Atividades marcam combate ao abuso sexual em Ji-Paraná
>A violência infanto-juvenil tem atingido todo o território nacional e no município, infelizmente não é diferente
(Josias Brito) O CREAS (Centro de Referencias Especializado de Assistência Social), por meio do Serviço de Enfrentamento ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, vem programando diversas atividades que marcarão o 18 de maio ? Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes. As atividades concentram-se na sensibilização da população para denunciarem os atos de violência sexual. Com a iniciativa, o Serviço de Enfrentamento da Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes mobilizará a sociedade no período de 17 a 20 de maio com várias atividades.
Segundo a Assistente Social do CREAS, Yolanda Flores Acerbi, a temática tem como objetivo promover uma maior reflexão na sociedade, buscando a compreensão de que a violência sexual é uma violação à dignidade da pessoa humana. A iniciativa também pretende informar a comunidade sobre o enfrentamento à violência sexual contra criança e adolescente, abordando os tipos dessa violência. Além de suas causas e consequências; a necessidade de um comprometimento por parte da sociedade em geral contra esse fenômeno. "Mesmo com toda a mobilização que sempre realizamos é sempre importante reforçar para que a população se conscientize e denuncie os casos", afirma Yolanda Flores.
O projeto tem a participação da Prefeitura de Ji-Paraná, da Semas (Secretaria Municipal de Assistência Social e do Serviço de Enfrentamento ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes no município.
A programação que será aberta no dia 17, informou Yolanda Flores, inicia com visita aos meios de comunicações do município, onde a Coordenadora do Serviço, Glécia Ranny Alves, estará falando sobre os projetos e distribuindo materiais para divulgação. No dia 18 ? Dia Nacional ? haverá pit stop na BR 364 no Posto da Polícia Rodoviária Federal e visita aos comércios para divulgação e distribuição de materiais. Já no dia 19, a equipe estará novamente nos comércios distribuindo foldes e falando sobre a importância da campanha. Para o encerramento, a coordenação fará um pit stop no semáforo da Avenida Vilagran Cabrita.
SITUAÇÃO ATUAL ? Conforme levantamentos feitos pelo CREAS, a violência sexual infanto-juvenil atinge números significativos de crianças e adolescentes em todo o território Nacional. Em Rondônia, em especifico Ji-Paraná, infelizmente a situação não é diferente. A Assistente Social garante que com a implantação do Serviço de Enfrentamento ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes no município, nota-se ter havido uma considerável denúncia de casos de abuso e exploração sexual infanto-juvenil que foram atendidos pelo Serviço. ?Este aumento é resultado da atuação do Serviço na conscientização da população de Ji-Paraná?, enfatizou.
A data, de acordo com Yolanda Flores, trata para o Serviço desenvolver obrigatoriamente uma grande ação de conscientização e divulgação e que diante da realidade atual e de muitos casos de violência sexual infanto-juvenil, faz-se necessário o enfrentamento a este tipo de violência, sendo a prevenção através da conscientização de um método bastante eficaz.
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Dia Nacional marcado por uma tragédia
(Josias Brito) Para o CREAS o dia 18 de Maio ? Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes, foi marcado por uma grande tragédia. Em plena época de ditadura militar no Brasil. A garotinha de nove anos incompletos, apresenta um bilhete para a professora, assinado por sua mãe, pedindo permissão para sair da classe antes que a aula acabasse. Foi à última vez que a professora e colegas de Araceli a viram com vida.
O dia em que Araceli Cabrera Crespo desapareceu 18 de maio- se transformou no Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Isto aconteceu para lembrar sua morte e martírio: a menina - cujo corpo insepulto ficou três anos na gaveta do Instituto Médico Legal de Vitória, no Espírito Santo- foi drogada, seviciada, espancada, estuprada, morta e desfigurada. Seu corpo, abandonado num matagal. A menina teria sido usada por sua mãe, uma boliviana de nome Lola, para entregar um envelope com drogas a um grupo de viciados de Vitória. Entre a turma de drogados, era conhecida a atração que Paulo Constanteen Helal e Dante Brito Michelin - tidos como líderes do grupo - tinham por menininhas.
Livro denúncia "Araceli, meu amor" é o título do livro do escritor Jose Louzeiro que afirma categoricamente: "Eles morderam e tiraram pedaços da vagina, da barriga e dos peitos da menina. Depois jogaram ácido no corpo para dificultar sua identificação". Várias evidências apontam para os dois acusados que se livraram do corpo da menina de maneira bastante aberta, pois estavam certos de sua impunidade. Impunidade que realmente aconteceu. Filhos de famílias ricas e poderosas no Espírito Santo, os dois jovens são hoje senhores acima de qualquer suspeita. Em 1980, Dante e Paulo foram julgados e condenados, mas a sentença foi anulada. Em novo julgamento realizado em 1991: os réus foram absolvidos. Segundo testemunho de José Louzeiro, o caso produziu treze mortes desde possíveis testemunhas que poderiam complicar a vida dos réus, até de pessoas interessadas em desvendar o mistério da morte da menina. Do caso Araceli, fica a indignação daqueles que não aceitam a violência contra nossas crianças e a impunidade daqueles que a praticaram.
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