FALTA ESCOLA: Crianças do Novo Ji-Paraná andam até 6 km para chegarem à aula
> Várias crianças e adolescentes do bairro Novo Ji-Paraná estão longe dos livros.
(Josias Brito) Crianças que andam de três a seis quilômetros por dia para irem à escola, adolescentes que não resistem às dificuldades e abandonam os estudos, mães constantemente preocupadas com o perigoso trajeto percorrido pelos filhos de casa até a sala de aula. A realidade é vivida por moradores do bairro Novo Ji-Paraná. Este bairro foi criado há alguns anos quando centenas de lotes foram invadidos pela comunidade e depois doados pela prefeitura sem nenhuma infraestrutura.
A presidente do bairro Novo Ji-Paraná, Mariana Moreira Gonçalves, disse que o local é uma invasão e foi comprado pelo Governo do Estado e doado a população. ?Desde a compra, fomos informados que o documento definitivo da área seria entregue a Prefeitura do município, mas até o momento este documento ainda não apareceu?, enfatizou.
Segundo a presidente do bairro, uma das únicas estruturas disponíveis na comunidade é a associação de moradores que foi construída com a ajuda de pedreiros do bairro, um prédio que hoje é usado para realização de vários projetos sociais. As crianças do bairro, que sem escolas locais que ofereçam ensino a partir da 5ª série, caminham na contramão de iniciativas que procuram manter crianças e adolescentes o máximo de tempo nas escolas. ?Nas proximidades existem algumas escolas primárias. Uma fica localizada depois da Unir, outra na avenida Monte Castelo e no Presidencial. Todas ficam a uma distância considerável para esses seres frágeis que ainda estão em formação física e motora?, ressaltou Mariana Gonçalves.
Conforme ainda ela, as mães não conseguem carregar as crianças nos braços em tamanha distância o que acaba terminando na desistência dos estudos. ?No Bairro existe um local que foi destinado para construção de uma escola, mas até o momento as autoridades ainda não se prontificaram em atender esta necessidade da população?, desabafou, dizendo ainda que as esperanças começam a sumir à medida que o projeto da construção de uma praça na comunidade é garantida, mas nunca acontece.
População quer escola no lugar da praça
(Josias Brito) Para os moradores do bairro Novo Ji-Paraná, a construção de uma praça no bairro e uma quadra de areia, ajuda na cultura e no lazer da população, mas não na educação das crianças que é de fundamental importância para um ser humano. ?Se fossemos para escolher entre a construção da praça, verba parlamenta do deputado estadual Jesualdo Pires orçada no valor de R$ 150 mil, preferíamos a construção de algumas salas para o estudo de nossos filhos?, disse o desempregado José Carlos do Santos, informando ainda que uma escola no bairro iria beneficiar muito as crianças que, diariamente se deslocam mais de três quilômetros para frequentarem uma sala de aula e as vezes, desanimam em retornarem a escola devido a distância.
Segundo o morador que está desempregado e vive com sua família por meio de ajuda de amigos e parentes e que não tem condições de transportar todos os dias seus dois filhos até a escola e nem pagar uma condução para fazer tal ato. ?Às vezes, sinto que as crianças chegam desanimadas e sem estimulo para retornarem a escola, mas sempre os incentivos pois a educação é tudo na vida de uma pessoa?, ressaltou.
De acordo com a presidente do bairro, Mariana Moreira, a falta de uma iniciativa por parte da administração municipal para construção de uma escola na área para tal fim, pode acabar terminando em uma ocupação pelos sem teto, como já tentou acontecer duas vezes e os moradores não deixaram. ?Acontece que, um dia, os moradores irão se cansar da espera e o bairro irá perder um educandário para seus filhos e a área destinada a tal fim será invadida?, concluiu.
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