contágio de um vírus ? ou acontecimentos com padrão de repetição disparam o alarme. Mas quando a situação parece estar sob controle, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e os sistemas de saúde dos países afetados, de onde surge o medo? ?Do contágio da incerteza?, indica o sociólogo Jesús Gutiérrez Brito. ?É como um jogo de espelhos. E a especulação em cadeia que ocorre nas pessoas é uma reação quase instintiva, como em uma discoteca quando alguém grita ?fogo? e todos fogem, mesmo que não tenham visto chamas nem fumaça. Mais que a gripe em si, a preocupação do vizinho me causa preocupação e assim sucessivamente. Isso é mais angustiante e mobiliza mais que a própria doença. É preciso vê-lo também em termos de espetáculo: dar uma bofetada em alguém na rua não é um espetáculo; contemplá-lo, sim?. Para os médicos, o medo tem sido um dos grandes problemas nas campanhas de vacinação que vem acontecendo em todos os municípios do Brasil neste mês. O Ministério da Saúde, para melhor atender a população, dividiu em ciclos a campanha de combate ao vírus H1N1, mas a população com medo, tem evitado procurar um posto de saúde, ou um local de atendimento para se vacinar e prevenir a doença. A diretora da Divisão de Imunização da Semusa (Secretaria Municipal de Saúde de Ji-Paraná), Daniela Cristina Gonçalves Aidar, disse que a procura pela vacina nos postos de saúde tem sido muito pouca. ?Mesmo com a prorrogação da data de vacinação de alguns ciclos, a divisão vem encontrando dificuldade em atender os doentes crônicos e a população de 20 a 29 anos, que não tem comparecido nas unidades de saúde para realizar a vacinação. Segundo ainda os coordenadores da campanha de combate ao vírus H1N1 em Ji-Paraná, várias medidas foram tomadas pelo Ministério da Saúde, como: a vacina grátis a população, o atendimento das clinicas particulares e nesta semana a inclusão de remédios nas farmácias populares e, mesmo assim a população não tem aderido à campanha. Nesta reportagem especial realizada pelo CP, a população irá saber onde procurar a vacina, como adquirir o medicamento nas farmácias populares e quais os meios de combater a doença em casa. Farmácia Popular começa a oferecer remédio contra gripe H1N1 O fosfato de oseltamivir, remédio usado no tratamento da gripe H1N1, começou a ser oferecido gratuitamente na última quinta-feira (15) pelo Programa Farmácia Popular, do Ministério da Saúde. Todas as 530 unidades próprias espalhadas pelo Brasil estão abastecidas com o oseltamivir e prontas para atender à procura de pacientes com sintomas de gripe. Em Ji-Paraná, quatro farmácias particulares que atendem por meio do projeto ?Aqui Tem Farmácia Popular?, ainda não receberam a informação e nem os medicamentos do Ministério da Saúde. No total, serão dois milhões de tratamentos disponíveis à população. Para retirar o oseltamivir, o cidadão deve apresentar a identidade e a prescrição do medicamento emitida por médico da rede pública ou privada. A receita tem validade de cinco dias e ficará retida na unidade do Farmácia Popular. ?A receita é fundamental para evitar a automedicação, a corrida às farmácias e a venda de forma indiscriminada?, justifica o diretor do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, José Miguel do Nascimento Júnior. O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), foi responsável pela produção do medicamento, a partir do princípio ativo que o Ministério da Saúde tinha em estoque. A entrega do oseltamivir para a rede de Farmácia Popular também ficará sob responsabilidade de Farmanguinhos. O laboratório enviará ao Ministério relatórios quinzenais sobre a demanda em cada uma das unidades próprias. A intenção é monitorar a procura pelo remédio e controlar a distribuição dos tratamentos, de acordo com as necessidades locais. ?Não vai faltar remédio para a população. A Farmácia Popular é só mais uma das portas de acesso ao medicamento contra a nova gripe?, ressalta José Miguel Nascimento Júnior. O oseltamivir também pode ser encontrado em postos e hospitais definidos pelas Secretarias de Saúde dos 26 estados e do Distrito Federal. Para 2010, o Ministério da Saúde tem estoque de 21,9 milhões de tratamentos adultos e pediátricos. O gerente administrativo da rede de farmácias Dinâmica em Rondônia, Edemilson Gomes Baltasar, disse que no estado somente a Capital tem a Farmácia Popular que é subsidiada pelo próprio Governo Federal e talvez ela já recebeu os medicamentos. ?A nossa rede presta serviço as prefeitura e MS por meio de contratos e, talvez por isso ainda não recebemos o medicamento?, ressaltou. Segundo Edemilson Baltasar, a rede dispõe somente de dez moléculas com 500 itens de medicamentos, já a Farmácia Popular, tem 40 e uma quantidade enorme de medicamentos disponível à população. ?Não recebemos nenhum comunicado do Ministério da Saúde sobre a disponibilidade do fosfato de oseltamivir em nossa rede, mas estamos esperando, há 3 anos, a chegada de novos medicamentos para atender a população e talvez este remédio esteja incluso nesta nova lista?, concluiu o administrador. INDICAÇÃO ESPECÍFICA ? O medicamento não é indicado para todo e qualquer caso de pessoa com sintoma de gripe. De acordo com as recomendações do Ministério da Saúde, o oseltamivir deve ser utilizado em pacientes com quadro de doença respiratória grave, cujo início dos sintomas tenha ocorrido no período de 48 horas. O antiviral, segundo avaliação médica, também está indicado para tratamento de pacientes com sintomas de gripe que sejam portadores de fatores de risco, como doença crônica e gravidez. Porém, segundo a orientação do fabricante, o laboratório Roche, o medicamento deve ser usado durante a gravidez somente se o benefício justificar o risco potencial para o feto. O Ministério da Saúde alerta que as indicações de uso do medicamento se baseiam na bula do medicamento, conforme seu registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), nas recomendações da Organização Mundial da Saúde e em estudos científicos. Prescrição e dispensação do medicamento fora das recomendações do Ministério ficam sob a responsabilidade conjunta do médico responsável pela prescrição e da autoridade de saúde local. Opiniões Leo Villa Nova Um dos possíveis efeitos secundários da vacina H1N1 é a síndrome de Guillian-Barre, a síndrome que matou e incapacitou centenas de americanos na campanha de vacinação em 1979 com 500 casos confirmados desta síndrome. A vacina foi retirada do mercado 10 dias depois, após vacinarem 48 milhões de pessoas, tendo feito mais vitimas que o vírus H1N1. Esta síndrome ataca diretamente o sistema nervoso causando problemas de respiração, paralisia e até a morte. Esta gripe é comparada à Gripe Espanhola de 1919 que matou mais de 20 milhões de pessoas. A Gripe Espanhola é falada referindo-se ao numero de mortes e não ao numero de contaminados. A percentagem de morte foi de 2,5% o que significa que 97,5% dos contaminados se recuperaram. A atual gripe A tem uma mortalidade de 0,05, o que significa que 99,95% dos contaminados se recuperam. Isto significa que não há necessidade de arriscar os efeitos secundários de uma vacinação. Sabiam que a Gripe Espanhola apareceu nos EUA após um programa de vacinação e que os únicos países não afetados foram os que não usaram essa vacina? Doutora Elina Ribeiro Sou médica e fui "obrigada" a tomar a vacina. Agora na terceira semana após vacinação, eu e meu esposo que também é médico estamos com muita dor muscular generalizada, principalmente dorsal, sem febre. Minha filha, de 16 anos, teve a gripe H1N1 no ano passado, fez uso de Tamiflu e se recuperou bem. Sergio Azevedo Eu tomei a vacina da H1N1 e não me deu nenhuma reação contrária, inclusive minha esposa também tomou, tanto com outras de tétano e febre amarela, ela está melhor do que nunca, e eu também, talvez algumas reações que algumas pessoas tenham como dores no corpo, náuseas, febre-alta e outros, são sintomas de gripe comum, de uma possível gripe que estava encubada e acabou tendo reação contra a vacina da gripe H1N1. Pois essa vacina é idêntica a vacina da gripe comum. Maria Aparecida Souza As dúvidas surgem sim, só que na época que surgiu a vacina para os idosos eu trabalhava na área da saúde, e na época tiveram os mesmos comentários (por se tratar de uma novidade) e desses comentários até hoje nenhum foi comprovado. A vacina H1N1 tem efeitos colaterais sim, como: febre, dor de cabeça, tosse ou até uma gripe leve que não passa de dois dias, mas se passar também é normal. Sem contar que só uma porcentagem baixa terão esses sintomas. Eu mesmo já tomei e senti febre por dois dias, isso depende muito também de como o organismo reage. Agora não vamos colocar a culpa de tudo que acontece na vacina também né. Antônio José de Almeida Fui uma das primeiras pessoas a receber a dose da vacina H1N1, sou profissional da saúde. Não tive reação nenhuma, não brinquem com isso. Reações adversas? Até mesmo em remédios elas existem, mas nem por isso vocês deixam de tomar os medicamentos, reações são raríssimas. Mesmo se der, é melhor ficar uns dias com dor no corpo do que contrair o vírus e ir parar no leito de um hospital! Sinceramente, não correria esse risco de forma alguma! Silvia Alcântara Lembram-se no auge da gripe, como TODOS nós, queríamos, assustados, amedrontados, tomar esta vacina, e tivemos que esperar o tempo necessário, com medo, até que estivesse disponível? E agora, que a temos, esquecemos do que vimos e ouvimos dos mesmos canais de TVs e Rádios, que hoje nos IMPLORAM para que todos se vacinem? O vírus da gripe suína é mais agressivo nos grupos identificados e relacionados na campanha de vacinação. Então, não é melhor prevenir-se do que remediar? Ressalva: Para ela, a vacina é muito importante para toda a comunidade. Eu já tomei e não tive nenhum problema em relação à vacina. Acho que depende do estado da pessoa. Simone Aparecida dos Santos Eu ri muito por certos comentários, foi inevitável. Bem, tomei a vacina nesta semana e até agora nenhum efeito colateral (e olha que tenho alguns problemas de saúde). Ela, que orienta seus amigos a procurarem um posto de saúde para tomarem a vacina, disse que além de não doer nada, ainda é uma das maneiras de combater a doença. Eu, como também toda minha família está aderindo a campanha de combate ao vírus H1N1. Se nós fizermos a nossa parte, a doença não se proliferará no município. João Lourenço O técnico de enfermagem e responsável pelo setor de vacinação do Centro de Saúde Nova Brasília, garante que nos últimos dias a procura pela vacina no local está regular. ?As pessoas tem procurado pouco os centros de saúde para se vacinarem, esperamos que todas as faixas etárias atendam ao chamado e se previnam do vírus H1N1?. Já me imunizei e garanto a população que não existe nenhum risco que vale a saúde deles. ...


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